Crise yanomami: como funciona a atuação humanitária das Forças Armadas?
Yanomami atendida no HCAMP. Crédito: Divulgação/FAB

Crise yanomami: como funciona a atuação humanitária das Forças Armadas?

A tragédia sanitária e humanitária do povo indígena yanomami veio à tona no começo do ano de 2023 e, desde então, o Governo Federal e diversos grupos da sociedade se levantaram para socorrê-los. As Forças Armadas, em especial o Exército e a FAB, têm cumprido um papel essencial nas operações de ajuda aos yanomamis! 

Quer entender como funciona a atuação humanitária das Forças Armadas? Separamos para você as principais informações sobre as operações de transporte e proteção do território yanomami. Confira! 

Quem são os yanomami?

Os yanomami – também chamados de yanoama, yanomani ou ianomami – são uma etnia indígena que habita a região da fronteira entre o estado de Roraima e a Venezuela. A estimativa é que sua população na América do Sul seja por volta de 35 mil pessoas. Sua forma de subsistência gira em torno da pesca, da caça e da agricultura. 

O contato dos yanomami com não-indígenas é relativamente recente, já que ocorreram pela primeira vez nas décadas de 1910 e 1940. A Terra Indígena Yanomami é uma reserva ambiental brasileira demarcada por um decreto federal de 1992. Ela cobre mais de 9 milhões de hectares e ocupa uma área montanhosa de difícil acesso. 

Nos últimos anos, os yanomami têm sofrido com a invasão ilegal de garimpeiros. A atividade contamina os rios e solos, necessários para a subsistência das comunidades indígenas. Além disso, a presença do homem branco expõe os yanomami a doenças desconhecidas, causando epidemias. 

A atual situação crítica da comunidade yanomami inclui graves casos de desnutrição, infestação de vermes e malária, além de algumas doenças tratáveis como diarréia e pneumonia. 

Vários setores da sociedade, as Forças Armadas e o Governo Federal se mobilizaram para atender a comunidade indígena. Entenda a seguir como é a atuação dos militares brasileiros. 

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Os yanomami e as Forças Armadas

O trabalho das Forças Armadas com os yanomami não é algo de agora. Várias operações já foram realizadas para levar assistência médica e suprimentos a essas comunidades em anos anteriores, como a Missão Expedição Yanomami, em 2015, e a Operação Covid-19, em 2020 e 2021. 

Em 2023, o apoio humanitário por parte das Forças Armadas aos yanomamis recebeu o nome de Operação Yanomami. Ao mesmo tempo, as ações de defesa do território indígena e combate ao garimpo ilegal na região receberam o nome de Operação Escudo Yanomami. 

As ações são coordenadas pelo Comando Operacional Conjunto Amazônia, sendo que o Major-Brigadeiro Raimundo Nogueira Lopes Neto, da FAB, é o responsável por liderá-las. É a primeira vez que a FAB assume o comando de uma operação conjunta com o envolvimento das três Forças Armadas.  

Operação Yanomami

A ação humanitária concentra-se em dois aspectos: levar alimentos e apoio médico às comunidades yanomamis afetadas. O Hospital de Campanha da Aeronáutica (HCAMP) foi instalado em Boa Vista (RR) com o objetivo de receber e estabilizar os casos mais graves. 

Médicas militares no Hospital de Campanha da Aeronáutica. Crédito: Divulgação/FAB

O HCAMP está sob o comando da Major médica Juliana Freire Vandesteen e conta com 31 militares médicos. Os indígenas são transportados para lá com o apoio da FAB e do Exército. Há um foco especial no atendimento de crianças e mulheres grávidas. 

o envio de suprimentos é uma atividade de intenso planejamento logístico, devido a grande quantidade de carga e a dificuldade de acesso às comunidades yanomami. Para fazer o transporte diário até o Quarto Pelotão de Fronteira, em Surucucu, as grandes aeronaves KC-390 Millennium e do C-105 Amazonas têm sido utilizadas. 

Infográfico sobre a Operação Yanomami. Crédito: Divulgação/FAB

As cargas, que chegam a toneladas, são lançadas do avião por paraquedas – isso porque a infraestrutura da região não é compatível com o pouso de aeronaves de asas fixas. De Surucucu, as cestas básicas e medicamentos são levados às centenas de aldeias espalhadas pela região por meio do helicóptero militar H-60 Black Hawk. 

O H-60 Black Hawk sendo carregado com cestas básicas. Crédito: Divulgação/FAB

Por dia, os militares conseguem levar suprimentos para cerca de dez comunidades. Além de fazer a entrega, eles ainda verificam o estado de saúde dos indígenas e fazem a evacuação de casos graves até um centro de atendimento médico mais adequado. 

A FAB mostrou em vídeo como são feitos os lançamentos múltiplos de toneladas de suprimentos. Confira a seguir: 

Operação Escudo Yanomami

Já a Operação Escudo Yanomami é voltada para combater o garimpo ilegal em Roraima. Foi criada uma Zona de Identificação de Defesa Aérea (ZIDA), dividida em quatro áreas: 

  • Área Branca: área reservada; 
  • Área Amarela: área restrita; 
  • Área Vermelha: área proibida, onde só as aeronaves envolvidas na Operação podem circular. 

Quem descumprir as determinações, estará sujeito às Medidas de Policiamento do Espaço Aéreo (MPEA), que podem incluir a detenção de quem estiver voando sem autorização. 

Veja o infográfico explicativo da Operação Escudo Yanomami divulgado pela FAB: 

Infográfico da Operação Escudo Yanomami. Crédito: Divulgação/FAB

Como é a ajuda humanitária das Forças Armadas?

Embora seja normal associar as Forças Armadas a situações de guerra e a outros tipos de conflitos violentos, a atuação cotidiana dos militares brasileiros está muito ligada também ao auxílio humanitário às populações necessitadas do país, como tem sido com as comunidades yanomami. 

Muitas vezes, os militares são os únicos capazes e treinados para alcançar lugares de difícil acesso, onde vivem esses povos. Como a Força Aérea Brasileira explica em sua página: “Há 82 anos, com o objetivo de defender, integrar e controlar a nação, a FAB realiza ajuda humanitária ao atender e contribuir para preservar povos tradicionais de todo o país”. 

Seguem algumas atividades humanitárias que fazem parte da atuação das Forças Armadas, em especial da FAB: 

  • Evacuação Aeromédica (EVAM): remoção de feridos e doentes para locais com assistência médica adequada; 
  • Transporte de profissionais de saúde: cabe à FAB levar as equipes médicas e seus equipamentos para as comunidades indígenas de difícil acesso; 
  • Transporte de vacinas e medicamentos: campanhas de vacinação e entrega de medicamentos também são feitos pelos militares, um exemplo foi a Operação Covid-19; 
  • Instalação de hospitais de campanha: as Forças Armadas contam com diversos profissionais especialistas em suas fileiras, inclusive médicos. Estes são enviados para instalação de hospitais de campanha em situação de crise; 
  • Transporte de alimentos: toneladas de cestas básicas são levadas às comunidades indígenas que necessitam, um feito que só é possível devido às aeronaves da FAB; 
  • Construção e manutenção de aeródromos: em lugares de difícil acesso é necessário criar pistas de pouso que possibilitem a entrega de suprimentos. A criação, manutenção e proteção desses aeródromos é responsabilidade dos militares. 

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Referências: 

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