Revolução russa: o colapso, a Nova Política Econômica e a URSS

Revolução russa: o colapso, a Nova Política Econômica e a URSS

A Nova Política Econômica, o colapso da estrutura de governo e a criação da URSS foram os acontecimentos que antecederam a ascensão de Stálin ao poder da Rússia. Confira nesse artigo, que o Estratégia Militares preparou para você, sobre a revolução russa, com muitas informações e curiosidades para você aprofundar seus estudos e garantir sua aprovação militar!

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A luta entre o Exército Branco e o Exército Vermelho na Rússia

O governo bolchevista adotou uma eficiente estratégia para vencer o Exército Branco, no qual executou diversas medidas sociais e econômicas, de cunho radical, conhecidas como comunismo de guerra. 

Em meio a guerra, o governo determinou:

  • A nacionalização de todas as empresas que empregavam ao menos cinco operários, o que significou a expropriação completa da grande indústria e da maior parte das médias e pequenas empresas;
  • Confiscou as grandes propriedades fundiárias, sem conceder indenizações;
  • Tornou obrigatória a entrega pelos camponeses da colheita de cereais, com exceção da parte destinada ao consumo próprio;
  • Iniciou a organização de propriedades agrícolas coletivas, de produção e de consumo, completa ou parcialmente coletivizadas; 
  • Estabeleceu a igualdade dos salários; e 
  • A obrigatoriedade do trabalho.

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Assim, após quatro anos de luta e nove milhões de mortos, o confronto terminou com a vitória dos “vermelhos” chefiados por Trotsky, em 1921.

O colapso econômico-social e a Nova Política Econômica russa

Ao final da guerra civil, o governo revolucionário estava consolidado. Contudo, a Rússia estava totalmente devastada, tendo retrocedido a um nível de desenvolvimento econômico bem anterior ao existente antes da Primeira Guerra Mundial.

A indústria soviética apresentava apenas 20% da produção que possuía em 1914. Nesse contexto, mais preocupantes eram as condições de vida da população. Calcula-se que, entre 1914 e 1921, morreram de fome, de frio e de epidemias entre 15 e 20 milhões de pessoas.

Somente em 1920, morreram mais de 3,5 milhões de russos devido a uma epidemia de tifo e a cidade de Petrogrado, que chegara à casa dos dois milhões de habitantes, tinha, nessa época, menos de 700.000 pessoas.

Era também muito grave o enfraquecimento da classe operária. Em 1919, havia três milhões de operários. Um ano depois, esse número havia caído pela metade e em 1921, não passava de 1,25 milhão.

Revolta social contra a miséria e a reação do governo russo

A Rússia vivia uma crise social aguda, que provocou manifestações de insatisfação interna entre os camponeses e os centros militares, como o dos marinheiros de Kronstadt, importante base naval russa no Mar Báltico. Eles pediam a restauração dos sovietes livremente eleitos, o fim da ditadura do partido único e a legalização dos partidos de esquerda banidos.

A rebelião foi violentamente sufocada por batalhões fiéis ao governo de Lênin, os quais foram comandados por Trotsky.

Os próprios operários que compunham a base de apoio ao partido passaram a olhar para alguns dirigentes com desconfiança e demonstravam certo receio em seguir uma liderança que, segundo eles, continuava arrastando-os por um caminho de lutas e sacrifícios.

Como a Nova Política Econômica foi criada na Rússia?

Buscando resolver todos esses problemas, o governo comandado por Lênin criou, em fevereiro de 1921, uma Comissão Estatal de Planejamento Econômico (Gosplan), para coordenar a reorganização da economia russa.

Em março desse mesmo ano, teve início a adoção de um programa de recuperação denominado Nova Política Econômica (NEP), em substituição ao comunismo de guerra. 

A presença de componentes capitalistas da NEP era defendida por Lênin, como “um passo atrás, para dar dois passos à frente”. Ou seja, abriu-se espaço para alguns empreendimentos de iniciativa particular que, em colaboração com as empresas estatais, deveriam promover o reerguimento econômico do país.

Não se tratava de um recuo ideológico na direção do capitalismo, mas sim, de uma manobra tática, pois Lênin imaginava que o setor socializado acabaria por esmagar o setor privado. 

Quais as características da Nova Política Econômica?

A NEP caracterizou-se como uma economia híbrida, formada pelos ideais do socialismo e do capitalismo. Suas principais medidas foram:

  • O Estado soviético conservou o controle do comércio exterior, dos transportes, dos bancos e da grande e média indústria, ao passo que quase toda a agricultura, o comércio interno e a pequena indústria seriam controlados pela iniciativa privada;
  • As requisições forçadas de alimento foram suprimidas e se instituiu o imposto alimentar;
  • Foi restabelecida a liberdade de comércio do trigo e de outros cereais;
  • Permitiu-se o emprego de trabalhadores assalariados pelos kulaks; e
  • Concedeu-se o arrendamento de lotes de terras que não podiam naquele momento ser cultivados sob iniciativa direta do Estado.

Além disso, visando atrair investimentos privados para o setor industrial, foram feitas várias concessões, tais como:

  • A permissão aos artesãos de vender livremente o que produziam;
  • O arrendamento das usinas a investidores particulares;
  • O retorno das empresas com menos de vinte trabalhadores para a iniciativa privada; a criação de companhias mistas com capitais soviéticos e estrangeiros;
  • A realização de empréstimos no exterior ou no próprio país; e 
  • A supressão da igualdade de salário e o restabelecimento da obrigatoriedade do pagamento de salários em dinheiro.

Com essas medidas, a produção industrial começou a sair da completa estagnação.

Consolidação do Partido Comunista na Rússia

Durante os anos em que vigorou a NEP, a relativa liberalização econômica não foi acompanhada pela liberalização política. Nessa época, consolidou-se na Rússia o centralismo governamental com a supremacia do Partido Comunista.

A consolidação do Partido como instituição mais importante do governo revolucionário russo foi acompanhada e possibilitada pela progressiva burocratização do Estado. 

Visando obter o máximo de controle sobre a população – com a justificativa de que somente assim o socialismo seria preservado – o Partido Comunista desenvolveu novas estruturas administrativas que, pouco a pouco, foram sendo inseridas no cotidiano da população russa, submetendo-a ao controle e à rígida vigilância dos burocratas do Estado.

Criação da URSS e o início da carreira política de Stálin

A expansão da burocracia possibilitou a ascensão a cargos centrais da administração pública de pessoas menos ligadas à liderança pública e do movimento revolucionário. A principal delas, que ascendeu com o processo de burocratização do Estado, foi Josef Stálin. Ele conseguiu articular uma poderosa rede de aliados nos cargos mais importantes do governo, garantindo-lhe crescente influência política.

Em 30 de dezembro de 1922, foi fundada a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), reunindo sete repúblicas: 

  • Rússia;
  • Turcomenistão;
  • Ucrânia;
  • Rússia Branca;
  • Uzbequistão;
  • Turcomenistão; e
  • Tadjiquistão.

Nesse contexto, o partido bolchevista passou a denominar-se Partido Comunista da União Soviética (PCUS).

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Referências bibliográficas

  • CARR, E. H. A Revolução Russa de Lênin e Stálin (1917-1929). Rio de Janeiro: Zahar, 1981.
  • DEUSTSCHER, Isaac. Stálin, história de uma tirania. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1972.
  • HILL, Christopher. Lênin e a Revolução Russa de 1917. São Paulo: Perspectiva, 1974.
  • WILSON, Edmund. Rumo à estação Finlândia. São Paulo: Companhia das Letras, 1987. 
  • VICENTINO, Cláudio. Rússia – antes e depois da URSS. São Paulo: Scipione, 1995.
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