Primeira Guerra Mundial: O fim do conflito e a paz dos vencedores

Primeira Guerra Mundial: O fim do conflito e a paz dos vencedores

Você sabia que as condições de paz para o fim da Primeira Guerra Mundial foram estabelecidas em uma conferência no Palácio de Versalhes, em Paris, entre os dias 12 de janeiro e 28 de junho de 1919 Confira nesse artigo, que o Estratégia Militares preparou para você, os detalhes do fim da Primeira Guerra.

O encontro após a rendição da Alemanha reuniu 27 países aliados, mas excluiu das discussões os vencidos e a Rússia socialista. Cada país queria impor seus interesses, o que provocou debates bastante tumultuados. 

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O presidente dos Estados Unidos, Woodrow Wilson, apresentou um programa de paz que ficou conhecido como Quatorze Pontos de Wilson. Esse programa defendia uma “paz sem vencedores”, ou seja, o fim da Guerra sem a responsabilização de nenhum dos países envolvidos no conflito, o que provocou descontentamentos entre os participantes. 

Entretanto, aos membros da Tríplice Entente interessava considerar os derrotados como responsáveis pelas perdas humanas e materiais dos vencedores. O único item dos Quatorze Pontos de Wilson aceito foi a criação de uma Sociedade ou Liga das Nações com o objetivo de garantir a independência dos Estados e a paz mundial.

Essa conferência elaborou tratados de paz, em separado, para cada uma das nações vencidas. Coube à Alemanha assinar o Tratado de Versalhes.

O fim da Primeira Guerra, o Tratado de Versalhes e as consequências para a Alemanha

Como não foi permitida a participação de representantes da Alemanha nas reuniões de elaboração do tratado, os alemães passaram a considerá-lo como uma sentença imposta por um tribunal, um verdadeiro ditado imposta ao povo alemão. 

Suas determinações tinham o objetivo de impedir que a Alemanha se fortalecesse novamente e voltasse a ser uma ameaça aos interesses ingleses e franceses dentro da Europa.

A princípio, os representantes do governo republicano provisório recusaram-se a assinar o Tratado de Versalhes, alegando que seus termos eram duros demais. Alguns preferiram se demitir a assiná-lo. Então, os “Três Grandes” – Estados Unidos, França e Inglaterra – avisaram que a Alemanha seria invadida se não aceitasse o Tratado. 

Ao governo provisório alemão não coube outra atitude senão a de assinar o Tratado de Versalhes. São algumas determinações do Tratado de Versalhes:

  1. A Alemanha deveria entregar a Alsácia-Lorena à França; o Eupen e Malmedy à Bélgica; o Schleswig-Holstein à Dinamarca; a maior parte da Posnânia à Polônia, formando o “Corredor Polonês” para o acesso daquele país ao mar por meio da cidade de Dantzig;
  2. As minas de carvão do Sarre deveriam ser entregues à França, que teria o direito de explorá-las durante quinze anos. Findo esse prazo, o governo alemão poderia comprá-las novamente;
  3. A Alemanha seria desarmada: seu exército ficaria reduzido a 100 mil homens, ficando proibida de possuir artilharia pesada e aviões, além de não poder poder produzir armas;
  4. A região da Romênia deveria ser desmilitarizada;e
  5. A Alemanha seria considerada culpada pelo conflito, devendo pagar dívidas de guerra e indenização, que seriam calculadas pela Comissão de Reparações de Guerra. Em 1921, a Comissão fixou o montante da dívida em 33 bilhões de dólares, o triplo da quantia calculada pelos peritos economistas da Conferência de Versalhes.

No total, o tratado fazia com que a Alemanha perdesse um sexto de suas terras aráveis, dois quintos do seu carvão, dois terços do seu ferro e sete décimos do seu zinco. 

Perderam um oitavo do seu gado e enormes quantidades de materiais de construção e máquinas. As colônias alemãs foram distribuídas entre os vencedores. 

A França recebeu Camarões e uma parte de Togo; a Inglaterra ficou com a África Oriental e o sudoeste africano, e os demais territórios foram divididos entre a Bélgica, a Nova Zelândia, o Japão e a Austrália.

Avião de guerra

Outros tratados decorrentes da Primeira Guerra

Os países vencedores elaboraram, também, tratados para cada um dos aliados da Alemanha, Áustria, Hungria, Bulgária e Turquia.

A Áustria assinou o Tratado de Saint-Germain-en-Laye. Por ele, a Áustria deveria reconhecer a independência da Hungria, da Tchecoslováquia, da Iugoslávia e da Polônia, cedendo grandes porções de seu território. Foi obrigada a entregar à Itália o Trieste, o Tirol Meridional e a Península da Ístria. Ficou reduzida a um Estado pequeno, sem acesso ao mar, com quase um terço de sua população concentrada na cidade de Viena.

O Tratado de Trianon foi assinado pela Hungria, que cedeu a Croácia para a Iugoslávia, a Eslováquia para a Tchecoslováquia e a Transilvânia para a Romênia. Seu território foi reduzido de 325.000 para 900.000 quilômetros quadrados e sua população, de 22 milhões para 8 milhões de pessoas.

O Tratado de Neuilly coube à Bulgária, que recebeu um tratamento mais brando por não ter tomado parte ativa nas provocações para a Guerra. Mesmo assim, teve de entregar quase todas as regiões que ocuparam desde a primeira Guerra Balcânica.

O Tratado de Sèvres foi assinado em 1920 pela Turquia. Entretanto, um movimento nacionalista turco decidiu impedir a concretização das determinações de Sèvres. Os aliados aceitaram fazer uma revisão no texto e, em 1923, foi assinado o Tratado de Lausanne revendo as cláusulas territoriais.

Se as potências vitoriosas da Primeira Guerra acreditavam que com esses tratados estariam  eliminando de vez as possibilidades da eclosão de uma nova guerra, erraram. Vinte anos depois, o mundo estava novamente em guerra.

O balanço sobre o fim da Primeira Guerra Mundial

Da mesma forma que a Guerra atingiu vários continentes, seus efeitos foram muito abrangentes, atingindo o mundo todo. Foi um conflito travado entre potências industriais e comerciais, o que aumentou esse poder de destruição. 

As perdas humanas foram consideráveis, estimam-se mais de 16 milhões de mortos – incluindo a população civil – que sofreu a ação dos bombardeios, das invasões, das epidemias e da fome.

A economia europeia se desarticulou, gerando uma profunda crise com altas taxas de inflação, desemprego e miséria. Eclodiram grandes movimentos populares contra a ordem burguesa, que inspirados nos revolucionários russos, provocaram forte repressão por parte dos governos constituídos. 

Após o declínio econômico da Europa, o mundo assistiu à ascensão dos Estados Unidos, que, de devedores, tornaram-se credores dos europeus, firmando-se como uma potência de grande prestígio político e grande poder econômico.

Aparentemente, devido à queda dos antigos impérios autocráticos, a Guerra resultou na vitória dos princípios liberais e democráticos. Entretanto, nos anos que se seguiram, a instabilidade política e a crise econômica deram oportunidade para o aparecimento de doutrinas antidemocráticas e o estabelecimento de Estados fascistas, principalmente na Itália e na Alemanha.

As mulheres, trabalhando patrioticamente nas fábricas e nos serviços de guerra, entraram para o mercado de trabalho em escala desconhecida anteriormente. Encontrando, por esse meio, base econômica para sua maior independência, muitas permaneceram trabalhando. 

O papel desempenhado por elas no esforço de guerra, especialmente na Grã-Bretanha, tornou irresistíveis suas exigências de direito ao voto, após a Guerra.

A Guerra marcou o fim do otimismo inconsequente […]. A sociedade burguesa entrou em uma fase de insegurança e incerteza. Tornou-se evidente, para várias faixas da intelectualidade, que a próspera civilização criada pelo capitalismo era capaz de barbarismos e brutalidades em seus conflitos […]. LOPEZ, Luiz Roberto. História do século XX. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1983. p. 21.


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