Focos de tensão: Colômbia, guerrilhas e apoio aos EUA

Focos de tensão: Colômbia, guerrilhas e apoio aos EUA

Situado no noroeste da América do Sul, o território colombiano é banhado pelo Mar do Caribe, ao norte, e pelo Oceano Pacífico, a oeste. Confira nesse artigo, que o Estratégia Militares preparou para você, mais informações sobre a Colômbia.

A Colômbia é um país caribenho, andino e amazônico e, devido à sua posição geográfica, possui clima predominantemente equatorial, com o território coberto por densas florestas tropicais.

O país é, juntamente com o Chile, um grande aliado dos Estados Unidos (EUA) na América do Sul. Essa aliança com os EUA gera grande indisposição com a vizinha Venezuela, que tem como presidente Nicolás Maduro, sucessor de Hugo Chávez, que era um grande opositor da presença estadunidense na América do Sul.

Essa ligação entre a Colômbia e os EUA é devida à cooperação militar estadunidense para combater o narcotráfico no território colombiano, uma vez que a Colômbia é um dos maiores exportadores de maconha, heroína e cocaína, sendo os EUA o principal destino dessas drogas.

A economia do narcotráfico chega a movimentar mais de seis bilhões de dólares por ano, o que representa cerca de cinco a seis por cento do PIB nacional do país sulamericano. O país lidera várias estatísticas do narcotráfico:

  • Maior processador de cocaína;
  • Maior exportador para os EUA; 
  • Maior produtor de maconha, entre outras.

A atividade dos cartéis aumentou a concentração de renda e causou o declínio do mercado de turismo que, até a década de 1970, era promissor na Colômbia.

Atualmente, o problema que acomete os colombianos não se trata, em sentido estrito, de uma guerra civil, pois não remete a um conflito entre parcelas da sociedade ou entre facções. 

Os protagonistas desse impasse são, na verdade, os guerrilheiros, os narcotraficantes e os paramilitares que lutam entre si e contra as Forças Armadas do país. Os colombianos que não fazem parte desses grupos acabam se tornando reféns no conflito.

Medelín, na Colômbia

O Governo Colombiano

Em maio de 2002, Álvaro Uribe, com o seu discurso de combate firme à guerrilha, venceu as eleições presidenciais. A política de combate à violência e ao narcotráfico adotada pelo governo e batizada de “Segurança Democrática” foi vista com bons olhos pelos Estados Unidos. Por isso, além da ajuda financeira obtida com o Plano Colômbia, o país recebeu dos EUA investimentos destinados ao aperfeiçoamento das Forças Armadas.

O rigor adotado por Uribe lhe garantiu grande popularidade e, devido a uma mudança constitucional, ele conseguiu se reeleger com facilidade. A obtenção desse segundo mandato abriu uma prerrogativa para a possibilidade de  um terceiro.

Contudo, a corte colombiana declarou essa proposta inexecutável. Mesmo assim, o modelo de governo de Uribe saiu vitorioso nas eleições de 2010, com a vitória do ex-ministro da defesa Juan Manuel Santos, que deu prosseguimento à linha dura adotada nos anos de governo de Uribe.


A vitória de Santos é um claro reconhecimento do legado do presidente Álvaro Uribe por parte do povo colombiano. Com grande apoio financeiro e militar dos EUA, Uribe se tornou um dos líderes mais populares da América Latina e, em oito anos de governo, melhorou a segurança do país.


Em contrapartida, a despeito da ajuda dos Estados Unidos, manteve a Colômbia no indesejado posto de primeiro produtor mundial de cocaína.

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As guerrilhas na Colômbia

A Colômbia possui profundas desigualdades sociais e é afetada por grandes violações dos direitos humanos. O país lidera as estatísticas de refugiados internos, tendo centenas de milhares de pessoas deslocadas internamente.

Na primeira metade do século XX, rivalidades e disputas políticas entre os dois partidos dominantes da Colômbia, o Liberal e o Conservador, geraram instabilidade e conflitos sociais internos. Com o objetivo de solucionar os problemas políticos e restaurar a ordem, esses partidos decidiram compartilhar o poder.

Insatisfeitos, diversos políticos, influenciados pela Revolução Cubana e financiados pelo Império Soviético, organizaram diversas guerrilhas na década de 1960:

As FARC

Durante a década de 1980, essas guerrilhas, principalmente as FARC, perderam o cunho socialista e começaram a se associar ao narcotráfico como meio de manter suas atividades e se equiparem militarmente. Apesar de negarem essa atividade, o governo afirma que as guerrilhas obtêm recursos graças a extorsões de narcotraficantes, em troca de proteção para plantação e comercialização das drogas.

Visando expandir suas atividades, as FARC traçaram uma estratégia de ocupação do território nacional, a partir da divisão espacial do país. Essas ações contribuíram para seu fortalecimento, especialmente na estratégica região ocupada pela Cordilheira Oriental, que passa no meio do país e na qual está situada a capital, Bogotá.

Outro meio utilizado pelas FARC para conseguir recursos é a realização de sequestros de empresários e produtores rurais ricos. 

A Colômbia é o país campeão de sequestros no mundo, apesar da redução que ocorreu nos últimos anos, em 2012, estima-se que cerca de 400 pessoas foram mantidas em cativeiro. Isso obrigou o exército colombiano a também se dispersar pelo território, formando novos e menores quartéis, que são facilmente combatidos pelas guerrilhas.

Autodefesas Unidas da Colômbia

No início da década de 1980, surgiram diversos grupos paramilitares que objetivavam combater as guerrilhas, que eram financiadas principalmente por latifundiários e tinham apoio velado do exército e do governo colombiano. As Autodefesas Unidas da Colômbia (AUC) são o maior deles.

O conflito entre guerrilheiros e esses grupos fez da década de 1990 um período violento, com milhares de mortos e desaparecidos. As AUC são acusadas de frequentes violações aos direitos humanos, pois constituem grupos de extermínio extremamente violentos, que têm como finalidade eliminar comunidades camponesas inteiras, suspeitas de darem apoio aos guerrilheiros.

Histórica tentativa de paz

As primeiras conversações de paz na Colômbia foram iniciadas de forma quase secreta na cidade de Oslo, na Noruega. Nesse encontro, ficou definido que as conversações teriam início em meados de novembro de 2013, em Havana, Cuba.

As tentativas anteriores de paz terminaram em fracasso, como o Plano Colômbia encerrado em 2002, quando o então presidente Andrés Pastrana cedeu uma área do tamanho da Suíça para o grupo guerrilheiro, mas encerrou as negociações depois que os rebeldes lançaram uma série de ataques em todo o país, em uma aparente tentativa de reforçar a sua posição.

No primeiro encontro em busca da paz, foi alcançado consenso no primeiro ponto da agenda, relativo ao problema agrário, da posse de terras e da reforma agrária. Posteriormente, foi discutido o segundo ponto, da participação política. 


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