Projeções cartográficas: o que são, para que servem, classificação e mais!

Projeções cartográficas: o que são, para que servem, classificação e mais!

Está se preparando para os Concursos Militares e precisa saber um pouco mais de Geografia? Então confira esse conteúdo produzido para que você entenda um pouco mais de cartografia!

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O que é projeção cartográfica?

A projeção cartográfica significa projetar a superfície irregular de nosso planeta – que tem a forma de geóide – em um plano. Dessa maneira, obviamente, existem distorções, uma vez que não é possível colocar três dimensões em duas.

Por conta disso, foram desenvolvidas diversas projeções para amenizar essas deformações. Vamos conhecê-las a seguir.

Projeção Cilíndrica

Imagine um globo em alto-relevo que possua tinta em todas as bordas dos continentes. Agora, imagine que uma cartolina o está cobrindo e pressionando, formando um cilindro. Dessa forma, teremos o desenho do globo nesta cartolina.

É comum vermos linhas verticais, os meridianos, e horizontais, os paralelos, que se cruzam. No caso da projeção cilíndrica, essas linhas formam ângulos de 90°. Quanto mais se distancia da Linha do Equador, tanto no sentido Norte quanto no Sul, mais distorções aparecem.

Figura 1 – Projeção cilíndrica

Projeção Cônica

A ideia é a mesma da projeção cilíndrica, mas ao invés da cartolina formar um cilindro, ela forma um cone.

Assim sendo, os paralelos são curvos e os meridianos são retos, convergindo para um dos polos da Terra, Norte ou Sul, dependendo da área que você está projetando.

Graças a essas características, é mais indicado utilizar a projeção cônica quando se deseja representar áreas de média latitude. Estas são regiões do mundo que estão entre o Trópico de Câncer e o Círculo Polar Ártico ou entre o Trópico de Capricórnio e o Círculo Polar Antártico. Nelas, as distorções são menores.

Figura 2 – Projeção cônica

Projeção Azimutal (Plana ou Zenital)

A ideia é a mesma da projeção cilíndrica, mas a cartolina não envolverá o globo. Ela apenas será colocada de forma plana. Por isso essa projeção também é conhecida como plana, azimutal ou zenital.

Além disso, igualmente à projeção cônica, a azimutal apresenta paralelos curvos e meridianos retos que convergem nos polos. Essa projeção é indicada para representar os pólos e as áreas próximas a eles, ou seja, elevadas latitudes.

Figura 3 – Projeção azimutal

Classificação das projeções por posicionamento

As projeções cilíndricas, cônicas ou azimutais podem ser classificadas conforme o seu posicionamento.

A posição apresentada até agora é conhecida como Normal ou Polar, isto é, paralelo à Linha do Equador. Porém, existem outras duas.

Figura 4 – Classificação conforme o posicionamento

Além da classificação conforme o posicionamento, isso pode ser feito também de acordo com os ângulos, com a distância e com a forma, como a seguir:

  • Equivalentes: as áreas dos países são preservadas, no entanto, as distâncias e as formas são distorcidas;
  • Conformes: as formas dos países são mantidas, porém, as distâncias e as áreas são deformadas. Na Linha do Equador, as distorções são menores. Todavia, são maiores à medida que se afasta desse paralelo;
  • Equidistante: as distâncias entre os países são conservadas, mas, as áreas e as formas são alteradas; e
  • Afiláticas: as áreas, as distâncias e as formas não são preservadas, buscando distorcer, ao mínimo, todas elas.

Principais Projeções Cartográficas

Veremos a seguir as principais projeções cartográficas já elaboradas.

Mercator

Foi elaborada no século XVI por Gerhard Kremer, cartógrafo, matemático e geógrafo nascido em Flandres, atual Bélgica. Mais tarde, o cientista ficou conhecido como Gerardus Mercator. Entre as características dessa projeção, podemos destacar:

  • As formas dos países são mantidas, porém, as distâncias e as áreas são deformadas (projeção conforme);
  • Os meridianos e os paralelos se cruzam, formando ângulos de 90° (projeção cilíndrica);
  • Foi criada na época da Expansão Marítima Europeia; e
  • Como a Europa se encontra em média latitude, nessa projeção, ela fica maior do que realmente é. Assim sendo, podemos concluir que houve a intenção de deixar esse continente em destaque, por conta do Eurocentrismo.

Para identificarmos a projeção de Mercator, basta olhar para a Groenlândia, um país localizado no extremo Norte do Oceano Atlântico. Ele parece ser muito maior do que a América do Sul nesta projeção, mas na verdade, é muito menor: cerca de 2 milhões de km2 e 18 milhões de km2, respectivamente.

Curiosamente, apesar de ter sido criada há muito tempo, a Projeção de Mercator ainda é muito utilizada, evidenciando o Eurocentrismo. 

Figura 5 – Projeção de Mercator

Peters

Foi publicada na década de 1970 pelo historiador alemão Arno Peters. Essa projeção já havia sido pensada por James Gall, um astrônomo escocês, no final do século XIX, mas fora ignorada. Entre os aspectos dessa projeção, podemos mencionar:

  • As áreas dos países são preservadas, no entanto, as distâncias e as formas são distorcidas (projeção equivalente);
  • Assim como na Projeção de Mercator, a Projeção de Peters apresenta meridianos e paralelos que se cruzam, formando ângulos de 90° (projeção cilíndrica); e
  • Essa projeção é uma crítica ao Eurocentrismo, uma vez que as áreas menos desenvolvidas ficam em maior evidência.

Para identificarmos a Projeção de Peters, basta visualizar as deformações das regiões de alta latitude, haja vista que apresentam um achatamento no sentido Leste-Oeste e um alongamento no sentido Norte-Sul.

Figura 6 – Projeção de Peters

Robinson

Foi criada na década de 1960 por Arthur Robinson, geógrafo e cartógrafo estadunidense. Essa projeção caracteriza-se pelo fato de as áreas, as distâncias e as formas não serem preservadas, buscando distorcer, ao mínimo, todas elas (afilática).

Possui paralelos retos e meridianos curvos. Ela é muito utilizada para fins didáticos.

Figura 7 – Projeção de Robinson

Mollweide (Aitoff)

Foi elaborada no início do século XIX por Karl Mollweide, astrônomo e matemático alemão. Assim como a Projeção de Peters, essa também é equivalente. Além disso, conforme a Projeção de Robinson, possui paralelos retos e meridianos curvos.

 Figura 8 – Projeção de Mollweide

Hölzel

Assim como a Projeção de Peters e de Mollweide, essa também é equivalente. Além disso, possui contorno elipsoidal, como em Aitoff, com um achatamento nos pólos.

Figura 9 – Projeção de Hölzel

Goode (Homolosine)

Foi elaborada no século XIX por John Paul Goode, geógrafo e cartógrafo estadunidense. Esse cientista queria valorizar as áreas continentais.

Ele obteve sucesso, pois a maioria das terras emersas preservaram suas formas. No entanto, teve que eliminar porções oceânicas.

Figura 10 – Projeção de Goode

Anamorfose

Na verdade, não é uma projeção. São mapas que não possuem formas, áreas ou distâncias proporcionais à realidade, ou seja, não possuem escala.

A representação é baseada naquilo que se pretende destacar, seja população, urbanização, poluição, recursos hídricos etc.

Figura 11 – Projeção em Anamorfose: população total em 2017

Carta Topográfica

A carta topográfica ou mapa topográfico depende do tamanho da área que se deseja representar. São aqueles mapas que demonstram as formas de relevo, chamada de geomorfologia, e a altimetria de um dado espaço analisado.

O uso é mais comum em áreas rurais, uma vez que, durante a plantação, os grandes agricultores precisam cultivar de acordo com as curvas de níveis que são linhas imaginárias entre dois pontos que possuem a mesma altura.

Se isso não for feito, com uma chuva forte, o produtor pode perder parte do que foi plantado pela enxurrada, por exemplo.

Figura 12 – Construção de uma carta topográfica

As linhas tracejadas nas duas imagens representam as curvas de níveis. Além do cultivo agrícola, elas também devem ser respeitadas para construção de estradas. Do contrário, o asfalto será prejudicado pela enxurrada.

Cada linha possui uma altimetria, No exemplo, ela varia de 20 a 160 m. Normalmente, o ponto mais alto é marcado com um “X”. Quanto mais próximas estiverem as linhas uma das outras, mais inclinado será o relevo e quanto mais espaçadas, menos inclinado.

Além disso, essa carta mostra as nascentes de um rio. O que está mais ao Norte nasce aos 120 m de altitude, o que está ao Sul, aos 80 m e o que está ao Oeste nasce aos 60 m. Esses são valores aproximados.

Para sabermos qual margem é a direita e qual é a esquerda, basta ficar de costas para nascente. Assim, o que estiver à sua esquerda é a margem esquerda.

Escala

A escala cartográfica significa quantas vezes a realidade, como um terreno, por exemplo, foi reduzida ou aumentada para caber num pedaço de papel.

Obviamente, isso é feito proporcionalmente, ou seja, por meio de uma escala.

Por exemplo: Como reduzir proporcionalmente a área do território brasileiro para uma folha A4?

Utilizando a escala, isso é possível.

A escala cartográfica pode ser dividida em gráfica e numérica.

A escala gráfica é aquela que visualizamos num mapa. Existe uma “régua” gradual, normalmente dividida por centímetros. Ela pode ter os mais variados formatos, depende da preferência de quem está elaborando.

Figura 13 – Escala gráfica

A primeira “régua” no exemplo acima quer dizer: 1 cm no mapa representa 4 quilômetros (km) da realidade.

A segunda “régua” mostra que 1 cm no mapa representa 25 km da realidade.

Como podemos perceber, na escala gráfica, obrigatoriamente, a unidade de medida precisa aparecer, pois, além de km, existe metro (m), decâmetro (dam) etc.

Diferentemente, na escala numérica, a unidade de medida não aparece, pois sempre será em centímetros.

Por exemplo: 1:5.000.000 (ou 1/5.000.000).

Isso significa que 1 cm no mapa representa 5 milhões de centímetros da realidade. Logicamente, ninguém diz 5 milhões de cm. Dessa maneira, faz-se a conversão para km ou m.

Para não perder tempo, memorize a seguinte técnica

Por exemplo: 5.000.000 de cm para converter em km, basta deslocar 5 casas decimais, logo, teremos 50 km. Se quiser converter esse valor para m, basta deslocar 2 casas decimais, assim, teremos 50.000 m.

Os mapas podem ser minimizados ou maximizados. Tudo depende da finalidade do usuário.

Aumentar um mapa significa ampliar a riqueza de detalhes. Assim sendo, diminui-se o denominador, isto é, o número que está à direita dos “dois pontos ou barra” da escala numérica.

Por exemplo: para ampliar 5 vezes um mapa de escala 1:1.000.000, divide-se o denominador por 5, logo, 1:200.000. Dessa maneira, o mapa apresenta mais detalhes.

No Google Maps, quando damos “zoom” em uma cidade, o denominador da escala diminui. Isso significa que conseguimos visualizar mais detalhes dessa cidade. Para reduzir o mapa, aplica-se o inverso.

  • Escala pequena (menor): número (denominador) grande, menos detalhes; e
  • Escala grande (maior): número (denominador) pequeno, mais detalhes.

Assim sendo, utilizamos mapas para escala pequena. As cartas são usadas para escalas pequenas e médias e planta para escalas grandes.

Há ainda o croqui, que é um mapa elaborado sem qualquer tipo de técnica, seja escala, direção, distância, área, forma etc. Em outras palavras, é o desenho à mão livre de um mapa.

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Veja também:

Conteúdo didático elaborado pelo professor Saulo Teruo Takami.

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