23 de agosto: Dia do Aviador Naval

23 de agosto: Dia do Aviador Naval

O dia 23 de agosto é marcado como o Dia do Aviador Naval, da Marinha do Brasil. Se você tem o sonho de ingressar na força naval e pilotar os caças e helicópteros em missões reais, confira esse artigo que o Estratégia Militares preparou para você com muitas informações e dicas!

A Aviação Naval brasileira é marcada pelo pioneirismo e pela bravura dos seus militares, responsáveis pela introdução de várias técnicas e aeronaves no território brasileiro. 

E mais, o emprego dos porta-aviões e o apoio às embarcações na proteção da chamada “Amazônia Azul” são a missão dos militares da Marinha, que tem como lema: “No ar, os homens do mar!”.

O que é um aviador naval?

O aviador naval é o militar de carreira da Marinha do Brasil habilitado à pilotagem de aeronaves de asas rotativas (helicóptero) ou de asa fixa (caças). 

A aviação naval tem a característica de poder operar em navios – sendo denominada de aviação embarcada – e também a partir das bases terrestres, como a Base Aeronaval de São Pedro da Aldeia, instalada na região dos lagos do Rio de Janeiro.

Quem pode ser aviador naval?

Para ser aviador naval é necessário ser oficial da Marinha de algum dos quadros de carreira – Corpo da Armada ou Fuzileiro Naval. Para isso, você pode ingressar na Marinha por meio da Escola Naval ou pelos concursos voltados para os candidatos que possuem nível superior.

Para se tornar piloto, o oficial deve possuir o diploma do Curso de Aperfeiçoamento em Aviação para Oficiais (CAAVO). Esse curso é ministrado no Centro de Instrução e Adestramento Aeronaval Almirante José Maria do Amaral Oliveira (CIAAN), escola localizada na Base Aeronaval de São Pedro da Aldeia (RJ).

No CIAAN, o aluno é submetido a uma rigorosa bateria de exames médicos e psicotécnicos, que são classificatórios aos candidatos. Após a aprovação nos exames, o aluno é encaminhado para iniciar o Estágio Básico de Asa Rotativa (EBAR), onde terá instruções teóricas e práticas de pilotagem nos helicópteros da organização militar.

Após o estágio básico, os alunos são encaminhados para a Academia da Força Aérea (AFA), no 2º Esquadrão de Instrução Aérea (2º EIA). Na AFA, é feita uma seleção na qual os quatro melhores alunos são escolhidos para receber instruções para operação de caças em porta-aviões.

Os alunos que não são encaminhados para a AFA, retornam para a Base de São Pedro da Aldeia e ingressam no 1º Esquadrão de Helicópteros de Instrução, onde recebem instruções práticas de voo. Ao final, são encaminhados para algum Esquadrão de Helicópteros da Marinha, no Brasil.

Aeronave pousando em porta-aviões

O início da aviação naval no Brasil

O início da República brasileira foi marcado por instabilidades e incertezas políticas e econômicas. A dissolução do Congresso Nacional pelo Marechal Deodoro da Fonseca e a demora do Marechal Floriano Peixoto em convocar as novas eleições acabaram por abrir espaço para a Revolução Federalista, no Rio Grande do Sul. 

O movimento contou com alguns dos militares da  Marinha do Brasil, o que fez com que a instituição sofresse com a diminuição de verbas. Na época, a força naval foi alvo de críticas e associada à monarquia, por conta do papel desempenhado na independência do país. 

Foi então que, enquanto Alberto Santos Dumont realizava os testes no Dirigível Nº6 sobre o mediterrâneo, outro brasileiro começou a se dedicar para desenvolver outro vetor aéreo no território nacional.

Durante a Revolta da Armada, Augusto Severo, político e inventor, desenvolvia seu balão dirigível, Bartolomeu de Gusmão, no campo de tiro de Realengo, no Rio de Janeiro. O objetivo de Augusto era que o balão pudesse ser empregado contra os revoltosos do sul, pelo presidente Floriano Peixoto, porém a experiência com o dirigível não obteve êxito.

Contudo, com o estímulo e apoio de José Maria da Silva Paranhos Júnior, o Barão do Rio Branco, o Congresso Nacional aprovou, em 1904, um grande programa de reaparelhamento naval. Nessa época, o país vivia o ciclo da borracha e do café, queatraiu grandes remessas de dinheiro para os cofres públicos brasileiros.

No ano de 1906, o Ministro da Marinha, Almirante Júlio César de Noronha, assinou um contrato com estaleiros ingleses para a construção de três encouraçados. Contudo, em 1906, sob a presidência de Afonso Pena, o Contra-Almirante Alexandrino Faria de Alencar, assumiu o Ministério da Marinha e foi o responsável pela revisão do programa de reaparelhamento naval de 1904.

A encomenda dos três encouraçados foi cancelada e a verba redirecionada para dois navios que no futuro se materializaram nos Porta-Aviões Minas Gerais e São Paulo.

Em 1911, foi criado o Aeroclube do Brasil, tendo Santos Dumont como o presidente de honra, e o Almirante José Carlos de Carvalho como presidente efetivo. 

Em setembro do mesmo ano, a Marinha enviou para a École Farman, na França, o 1º Tenente Jorge Henrique Moller, que se tornou o primeiro militar latino-americano a receber o brevê de aviador.

Em fevereiro de 1914, foi criada a Escola Brasileira de Aviação, no Campo dos Afonsos, por uma parceria entre os ministérios da Guerra e da Marinha e a empresa Gino, Buccelli & Cia, que comprometeu-se a fornecer equipamentos e instrutores para formar aviadores militares.

No dia 23 de agosto de 1916, na Ilha do Rijo, situada a leste da Ilha do Governador, foi o local escolhido para abrigar a Escola de Aviação Naval (EAvN) e a Escola de Submersíveis. A criação da EAvN foi o marco que estabeleceu o Dia da Aviação Naval na Marinha. O local, porém, não dispunha de estrutura suficiente para receber as novas organizações.

Assim, pouco tempo depois, a Escola de Aviação Naval foi transferida para a Ilha das Enxadas, onde foram construídos dois hangares para quatro aeronaves. Em 17 de janeiro de 1917, foi aprovado o Regulamento da Escola de Aviação Naval, que estabelecia:

“A Escola de Aviação Naval tem por fim preparar aviadores para o desempenho dos seguintes serviços, compatíveis com a natureza dos apparelhos: 

a) defesa de portos, vigilância do littoral e outros serviços que forem de caracter urgente; 

b) reconhecimentos estratégicos; 

c) caça aos apparelhos inimigos; 

d) reconhecimento de forças inimigas; 

e) operações offensivas em pontos fortificados, vias de communicação, depositos, etc.; 

f) observação do tiro de artilharia; e 

g) conservação e reparo do material de aviação.” 

A Aviação Naval atualmente

O Comando da Força Aeronaval (ComForAerNav) foi criado por um Aviso Ministerial nº 1.003, de 5 de junho de 1961. A criação do Comando da Força Aeronaval gerou um grande impasse entre a Marinha do Brasil e a Força Aérea Brasileira (FAB).

Nessa mesma época, foi criado e instalado o Centro de Instrução e Adestramento Aeronaval Almirante José Maria do Amaral Oliveira (CIAAN), na Avenida Brasil, no centro do Rio de Janeiro, para a formação das primeiras turmas de mecânicos e aviadores navais. 

Posteriormente a Escola de Aviação da Marinha foi transferida para a Base Aeronaval de São Pedro da Aldeia (BAeNSPA), cidade de São Pedro da Aldeia (RJ). A base foi criada em 10 de maio de 1966, sendo a única base aérea da Marinha do Brasil. 

Ela ocupa um grande terreno de 1.240,7 hectares, situado às margens da Lagoa de Araruama, na Região dos Lagos do Estado do Rio de Janeiro. 

Helicóptero e navios da Marinha
Divulgação: Flickr/Marinha do Brasil

A Base Aeronaval executa os serviços de manutenção e reparos de 2º e 3º escalões nas aeronaves de todas as Unidades Aéreas da Aviação Naval. Cabe-lhe também desenvolver tecnologias aplicáveis à manutenção dos meios aeronavais. 

Para isso, a Divisão Industrial da Base conta com máquinas, oficinas e pessoal especializado de alto nível, capaz de realizar serviços estruturais, em sistemas elétricos e dinâmicos, inspeções programadas, análises e ensaios de diversas naturezas, calibração de instrumentos, balanceamento de aeronaves, além de outros serviços. 

Vale também mencionar a presença do Museu da Aviação Naval, na BAeNSPA . Ele foi criado em 23 de agosto de 2000 para resgatar e manter o acervo histórico da Aviação Naval, contribuir para a difusão do conhecimento sobre seu patrimônio histórico e estimular o desenvolvimento da mentalidade marítima no público em geral.

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