A África possuiu, ao longo dos séculos, importantes reinos que exerceram profunda influência nos processos políticos e sociais do continente. As extraordinárias narrativas dos egípcios na região do Rio Nilo, são um exemplo. Separamos para você alguns dos principais reinos africanos que deixaram sua marca na história e que podem ser cobrados na sua prova militar!
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Reino de Gana
Formado a partir do século III da era cristã, o Reino de Gana destacou-se por desenvolver-se em uma área distante do litoral Atlântico e fora do gigantesco deserto do Saara. Seu território se concentra nas atuais regiões de Mali e da Mauritânia.
A domesticação do camelo permitiu que os povos da região desenvolvessem um intenso comércio com os pastores berberes do Saara, que migravam para o território em períodos de climas desfavoráveis.
Dentre os povos dessa sociedade, destacavam-se os Soninquês, que habitavam na região às margens dos rios Níger e Senegal.
Para esses povos, a formação de um reino foi necessária para fazer frente aos ataques de nômades que buscavam saquear a agricultura desenvolvida naquele território.
O ouro formava o pilar de sustentação do Reino de Gana. Muitas cidades importantes foram desenvolvidas, como a capital Kumbi Saleh e o importante centro comercial de Audagoste.
A partir da exploração do ouro, que era vendido para os comerciantes árabes, iniciou-se a cunhagem de moedas para utilização nas transações comerciais.
Apogeu do Reino de Gana
O apogeu dessa civilização ocorreu entre os séculos VII e IX, quando as atividades de extração de ouro e o comércio de vários produtos – como sal, tecidos, cavalos e tâmaras – permitiram a integração econômica do reino com as regiões do norte da África, o Egito e o Sudão.
Fim do Reino de Gana
A desestruturação do reino ocorreu a partir do século XII, com progressivo esgotamento da produção aurífera e a sublevação dos povos dominados. Foi nesse contexto que o território passou a ser dominado pelo reino do Mali.
Reino de Mali
O Reino de Mali surgiu entre os séculos XIII e XIV e se constituiu onde hoje estão os territórios da República de Mali, Senegal e Guiné.
Os reis do Mali, conhecidos por “Mansas”, dominavam o território da Bacia do Rio Mídia. Dessa forma, eles garantiam intensa atividade comercial com outros povos da região, com destaque para os árabes no norte do continente.
A fundação do reino de Mali foi realizada por Sundiata Keita, responsável por transformar a cidade de Niani no centro de seu reino.
Outras cidades destacavam-se no território Mali, como Tombuctu, importante centro cultural devido às suas amplas bibliotecas e às ricas mesquitas. Era uma grande atração para artistas e intelectuais de várias regiões.
Apogeu do reino de Mali
O apogeu do reino de Mali ocorreu durante o reinado de Mansa Musa, marcado pela expansão das fronteiras do reino. Nessa época, Mali chegou a ocupar as regiões da costa do Atlântico até o Rio Níger.
Muitas são as lendas em torno das grandezas desse rei, que ampliou o comércio com os árabes e manteve intenso contato com os povos muçulmanos. Ele até chegou a promover uma suntuosa peregrinação à cidade de Meca em 1315.
Declínio do reino de Mali
Após a morte de Mansa Musa, o reino de Mali entrou em declínio por conta da dificuldade de seus sucessores de manter um controle de tão extenso território.
Assim, o reino de Songhai, povo da região noroeste da Nigéria, passou a assumir o controle das províncias de Mali. No século XV, o poder de Mali havia desaparecido frente à força dos Songhai.
Império Songhai
Fundado por Sonni Ali Ber, o Grande, no contexto do declínio do reino de Mali em torno do século XV, o império Songhai se estendia da costa do Atlântico até os territórios entre a bacia do Rio Níger e o lago Chade. Sua capital política e militar ficava na cidade de Gao.
Sonni Ali Ber foi responsável pela conquista das cidades de Tombuctu, em 1468, e Djenné, em 1473, o que estimulou o monarca a traçar mapas de seu extenso Império.
A expansão empreendida pelos sucessores de Ali Ber garantiu a extensão da área de domínio Songhai por mais de 2.000 quilômetros, de Tehazza ao país dos Mossi e de Agades a Tekrur.
A estrutura política do Império girava em torno do imperador, o qual era responsável pelo controle da corte do império.
Por tradição, todos que se aproximavam do líder supremo deveriam cobrir a cabeça de pó. Um cuspe do imperador não poderia cair no chão, mas deveria ser recolhido na manga de seda de qualquer um dos seus 700 acompanhantes.
A economia se orientava pelo trabalho escravo. Calcula-se que uma terra com 200 escravos fosse capaz de produzir, aproximadamente, 250 toneladas de arroz por ano.
O ouro e o sal eram comumente utilizados como referência monetária, mas a principal moeda era o caules, espécie de moluscos, utilizados da África à China até meados do século XIX.
Os núcleos urbanos eram numerosos e serviam como importantes centros religiosos e de estudos. A educação era intensa nas áreas de domínio islâmico. Calcula-se que a Universidade de Sankore abrigava 25 mil estudantes já no século XII.
Declínio do império de Songhai
Em torno do século XVI, o império de Songhai começou a sofrer opressão dos estados muçulmanos, como o reino do Marrocos, que buscava as minas de sal e de ouro.
Além disso, o avanço europeu pela costa africana em busca de escravos e de riquezas contribuiu para a decadência da região.
Além dos reinos de Gana, Mali e Songhai, muitos outros impérios se desenvolveram na África. A riqueza deles transcenderam as limitadas concepções ocidentais do continente, possibilitando a descoberta de ricos elementos sociológicos ainda não valorizados.
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Referências
- COTRIM, Gilberto. História global. Volume único. 11. ed. São Paulo: Saraiva, 2016.
- VICENTINO, Cláudio; DORIGO, Gianpaolo. História Geral e do Brasil. Ensino Médio. São Paulo: Scipione, 2011.
- NEDILSON, Jorge. História da África e relações com o Brasil. Brasília : FUNAG, 2018. Disponível em: https://funag.gov.br/loja/download/Historia_da_Africa.pdf