Esquadrilha da Fumaça: comemoração pelos 70 anos de criação!

Esquadrilha da Fumaça: comemoração pelos 70 anos de criação!

A Esquadrilha da Fumaça completa 70 anos de história em 2022. Aqueles que desafiam as leis da física nos céus são o assunto desse artigo que o Estratégia Militares preparou para você!

O Esquadrão de Demonstração Aérea (EDA), popularmente conhecido como Esquadrilha da Fumaça, reúne os melhores pilotos do Brasil, oriundos dos mais diversos esquadrões da Força Aérea Brasileira (FAB).

Há mais de sete décadas eles têm a missão de demonstrar a potência que é a Aeronáutica brasileira, além do talento dos pilotos brasileiros em âmbito nacional e internacional, a fim de difundir a imagem institucional da FAB.

Início da Esquadrilha da Fumaça

A criação da Esquadrilha da Fumaça se deu em 1952, na Escola de Aeronáutica, localizada no Campo dos Afonsos, no Rio de Janeiro. Os seus instrutores militares resolveram explorar a aeronave North American T-6 em termos de manobras conjuntas e começaram a fazer esse treinamento em horas de não-instrução.

As duas primeiras sedes da Esquadrilha da Fumaça foram no Rio de Janeiro. A primeira no Campo dos Afonsos, de 1952 a 1963, e a segunda, no Aeroporto Santos Dumont, de 1963 a 1977.

North American T-6 Texas FAB
North American T-6 Texas

Tanto os aviões quanto suas pinturas eram da Escola de Aeronáutica e, a princípio, não cogitava-se separar o grupo de pilotos da instituição. Contudo, isso aconteceu posteriormente, em maio de 1952, quando fizeram uma demonstração para as autoridades. A apresentação foi liderada pelo Tenente Mário Sobrinho Domenech. 

Introdução da fumaça nos aviões de demonstração

As apresentações começaram a tomar identidade, ganhando seus próprios aviões, os North American T-6. Eles tinham uma pintura que os identificava como unidade de demonstração acrobática, elaborada pelo Capitão Aviador Jayme Selles Collomer, em 1955. 

As apresentações realizadas pelos aviadores, até então, não possuíam a fumaça, como nos dias atuais. Para dar o devido destaque às manobras realizadas e proporcionar uma melhor visualização da maior quantidade de pessoas possível, foi-se adicionado a fumaça nas aeronaves. 

Coronel Braga e a Esquadrilha da Fumaça

Um dos pilotos de destaque, referência para os militares da Esquadrilha da Fumaça, é o Coronel Braga. Ele foi o militar que mais teve demonstrações pela FAB e é o piloto que tem mais quantidade de horas voadas na aeronave T-6 do mundo.

Em 1959, ele aceitou o convite para entrar na Esquadrilha. No ano seguinte, o então Tenente Braga foi chamado para ser seu líder. O militar permaneceu na unidade de 1959 a 1977, onde foi comandante  de 1965 a 1977. Ao longo dos 12 anos de comando, acumulou mais de oito mil horas de voo na aeronave North American T-6, realizando mais de mil apresentações pela FAB.

Curiosidades sobre o North American T-6 Texas

Essa aeronave foi utilizada pela Esquadrilha da Fumaça de 1952 até 1976. Sua fabricante original era a empresa North American Aviation Inc., localizada em Los Angeles, Califórnia, nos Estados Unidos. 

Essa fabricante destacou-se no mundo da aviação por ter projetado aeronaves icônicas, que entraram para a história não só da aviação, mas também do mundo como um todo. Algumas delas foram o:

  • T-6 Texan;
  • P-51 Mustang;
  • B-25 Mitchell;
  • F-86 Sabre; 
  • X-15 Rocket;
  • XB-70; e
  • B-1 Lancer.

Além das aeronaves, a North American Aviation também foi responsável pela fabricação do módulo de serviço e comando da espaçonave Apollo, o segundo estágio de estrutura do foguete Saturn V e dos ônibus espaciais da NASA.

O North American T-6 foi fabricado sob licença no Brasil pela Fábrica de Aviões de Lagoa Santa, local onde hoje abriga o Parque de Material Aeronáutico de Lagoa Santa (PAMA-LS), em Minas Gerais.

Entre 1946 e 1951, cerca de 81 unidades da aeronave foram fabricadas na versão AT-6D no Brasil. Elas possuíam um motor Pratt & Whitney Wasp de 600 hp de potência. Possuíam ainda uma envergadura de 12,8m, o comprimento de 8,83m e a altura de 3,56m.

A mudança de aeronaves na Esquadrilha da Fumaça

Na década de 1970, aconteceu a primeira grande mudança na Esquadrilha da Fumaça. Houve a introdução da aeronave a jato T-24 Fouga Magister. De fabricação francesa, a aeronave foi empregada de 1969 até 1974.

Tendo realizado poucos voos de demonstração, logo foi desativada por questões logísticas. A aeronave precisava de uma grande infraestrutura aeroportuária, não podendo operar em pistas de terra. Também possuía uma autonomia reduzida em comparação com o antigo T-6.

A desativação da Esquadrilha da Fumaça

No ano de 1977, a FAB decidiu por desativar a Esquadrilha da Fumaça, uma vez que as aeronaves T-6 encontravam-se desgastadas, com falta de materiais e peças de reposição. Além disso, a Força não possuía aeronaves que atendessem aos seus interesses e nem orçamento. Além disso, o T-24 não atendeu aos requisitos necessários.

Em 1981, foi transferido para a Academia da Força Aérea (AFA) o coronel Ribeiro Junior. Na AFA, alguns pilotos militares solicitaram instruções com ele, a fim de aprenderem como se realizavam as manobras da então extinta Esquadrilha da Fumaça. A partir disso, foi criada a esquadrilha na Academia, chamada de “Cometa Branco”.

Reativação e introdução do Tucano na Esquadrilha da Fumaça

O projeto do Embraer-312 Tucano estava em execução e a FAB já havia encomendado dezenas de aeronaves para compor a sua frota. Em 1982, um dos protótipos do Tucano envolveu-se em um acidente. 

Assim, o então Ministro da Aeronáutica Délio Jardim de Matos, a fim de reforçar a imagem internacional da Força  e os ânimos da indústria e da tropa nacional, determinou a reativação da Esquadrilha da Fumaça, em 21 de outubro de 1982 e a transferência de sua sede para as dependências da Academia da Força Aérea.

Embraer A-29 Super Tucano
Divulgação: Flickr – Sgt. P. Silva/FAB

Com a chegada dos seis primeiros aviões foram retomadas as instruções e treinamentos dos pilotos da Fumaça. O T-27 Tucano – nomenclatura do Embraer-312 na FAB – é uma aeronave turbo-hélice com um motor de 750 shp com a adaptação de instalação de tanques extras que garantem uma autonomia de até dez horas de voo.

Renovação de frota pelo Embraer Super Tucano

Em 2013, com a evolução das tecnologias aeronáuticas, a frota de aeronaves da Esquadrilha da Fumaça foi renovada, trocando os T-27 Tucanos pelos A-29 Super Tucanos. A nova aeronave possui mais que o dobro de potência que seu antecessor, com cerca de 1.600 shp, podendo atingir os 590 km/h.

A estreia da nova aeronave ocorreu em julho de 2015, na Cerimônia de Entrega de Espadins da Turma Jaguar, na Academia da Força Aérea. O momento marcou o retorno da Esquadrilha da Fumaça às suas demonstrações pelos céus do Brasil.

Por meio da Esquadrilha, a FAB apresenta ao mundo a qualidade não só dos profissionais militares brasileiros, mas também dos produtos nacionais, como as aeronaves da Embraer. Ao longo de sua história, o Esquadrão de Demonstração Aérea coleciona a passagem por diversos países:

  • Alemanha;
  • Argentina;
  • Bolívia;
  • Canadá;
  • Chile;
  • Colômbia;
  • Egito;
  • Equador; 
  • Estados Unidos; 
  • França;
  • Guatemala;
  • Guiana;
  • Honduras; 
  • Inglaterra; 
  • Panamá;
  • Paraguai; 
  • Peru;
  • Portugal; 
  • República Dominicana;
  • Suriname;
  • Uruguai; e 
  • Venezuela.

Com mais de 3.900 demonstrações realizadas ao longo de sua história, atualmente o Esquadrão de Demonstração Aérea conta com mais de 50 militares, sendo 13 pilotos altamente capacitados e treinados, diversos oficiais, suboficiais, sargentos, cabos e soldados que servem à Esquadrilha, garantindo a segurança e a fluidez dos voos.

A Esquadrilha da Fumaça nos dias atuais

Tal dedicação garantiu à Esquadrilha da Fumaça, no ano de 2006, a inscrição no livro dos recordes “Guinness Book”, com o título de especialista no voo em formação de dorso, voando com 12 aeronaves.

Embraer A-29 Super Tucano voando em ala
Divulgação: Flickr – Sgt. P. Silva/FAB

No mês de agosto de 2022, ano em que o Brasil completa 200 anos de Independência e a Esquadrilha completa 70 anos de existência, deu-se o retorno das apresentações ao público em comemoração às efemérides.

Tais apresentações estavam suspensas desde o início da pandemia de COVID-19. Assim, o tradicional evento “Portões Abertos” da Academia da Força Aérea marcou o retorno do público às dependências da unidade militar para acompanhar o show aéreo.

Um dos pontos altos do evento, foi a passagem conjunta das aeronaves da Esquadrilha da Fumaça e o Embraer 190 da companhia Azul Linhas Aéreas, pintado nas cores da bandeira do Brasil, que levou o público a emoção e marcou a comemoração.

Ainda em 2022, no bicentenário da Independência do Brasil, a Esquadrilha da Fumaça incluiu em suas apresentações a fumaça colorida nas cores da bandeira brasileira – o verde, o amarelo e o azul. A primeira apresentação ocorreu na capital federal, Brasília, Distrito Federal, na parada cívico-militar em comemoração ao 7 de setembro.

Se você tem o sonho de ingressar na Esquadrilha da Fumaça, confira no Portal do Estratégia Militares e as formas de ingresso na FAB!

Embraer 190 Azul Linhas Aéreas e a Esquadrilha da Fumaça
Divulgação: JetPhotos / Joao Pedro Pires

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