Focos de tensão: os conflitos latino-americanos e a política dos países

Focos de tensão: os conflitos latino-americanos e a política dos países

A relação entre países da América Latina sempre apresentou características ambíguas. Confira nesse artigo, que o Estratégia Militares preparou para você, os desdobramentos das relações diplomáticas entre os países latino-americanos.

Se, por um lado, as ideias de Simón Bolívar, de criar uma comunidade pan-americana que agregasse todos os países, sugerem a unidade e a cooperação dos povos da América Latina frente à dominação europeia e estadunidense, por outro, as rivalidades presentes entre os povos dificultavam ainda mais essa unidade.

Há, também, a pressão norte-americana, exercida desde o contexto da política do Big Stick idealizada no início do século XX, que visava preservar o continente americano como área de influência político-econômica dos Estados Unidos. Para que isso ocorresse, uma das estratégias tentadas foi a fragmentação do continente, pois uma região partilhada e desunida tornava-se favorável à dominação.

A política bolivarista na América Latina 

O ideário de Simón Bolívar, nomeado de “bolivarismo”, pode ser considerado uma política alinhada às tendências de esquerda, pois a união dos países visa a cooperação e o desenvolvimento conjunto e igualitário. 

Essa política sempre esteve latente em determinados recortes sociais da América Latina, o que permitiu que os políticos utilizassem essa plataforma bolivariana e se elegessem em seus países, apoiados, também, por certa rejeição ao neoliberalismo e suas consequências socioeconômicas.

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O que é o bolivarianismo?

O bolivarianismo é uma doutrina que prega, em linhas gerais, a união dos países da América Latina e do Caribe, por considerar que existem laços históricos e culturais entre os povos da região e várias razões de ordem política para essa integração.

No entanto, nem todos os governos sul-americanos seguiram a mesma tendência política. Enquanto Nicolás Maduro, sucessor de Hugo Chávez na Venezuela, e Evo Morales, da Bolívia, tinham um discurso de forte ataque aos EUA e seguiam uma linha de esquerda mais radical, Dilma Rousseff, no Brasil, e José Mujica, no Uruguai, adotavam uma postura moderada.

Simón Bolivar na America Latina

Já Juan Manuel Santos, na Colômbia, e principalmente seu antecessor, Álvaro Uribe, demonstravam apoio explícito ao governo estadunidense.

Atualmente, o que se observa na América Latina é um grande aumento na criação de partidos alinhados à ideologia esquerdista. Esse fenômeno é denominado por alguns estudiosos, como a “onda vermelha”

Esse fato pode ser entendido como uma provável resposta ao fracasso social dos sistemas econômicos neoliberais, implantados nesses mesmos países durante a década de 1990, os quais contribuíram para o baixo crescimento econômico e o aumento das desigualdades sociais nos países latino-americanos.

Nos últimos anos, chegaram ao poder presidentes de esquerda ou centro-esquerda em oito países do continente:

-Brasil, Lula, seguido de Dilma Rousseff;

-Argentina, Cristina Kirchner, e, em 2019, Alberto Fernández;

-Equador, Rafael Correa;

-Uruguai, José Mujica;

-Paraguai, ex-presidente Fernando Lugo;

-Nicarágua, Daniel Ortega;

-Venezuela, Hugo Chávez e Nicolás Maduro; e

-Bolívia, Evo Morales, e, em 2020, Luis Arce.

Como os países da América Latina, que adotaram governos com tendências de esquerda no fim da década de 1990 e início dos anos 2000, apresentaram melhorias em seus indicadores socioeconômicos, a ascensão de outros governos que seguem a mesma linha foi favorecida.

Contudo, há, ainda, lideranças que conservam as políticas de direita e que apoiam, em níveis diferentes, os EUA, como Ivá Duque, na Colômbia, Sebástian Piñera, no Chile, Guilherme Lasso, no Equador, Mario Abdo Benítez, no Paraguai, entre outros.

Essa divergência política na América Latina, com destaque na América do Sul, tem conduzido o continente a várias tensões diplomáticas nos últimos anos, criando, e em algumas situações reforçando as chamadas linhas de fratura existentes no subcontinente. 

Tal situação causa instabilidade e promove a desconfiança internacional, gerando a possibilidade de ruptura política entre os Estados envolvidos ou até mesmo de alguma intervenção militar.

Simón Bolivar na America Latina

Conflitos na região andina

A gigantesca área na qual a Cordilheira dos Andes está localizada é dividida entre vários países. Contudo, a divisão entre alguns deles gera conflitos, motivados por diversos interesses. Dentre esses conflitos destacam-se:

  • Em 13 de março de 2006, a Venezuela reclama parte do território das Guianas. Essa requisição é feita desde 1966, quando foi instalado o Acordo de Genebra. Desde então, a Venezuela incluiu a oitava estrela na bandeira nacional para representá-lo;
  • A guerra peruano-equatoriana, entre 1941 e 1942; terminou com a assinatura do Protocolo do Rio de Janeiro;
  • A Guerra do Pacífico, entre 1879 e 1884. O Chile derrotou o Peru e a Bolívia, anexando parte de seus territórios e tomando a saída bolivariana para o mar; e
  • Guerra da Confederação Peruano-Boliviana, entre 1836 e 1839.

Invasão da Colômbia ao Equador

Os conflitos anteriores são decorrentes de questões territoriais. Além disso, a disparidade política entre os países e a ação das guerrilhas e do narcotráfico, elevaram a tensão entre alguns países sul-americanos. No ano de 2008, essa disparidade ficou mais evidente quando o exército colombiano invadiu o território equatoriano em busca de guerrilheiros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC). 

A reação do governo do Equador foi imediata e prontamente apoiada pela Venezuela. Na época, ela declarou por meio de seu presidente Hugo Chávez que a quebra de sua soberania, como a ocorrida no Equador, seria considerada uma declaração direta de guerra.

Conflitos na Bolívia

Outro exemplo de tensão é a história da política externa boliviana, país que, atualmente, é simpatizante da “política chavista”. Ele foi, e ainda é, marcado por conflitos com países vizinhos, como Chile, Peru e Paraguai. A Bolívia perdeu territórios para esses três países em guerras do passado, como a Guerra do Pacífico, entre 1879 e 1884, e a Guerra do Chaco, entre 1932 a 1935.

O governo de Evo Morales envolveu-se, por muitos anos, em disputas fronteiriças e reivindicações territoriais com o Chile e com o Peru. Porém, em outubro de 2010, foi assinado um acordo entre os governos da Bolívia e do Peru, em que o governo peruano concedeu à Bolívia acesso contínuo ao oceano Pacífico e a um terminal ferroviário localizado no porto de Ilo, no sul do território peruano.

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