Focos de tensão: Venezuela, socialismo e petróleo

Focos de tensão: Venezuela, socialismo e petróleo

Apesar de ser o país da América do Sul há mais tempo sob regime democrático, a Venezuela não foge da tradição da instabilidade da região. Confira mais informações sobre esse país neste artigo que o Estratégia Militares preparou para você!

A Venezuela foi dominada por regimes autoritários durante a primeira metade do século XX. Esse período também foi marcado pelo crescimento da indústria do petróleo, ainda hoje o principal item da economia venezuelana.

Com a queda do ex-ditador Marcos Pérez Jiménez, que governou o país entre 1953 e 1958, a democracia foi instaurada, com dois partidos se alternando no poder: o social-democrata e o democrata-cristão. Depois disso, a Venezuela passou a ser conhecida por sua grande estabilidade política em um continente problemático e com vários regimes ditatoriais.

A economia venezuelana gira, principalmente, em torno de um produto: o petróleo. Nesse aspecto, grande parte de suas atividades econômicas estão atreladas ao setor petrolífero, o que fez da Venezuela uma das maiores exportadoras de petróleo do mundo. Hoje em dia, pela crise política e humanitária que o país vive, não ocupa as mais altas posições como antes.

Durante a crise do petróleo em 1973, houve uma expansão significativa da economia venezuelana. Contudo, essa expansão não contribuiu para a melhoria dos indicadores sociais do país.

A dependência do petróleo e a má distribuição de renda provocaram uma crise no fim da década de 1980. A queda do preço do petróleo fez com que o governo adotasse uma série de medidas para controlar suas finanças, como o aumento do preço da gasolina e das tarefas públicas. Diante disso, a população se rebelou em um movimento que ficou conhecido como Caracazo. A repressão a esse movimento resultou na morte de mais de mil pessoas.

Ainda em clima de instabilidade, em 1992 houve uma revolta militar e a tentativa de golpe. Essa ação foi liderada pelo coronel Hugo Chávez. Entre as reivindicações, exigia-se um plano de combate à fome e à miséria, além da convocação de uma Assembleia Constituinte.

Essas reivindicações tinham amplo apoio da população, pois o Governo federal era desaprovado por mais de 80% dos venezuelanos. Com o fracasso do golpe, Chávez foi detido, mas obteve grande prestígio entre a população, e, após ser libertado, em 1994, ingressou na política, sendo eleito presidente da Venezuela, em 1998, com 56,2% dos votos.

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O Governo Chávez na Venezuela

Ao tomar posse, Chávez convocou eleições para uma Assembleia Constituinte, que elaborou a Constituição Bolivariana, reforçando os poderes do presidente. O governo de Hugo Chávez desenvolveu uma reforma agrária ampla, propôs cogestão entre o Estado e os trabalhadores para reerguer empresas falidas e ampliou a interferência estatal na exploração petrolífera.

Essas medidas, somadas à aliança estabelecida com Cuba e com a Bolívia – estabelecida após a eleição de Evo Morales –, provocaram reações negativas em empresários, latifundiários e demais setores conservadores da sociedade.

Chávez implantou a República Bolivariana da Venezuela e enfrentou abertamente as medidas econômicas destinadas aos países latino-americanos, incentivando o rompimento com as elites políticas e econômicas implantadas nos demais países da América Latina e a instauração do que ele chamou de “socialismo do século XXI” como modelo de governo.

Com essa postura, o presidente enfrentou greves gerais e uma tentativa frustrada de golpe, em 2002, que o tirou do governo por dois dias. Porém, soldados leais a Chávez, reagindo ao acontecimento, organizaram um contragolpe de Estado, retomaram o Palácio de Miraflores e, apoiados em uma mobilização espontânea da população, conseguiram garantir sua volta ao palácio presidencial.

Polícia venezuelana

Você sabe o que é o bolivarianismo?

O termo bolivarianismo provém do nome do general venezuelano do século XIX Simón Bolívar, que liderou os movimentos de independência da Venezuela, da Colômbia, do Equador, do Peru e da Bolívia.

Convencionou-se, no entanto, chamar de bolivarianos os governos de esquerda na América Latina que questionam o neoliberalismo e o Consenso de Washington, uma doutrina macroeconômica ditada por economistas do FMI e do Banco Mundial.

Não foi Hugo Chávez quem inventou o Bolivarianismo. O que o ex-presidente venezuelano fez foi declarar seu país uma “república bolivariana”. A mesma retórica foi utilizada pelos presidentes Rafael Correa, do Equador, e Evo Morales, da Bolívia.

Em 2004, um plebiscito organizado por opositores do governo chavista questionou a permanência de Chávez no poder. Cerca de nove milhões de venezuelanos votaram no referendo, e sua permanência até 2013 foi apoiada por 59,3% dos eleitores. No ano de 2009, a Assembleia Nacional aprovou a emenda constitucional que permitiu reeleições indefinidas para o cargo de presidente, criando a possibilidade de Chávez se perpetuar no poder.

No entanto, Hugo Chávez faleceu em março de 2013. De acordo com José Miguel Insulza, secretário-geral da Organização dos Estados Americanos (OEA), a aprovação da lei habilitante contrariava a Carta democrática Interamericana.

Nos últimos anos, Chávez se destacou pelo movimento para a união na América Latina e pelas fortes críticas ao governo dos EUA. Além disso, conseguiu importantes vitórias diplomáticas, como o ingresso do país no Mercosul, e criou seguidores por vários países, como o presidente boliviano Evo Morales.

Política externa venezuelana

Suas relações políticas internas e externas sempre foram carregadas de polêmicas. Em relação à política interna, Chávez foi acusado de cercear a atividade da imprensa, tanto que seu governo negou a renovação dos direitos de transmissão da rede de televisão RCTV, que exercia oposição aberta a seu governo e apoiou o golpe fracassado de 2002. 

Na política externa, além da forte oposição aos EUA, também ocorreram relações tensas com a Colômbia, por esse país ser um forte aliado estadunidense na região.

No final de 2012, Chávez foi reeleito para seu terceiro mandato de seis anos, derrotando Henrique Capriles Radonski, cuja campanha criticou o governo Chávez por ineficiências, como deficiências de infraestrutura e corrupção. Radonski prometia combater a corrupção, que tem crescido no setor público e, também, não acabar com os programas sociais que Chávez criou.

Já Chávez destacou suas realizações em iniciativas de educação, habitação e saúde e reconheceu que precisava fazer mais com relação à criminalidade e à polarização política. Na véspera da eleição, Chávez, que estava enfrentando o maior desafio de seus treze anos de poder, salientou que ela seria livre e justa e que o seu resultado seria respeitado.

Críticos do presidente estavam confiantes de que poderiam finalmente vencer o líder esquerdista. No entanto, Chávez se tornou um sobrevivente político e continuou popular no país.

A influência de Chávez sobre os governos de esquerda da América Latina muitas vezes irritou os Estados Unidos, o maior parceiro comercial do país, já que a Venezuela era o quarto maior exportador de petróleo para o mercado estadunidense. Apesar dessa estreita relação econômica, os dois países não são exatamente aliados. Chávez frequentemente tachava os EUA e seus aliados como “imperialistas”.

Para complicar ainda mais a relação EUA-Venezuela, Chávez era aliado do iraniano Mahmoud Ahmadinejad, defendeu o ex-líder líbio Muamar Kadafi durante a Primavera Árabe e até ofereceu seu apoio para o líder da Síria, Bashar al-Assad.

O vice-presidente Nicolás Maduro assumiu o cargo com a morte de Chávez. Foi eleito em 14 de abril de 2013 para mandato integral com 50,66% dos votos contra 49,07% de seu opositor, Henrique Capriles Radonski.

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