Crises econômicas europeias: crise de 2008

Crises econômicas europeias: crise de 2008

Se você está estudando para os seletivos das Forças Armadas e quer se aprofundar no conteúdo de Geografia, aproveite este resumo sobre o continente europeu e suas crises econômicas modernas! 

Já parou para pensar que a Europa é o berço do capitalismo? Não é por acaso que ali também surgiram teorias e projetos para que esse sistema econômico, político e social fosse aprofundado ou combatido. Curiosamente, no entanto, as maiores Grandes Crises do capitalismo não aconteceram nesse continente e, sim, nos Estados Unidos. 

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Apesar de acontecerem em outro continente, as crises nos EUA também afetaram profundamente a Europa – especialmente as de 1929 e 2008. Daremos especial atenção a esta última. 

Crise de 2008

A crise de 2008 também é chamada de bolha imobiliária. Sua origem – e é um tanto quanto complexo encontrar uma origem específica para uma crise – remonta o projeto de política externa adotada pelo presidente estadunidense George Bush após os atentados de 11 de setembro às Torres Gêmeas: a chamada Guerra ao Terror.

Enviar tropas para o Oriente Médio requer um alto investimento financeiro e para arrecadar essas quantias o governo estadunidense estimulou o consumo por meio de linhas de créditos e baixos juros, com isso, muitos cidadãos passaram a adquirir, entre outras coisas, imóveis e automóveis, que seriam financiados a longos prazos. 

Em 2007, já era perceptível o grande endividamento do governo dos Estados Unidos. Então algumas posturas foram alteradas para sanar ou amenizar as dívidas. Dentre as alterações na política econômica podemos destacar: o aumento de impostos para que as arrecadações crescessem e o aumento nas taxas de juros para atrair investimentos externos. 

Consegue ver aonde isso vai dar? Até aquele momento, as pessoas estavam consumindo mais e gerando receita para o governo graças ao estímulo ao crédito e às baixas taxas de juros. Porém, quando essa política mudou, os custos dos impostos e dos juros aumentaram subitamente. 

Os valores finais de carros, casas e outros itens – muitos deles comprados com financiamento – foram elevados de repente. Isso levou as pessoas a não serem capazes de pagar suas dívidas, situação chamada de “inadimplência”. Ou, no bom “brasileirês”, calote. 

Tradução: “Até que a dívida nos separe”.

Por que a crise de 2008 aconteceu?

Com o aumento da inadimplência, muitas pessoas começaram a “devolver” seus carros e suas casas para os bancos. Ou seja, o empréstimo foi feito em dinheiro, mas a devolução em capital físico. 

Em uma situação “normal”, não haveria tamanho problema: esse imóvel seria revendido e o dinheiro voltaria a circular. Entretanto, a alternativa “devolver” não foi tomada apenas por uma pessoa, mas por um país endividado. Logo, quem iria comprar se a maior parte das pessoas gostariam de devolver?

Esse processo levou à falência do Lehman Brothers, em 15 de setembro de 2008, até então o quarto maior banco dos Estados Unidos, impactando toda a economia do país e, consequentemente, a global. 

Assim, a deflação – que é o oposto da inflação, ou seja, a diminuição generalizada dos preços de bens e serviços – tomou conta do cenário econômico. Veja o ciclo que foi criado: 

Tal situação também levou os bancos Citibank e BankBoston a “quebrarem”, assim como grandes empresas como a General Motors (GM). Além disso, as seguradoras também sentiram o impacto. Se “todos” ficaram sem dinheiro, a solução era recorrer ao seguro, mas nem mesmo a American International Group (AIG) – a maior seguradora do mundo – foi capaz de atender à demanda de seus clientes. 

Europa e a crise de 2008

Após a Segunda Guerra Mundial, a economia dos países europeus – principalmente a chamada Europa Ocidental – se tornou extremamente relacionada à economia estadunidense. Isso aconteceu principalmente com o Plano Marshall, que injetou capital no continente que fora o palco para muitas das batalhas nos anos anteriores.

O que foi o Plano Marshall? 
No cenário da Guerra Fria, o restabelecimento da economia europeia era um ponto importante para os EUA. Afinal, estamos falando de um mercado consumidor valioso e de grande importância política durante o mundo bipolar. Por isso, os EUA deram 14 bilhões de dólares para a restauração do continente (o equivalente, hoje, a 100 bilhões de dólares).

Tais laços não ficaram restritos ao período da Guerra Fria. No contexto geopolítico, vimos o aprofundamento da globalização e a ascensão da “Nova Ordem Mundial”, em que o capitalismo tornou-se hegemônico, com exceção de alguns poucos países. 

Por isso, não foi surpresa quando a crise de 2008 alcançou a Europa. Em 2009, as bolsas de valores no continente começaram a sentir o impacto da crise iniciada nos Estados Unidos, principalmente por meio da fuga de capital. 

Desindustrialização

Além da crise financeira, outro movimento impactou a economia europeia: a desindustrialização. Tal situação antecede a crise de 2008, mas até então não era vista como um grande problema, pois boa parte dos países se beneficiavam da DIT (Divisão Internacional do Trabalho) como criadores de tecnologia. 

Essa desindustrialização se justifica pelos altos custos de produção na Europa e a intensificação da globalização. Em um primeiro momento isso impactou principalmente os migrantes e seus descendentes. Com a crise, no entanto, a disputa por um emprego se expandiu – aumentando, inclusive, a xenofobia. 

Países que se beneficiam do DIT ao produzir bens com maior valor agregado têm certa dependência do cenário político-econômico. Por isso, crises e aumento de concorrência têm repercussões em suas economias. Foi o caso com a entrada e a crescente influência dos países asiáticos no ramo de criadores de tecnologias com preços inferiores, em especial China e Índia. 

Tal cenário quebrou a lógica de “ajuda” entre os países europeus. Muitos deles voltaram os olhos intensamente para o seu interior e deixaram a União Europeia em segundo plano. O objetivo nesse momento passou a ser diminuir o déficit público para atrair investimento e alavancar a economia. 

Medidas de austeridade

A combinação da crise de 2008 com a desindustrialização e a competição no ramo tecnológico aumentou grandemente o déficit público. Ou seja, os gastos por parte do Governo foram superiores ao valor arrecadado. 

É claro que os impactos foram sentidos de maneiras diferentes nos países, e, aqui destacamos os cinco que mais chamaram a atenção da mídia graças às elevadas taxas de desemprego e dívidas: os PIIGS. Ou seja: Portugal, Irlanda, Itália, Grécia e Espanha. 

Tais gastos estavam e estão relacionados a um padrão que foi construído na Europa durante muitos anos, o chamado Estado de Bem Estar Social. Então, bater de frente com esse perfil não seria algo tão fácil de ser feito e desde o início sabia-se que medidas de austeridade seriam impopulares. 

Conceitos 
Estado de Bem-estar social: É uma forma de organização em que o Estado concentra várias atribuições econômicas com o objetivo de oferecer serviços públicos e proteção à população. 
Austeridade fiscal: Políticas com o objetivo de reduzir o déficit público através de corte de gastos e/ou aumento de impostos.

Mesmo assim, a Comissão Europeia, o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Central Europeu (BCE) aplicaram medidas de austeridade e de diminuição da atuação do Estado – especialmente na Grécia, com a chamada “Troika”. As mudanças desencadearam uma série de protestos, resistências e mudanças de governo. 

Consequências da crise de 2008

A crise de 2008 continuou a impactar as economias europeias, mesmo mais de uma década depois. Um dos exemplos é a França, onde o presidente Emmanuel Macron adotou estratégias como o aumento de impostos sobre os combustíveis, numa tentativa de contornar os efeitos econômicos da crise. 

Tais medidas, em 2018, foram o principal motivador, junto à elevação da tributação de emissões de carbono, para os protestos que ficaram conhecidos como Movimento dos Coletes Amarelos, que tem esse nome graças aos manifestantes que usavam coletes de alta visibilidade.

Movimento dos Coletes amarelos, 01 de dezembro de 2018.

Em 2019, além dos resquícios da Crise de 2008, a Guerra Comercial entre China e Estados Unidos levou países como Alemanha a vender títulos de suas dívidas a juros negativos. Isso quer dizer que, naquela ocasião, comprar um título de € 100 poderia dar um retorno de € 90, ou seja, prejuízo. Qual era o objetivo da Alemanha com essa medida? Aumentar o crédito e estimular o consumo. 

E, para completar o cenário, o mundo experimentou a pandemia de COVID-19 em 2019 – embora, ainda seja cedo para apontar as reais consequências da pandemia para o continente. 

Além de mudanças no perfil econômico, a Crise de 2008 também serviu de combustível para o discurso anti-Globalização entre extremistas nacionalistas, tendo como grandes reflexos a xenofobia e o BREXIT.

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Veja também:

Texto escrito com base no material didático da Profa. Priscila Lima

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