Os países retratados neste artigo são as zonas de tensão que estão em maior evidência na América Central. Contudo, além dos focos de tensão apresentados, outras regiões latino-americanas também apresentam quadros de instabilidade interna e externa significativos no contexto do continente.
Para saber mais sobre esses países, confira esse artigo, que o Estratégia Militares preparou para você!
Alguns dos conflitos e focos de tensão criados na América Latina após a Segunda Guerra Mundial contaram com a ingerência dos Estados Unidos da América (EUA) que, além de promover intervenções militares diretas em alguns territórios, contribuiu para a instalação de governos militares alinhados aos seus interesses.
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América Central: Nicarágua
O final da década de 1970 marca a vitória da Revolução Sandinista, comandada pela Frente Sandinista de Libertação Nacional (FSLN). Apoiados por grande parte da população, os sandinistas destituíram o governo ditatorial da família Somoza, que durou mais de 60 anos.
A revolução aconteceu em 1979 e um governo de coalizão foi formado até o ano de 1983. Em 1984, foram realizadas eleições que conferiram a Daniel Ortega, líder da FSLN, o cargo de presidente.
Os EUA consideraram o pleito fraudulento e aplicaram uma série de sanções à Nicarágua, além de apoiarem os opositores ao governo sandinista, o grupo paramilitar de direita denominado “contras”.
O partido sandinista governou até 1990, quando a oposição assumiu o poder, permanecendo no Governo Federal até o ano de 2006. Nas eleições daquele ano, Daniel Ortega retorna à presidência do país e inicia uma política de aliança com o presidente venezuelano Hugo Chávez, que passa a fornecer petróleo a preços subsidiados à Nicarágua.
Essa aliança foi reforçada com a entrada da Nicarágua na Alternativa Bolivariana para os Povos de Nossa América (ALBA), bloco em que Chávez exerce forte liderança. Em 2011, Ortega foi reeleito presidente da Nicarágua.
América Central: Honduras
Durante a década de 1980, Honduras esteve envolvido no conflito da Nicarágua entre os “contras” e os sandinistas. O país permitiu que bases estadunidenses fossem instaladas em seu território para, dessa forma, darem apoio aos “contras” no conflito contra a FSLN.
Essa situação provocou tensões entre os dois países que, além disso, já disputavam a posse pela zona pesqueira do Golfo de Fonseca.
Nos últimos anos, o país esteve envolto em novas crises políticas. Em 1999, o descontentamento dos militares com o governo do Partido Liberal (PL) provocou uma tentativa frustrada de golpe.
Em junho de 2009, uma nova tentativa de golpe foi posta em prática após o então presidente do país, Manuel Zelaya, do PL, propor mudanças na constituição para se reeleger. Ele foi deposto por uma junta militar e deportado para a Costa Rica.
Em setembro, Zelaya voltou à capital, Tegucigalpa, e se refugiou na embaixada brasileira até a realização de novas eleições. O presidente eleito, Porfírio Lobo, autorizou o asilo a Zelaya na República Dominicana.
O resultado das eleições foi condenado pela comunidade internacional, à exceção dos EUA, que demonstraram mais empatia com o novo governo do que com o de Zelaya, que adotou certas medidas de cunho esquerdista, além de buscar alinhamento com a Venezuela.
América Central: El Salvador
El Salvador passou por um período conturbado na década de 1980, atingido por uma guerra civil entre o governo e o grupo guerrilheiro Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional (FMLN) de tendências socialistas.
A FMLN tentou, durante a década de 1980, destituir o governo de Napoleão Duarte, que ascendeu ao poder por meio de um golpe militar em 1979, contudo não foi bem-sucedida em sua tentativa.
Esse período de tensão durou até o início dos anos 1990, quando foi assinado um acordo de paz intermediário pela ONU. Após o armistício, a FMLN tornou-se um partido político, chegando à presidência do país em 2009 com Maurício Funes.
América Central: Panamá
O Panamá está localizado em uma região de caráter estratégico, principalmente em relação aos interesses dos Estados Unidos. Até o início do século XX, o Panamá era parte da Colômbia, mas em 1903, com auxílio dos EUA, o país declarou independência.
A interferência estadunidense ocorreu pelo interesse em utilizar o país como rota marítima para seus produtos. Até então, navios que se deslocavam da costa leste dos EUA em direção à costa oeste, ou que vinham do continente europeu em direção ao asiático, passavam necessariamente pela Patagônia, no extremo sul da América.
Por essa razão, após a independência do Panamá, os EUA adquiriram o direito de construir um canal que ligasse o Oceano Atlântico ao Oceano Pacífico.
Em 1914, foi inaugurado o Canal do Panamá, que, segundo o acordo, ficaria sob o controle estadunidense perpetuamente, desde que pagasse uma anuidade ao país. Assim, um comando militar foi instalado para patrulhar o canal.
Essa condição de controle dos EUA provocou inúmeras situações de tensão no país, principalmente na segunda metade do século XX, com a instauração de ditaduras militares.
Em 1977, o então presidente, General Omar Torrijos, negociou a devolução da posse do canal ao Panamá. Torrijos morreu em um acidente aéreo suspeito e seu lugar foi assumido pelo General Noriega.
Acusado de envolvimento com o tráfico de drogas, Noriega foi capturado e levado para uma prisão na Flórida pelo exército dos EUA, que invadiu o país em 1989, na operação nomeada pelo governo estadunidense de “Causa Justa”.
Em 1999, os Estados Unidos retiraram suas forças armadas do país e devolveram o controle do canal para o Panamá, que responde por aproximadamente 70% do PIB do país e pela passagem de 4% do fluxo do comércio internacional.
América Central: Porto Rico
Porto Rico é um Estado Livre Associado aos Estados Unidos. Oficialmente é considerado um território não incorporado dos Estados Unidos desde o fim da Guerra Hispano-Americana, em 1898. Esse é um termo legal na lei dos Estados Unidos que caracteriza uma área controlada pelo governo, mas que não faz parte do país.
Embora tenha sido concedida aos porto-riquenhos cidadania norte-americana, em 1917, pela Lei Jones Schafroth, eles não podem votar para presidente dos Estados Unidos, por não fazerem parte da união. Atualmente, as políticas porto-riquenhas são ditadas pelo governo dos Estados Unidos.
Em junho de 2011, o Comitê Especial de Descolonização da Organização das Nações Unidas pediu aos Estados Unidos para acelerar o processo do estatuto político de autodeterminação de Porto Rico. Mas essa não é a primeira vez que esse assunto é discutido.
Em 14 de dezembro de 1998, os habitantes de Porto Rico realizaram um plebiscito e decidiram manter o status de Estado Livre Associado, recusando a proposta de se tornarem o 51º estado americano ou a de se tornar totalmente independente.
Em 28 de dezembro de 2011, o governador Luis Fortuño autorizou um novo referendo, que foi realizado em 6 de novembro de 2012.
Com uma taxa de participação de aproximadamente 80% e de uma campanha que contou com carros alegóricos elaborados, música alta e uma atmosfera de carnaval brasileiro, o dia das eleições na ilha ficou semelhante a uma final do Super Bowl de domingo, evento estadunidense que os porto-riquenhos jamais perdem.
Dessa vez, ao contrário do plebiscito de 1998, o povo de Porto Rico optou por fazer parte integral do território dos Estados Unidos como o 51º estado da União.
Apesar de sua área geográfica relativamente pequena e limitada disponibilidade de recursos naturais, o novo estado estadunidense tem uma das economias mais dinâmicas e diversificadas da América Latina. Até meados do século XX, a economia porto-riquenha era liderada pela agricultura, especialmente o cultivo da cana-de-açúcar, abacaxi e banana.
A partir dos anos 80, grandes investimentos em infraestrutura e extensos programas de incentivo conseguiram transformá-la consideravelmente. Desde essa época, têm se estabelecido na ilha, numerosas empresas multinacionais das indústrias farmacêutica, eletrônica, têxtil, petroquímica, e, mais recentemente, de biotecnologia.
O resultado é que Porto Rico possui um dos maiores PIB per capita da América Latina, no valor de 26.588 dólares, em 2011. Além disso, Porto Rico tem a segunda economia mais competitiva entre os Estados Ibero-Americanos, superado apenas pelo Chile, de acordo com o mais recente Fórum Econômico Mundial.
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