Revolução russa: revoluções de fevereiro, de outubro de 1917 e mais!

Revolução russa: revoluções de fevereiro, de outubro de 1917 e mais!

A revolução russa foi envolvida de outras revoluções, como as de fevereiro e de outubro de 1917, que marcaram o fim do czarismo na Rússia e a ascensão da classe proletária ao poder do país com a maior extensão territorial do planeta.

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Como foi a Revolução Russa de fevereiro de 1917?

Em fevereiro de 1917, um número significativo de tecelãs saiu às ruas em comemoração ao Dia Internacional da Mulher e mais de 90 mil operários iniciaram uma greve que, com o passar dos dias, foi recebendo maiores adesões. Os manifestantes exigiam pão, o fim do regime autocrático e a saída da Rússia da Primeira Guerra Mundial

Apesar da intervenção da polícia e dos choques violentos, houve a adesão de parte do Exército. Os amotinados invadiram o Palácio de Inverno de Petrogrado, nome adotado pela capital São Petersburgo após o início da guerra em 1914, e investiram contra o edifício da Duma, o Parlamento russo. 

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Nicolau II viu-se obrigado a refugiar-se no quartel do comando-geral do exército russo, sendo forçado a abdicar.

Esse processo ficou conhecido como Revolução de Fevereiro, também chamada de Revolução de Março, já que o calendário russo era caracterizado com um mês de atraso em relação ao do mundo ocidental. 

Organizou-se, então, um governo provisório formado por políticos da Duma em colaboração com representantes de trabalhadores de Petrogrado. Ele ficou sob a liderança do príncipe Lvov e teve o menchevista Kerensky como Ministro da Guerra.

O fim do czarismo na Rússia

O czarismo chegava ao fim e o primeiro governo constituído era controlado pela burguesia liberal. Participaram também vários segmentos da nobreza, que aliaram-se aos burgueses do Partido Kadet, única força política revolucionária não proletária com um mínimo de organização em 1917.

O governo da classe burguesa na Rússia e o retorno de Lênin

Até outubro, a vida política russa foi caracterizada pela dualidade de poderes. De um lado, a Duma, que instituiu uma República Parlamentar de caráter burguês. De outro, os sovietes, que voltaram a aparecer como forma de organização política dos trabalhadores no calor da revolução, reunindo como deputados, operários e soldados de cada fábrica e regimento sob liderança dos sovietes de Petrogrado.

Nesse período, o governo da Duma determinou a libertação de milhares de presos e permitiu que os exilados voltassem ao país.

Lênin, que havia sido exilado desde a repressão czarista ao movimento revolucionário de 1905, partiu da Suíça com destino à Rússia em um trem cedido pelo governo alemão, com mais 29 exilados russos. A viagem com destino a Petrogrado foi feita por território alemão, sueco e finlandês.

O primeiro pronunciamento de Lênin após o retorno do exílio

Quando desceu na estação ferroviária, uma multidão o esperava e desejava ouvi-lo. Conforme citado por WILSON (1987), Lênin fez o seguinte pronunciamento:

[…] O povo precisa de paz; o povo precisa de pão; o povo precisa de terra. E eles lhes dão guerra, fome, nada de pão – deixaram os proprietários continuarem controlando a terra. […] Precisamos lutar pela revolução social, lutar até o fim, até a vitória completa do proletariado. Viva a revolução social mundial! “.

O povo desejava que o novo governo anunciasse a saída da Rússia da Primeira Guerra, pois estava exausto de tantas privações e lutas. De fato, o Governo Provisório tentou negociar uma paz sem anexações e indenizações, mas não obteve êxito. 

Ao anunciar a permanência da Rússia na guerra e a aprovação de uma ofensiva geral contra os alemães, teve início uma violenta onda de protestos que foi canalizada pelos bolchevistas sob a liderança de Lênin.

Revolução russa: a revolução de Outubro de 1917

Em uma conferência, na qual 151 delegados representavam 80 mil filiados, os bolcheviques aprovaram as Teses de Abril, que se resumem na expressão “pão, paz e terra” e defenderam a tomada de poder pelo proletariado, exigindo “todo o poder aos sovietes”. 

Origem da Guarda Vermelha russa

Trotsky organizou uma milícia armada, a Guarda Vermelha, a fim de poder enfrentar e derrubar o governo dos menchevistas. O movimento ganhou força com a desobediência de soldados e marinheiros, que se negavam a cumprir ordem oficiais, com a reforma agrária realizada pelos camponeses e com a formação dos Comitês de Fábrica, que assumiram o controle do emprego, do abastecimento e da produção. 

Deposição do Governo Provisório e a tomada do poder pelos bolcheviques

Foi criado, também, o Comitê Militar Revolucionário, visando pressionar o Governo Provisório. O desgaste desse governo acelerou-se, quando em 23 de outubro, as tropas aderiram aos sovietes de Petrogrado. 

Em 25 de outubro, os bolchevistas tomaram o Palácio de Inverno de Petrogrado e estabeleceram o Conselho de Comissários do Povo, que deveria coordenar todos os sovietes sob a presidência de Lênin. Era a chamada Revolução de Outubro.

A Consolidação da Revolução Russa

Uma vez vitoriosa a revolução, o Conselho dos Comissários do Povo proclamou a “ditadura do proletariado” e iniciou a implantação de uma série de medidas condizentes com o ideário socialista:

  • Suprimiu a propriedade fundiária, entregando terra gratuita aos camponeses;
  • Instituiu o controle operário nas fábricas, nacionalizou os bancos, as indústrias as estradas de ferro e o comércio exterior;
  • Proclamou o não reconhecimento das dívidas externas da Rússia;
  • Adotou o princípio da “aliança livremente consentida e sincera dos povos da Rússia”, pelo qual se autorizava que as diferentes etnias formassem Estados independentes, desde que mantivessem algumas relações com a Rússia; e
  • Adotou o regime do partido único – o Partido Comunista (antigo Partido Bolchevista).

Com relação à guerra, o governo revolucionário proclamou a necessidade de se fazer uma paz imediata. Lênin defendia a retirada da Rússia do conflito sob quaisquer condições. Assim, o país terminou por assinar com a Alemanha o Tratado de Brest-Litovsk, que impôs condições extremamente duras aos russos. 

O governo russo deveria:

  • Reconhecer a independência da Finlândia, da Polônia, da Estônia, da Letônia, da Lituânia e da Ucrânia; 
  • Entregar Batum, Argadã e Kars ao Império Turco-Otomano; 
  • Desmobilizar seus exércitos; 
  • Manter seus navios de guerra atracados nos portos russos; e 
  • Reconhecer a perda dos territórios que estavam ocupados pelo Exército Alemão. 

O tratado implicaria a perda de metade do território russo na Europa e 75% de suas indústrias pesadas, além do pagamento de seis bilhões de marcos-ouro em reparações. Os termos desse acordo foram anulados pelos aliados após a derrota alemã na Guerra.

Apesar da assinatura do tratado em separado com a Alemanha, a Rússia não conseguiu manter a paz dentro de suas fronteiras, pois foi iniciado um duro combate entre as correntes políticas que disputavam o poder na revolução.

A guerra entre o Exército Vermelho e o Exército Branco russo

As decisões do governo revolucionário provocaram a reação de grupos contra revolucionários, genericamente denominados de russos brancos, os quais congregavam os sociais-democratas, os menchevistas, os kadetes, os oficiais czaristas e os partidos do antigo Governo Provisório, que contavam com o apoio de diversas potências estrangeiras.

Assim, o país viu-se mergulhado em uma sangrenta Guerra Civil, entre 1918 e 1921, com o confronto entre o Exército Vermelho e o Exército Branco que contou com o reforço das tropas francesas, inglesas, japonesas e estadunidenses. Porém deve-se ressaltar que essa ajuda fora limitada, uma vez que esses países haviam acabado de sair da Primeira Guerra Mundial.

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Referências bibliográficas

  • CARR, E. H. A Revolução Russa de Lênin e Stálin (1917-1929). Rio de Janeiro: Zahar, 1981.
  • DEUSTSCHER, Isaac. Stálin, história de uma tirania. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1972.
  • HILL, Christopher. Lênin e a Revolução Russa de 1917. São Paulo: Perspectiva, 1974.
  • WILSON, Edmund. Rumo à estação Finlândia. São Paulo: Companhia das Letras, 1987. 
  • VICENTINO, Cláudio. Rússia – antes e depois da URSS. São Paulo: Scipione, 1995.

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