Guerra entre Rússia e Ucrânia completa um ano

Guerra entre Rússia e Ucrânia completa um ano

No dia 24 de fevereiro de 2022, o mundo se surpreendeu com a notícia de que a Rússia havia invadido a Ucrânia. Embora ambos os países vivessem uma guerra retórica por disputas territoriais, muitos líderes internacionais não acreditavam que o presidente russo Vladimir Putin colocaria em prática a ação contra o país vizinho. 

Mas às 5 horas da manhã (meia-noite no horário de Brasília), ele ordenou a ação militar de invasão à Ucrânia. O fato assustou a comunidade internacional e desencadeou uma das maiores crises geopolíticas das últimas décadas.

Um ano depois, muita coisa aconteceu e a guerra parece se manter em um grande impasse. Para marcar a data, o Estratégia Militares traz o resumo dos acontecimentos de um dos grandes conflitos no território europeu. Confira!

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Origens da guerra

Manifestação na Praça da Independência, na capital Kiev, em 2014

Os desentendimentos entre os dois países acontecem há bastante tempo. Durante grande parte do século 20, período em que integrou a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), a Ucrânia enfrentou interferências militares, uma dramática escassez de alimentos (conhecida como Holodomor) e foi vítima do maior acidente nuclear do mundo (Chernobyl). Com a desintegração da URSS, no início dos anos 1990, a Ucrânia se tornou um país livre. Porém a tensão entre os dois países permaneceu. 

Para entender a atual guerra entre Rússia e Ucrânia, é preciso levar em conta os acontecimentos de 2014. Esse foi o ano em que os cidadãos ucranianos tomaram as ruas em protesto contra o presidente do país, Viktor Yanukovych, que tinha orientação pró-Rússia.

Na época, os cidadãos se levantaram contra a decisão do presidente ucraniano de não assinar um acordo de associação com a União Europeia, em 21 de novembro de 2013. O movimento de 2014 ficou conhecido como Euromaidan e exigia, além do estreitamento de laços com a União Europeia, a destituição de Yanukovych do poder. 

Os protestos conseguiram tirá-lo da presidência do país, culminando na Revolução de Fevereiro de 2014.

Crimeia

Após a derrubada do presidente Yanukovych e seu governo, ativistas anti-revolução e pró-Rússia começaram a protestar na península da Crimeia, seguidos por manifestações em diversas cidades do sul e do leste ucranianos, como Odessa, Donetsk, Kharkiv e Lugansk. 

Com o aumento dos protestos na Crimeia, homens armados pró-Rússia começaram a tomar o poder na região, a partir do dia 26 de fevereiro. A princípio, a Rússia não admitiu que eles fossem seus militares – eles não utilizavam insígnias-, mas isso mudou posteriormente. 

Em 27 de fevereiro, o Parlamento da Crimeia foi tomado e um governo pró-russo tomou o poder. Eles fizeram, em 16 de março de 2014, um referendo consultando os moradores sobre a independência da Ucrânia. Na sequência, em 18 de março, a região foi anexada à Rússia, mesmo com a comunidade internacional não reconhecendo o referendo.

Conflito em Donbass

Assim como a península da Crimeia, a região de Donbass – formada por Donetsk e Lugansk – também passa por instabilidades desde a Revolução de 2014. No local, a quantidade de manifestações pró-Rússia cresceu tanto que a situação escalou para um conflito armado entre o governo ucraniano e as forças separatistas. Estes já declaravam os territórios como República Popular de Donetsk e República Popular de Lugansk.

Sendo assim, desde 2014, os grupos separatistas armados têm o controle de partes do território das duas supostas repúblicas. Eles são financiados e apoiados pelo governo russo. A região foi um ponto importante para a atual guerra entre Rússia e Ucrânia. 

Como retaliação ao interesse e à intensificação de negociações para que a Ucrânia ingressasse na Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), no dia 21 de fevereiro de 2022, Vladimir Putin reconheceu a independência de Donetsk e Lugansk. No mesmo dia, ele ordenou que tanques e tropas russas entrassem nas regiões. 

Início do conflito de 2022

Praça da Independência cercada por barricadas em Kiev, capital da Ucrânia

Desde o final de 2021, militares russos começaram a fazer treinamentos e movimentações ao longo da fronteira ucraniana. Já em 2022, em 21 de fevereiro, o presidente russo  ordenou a invasão da região de Donbass. 

Apesar dos protestos da comunidade internacional, em 24 de fevereiro de 2022, foi ordenada a invasão da Ucrânia. O pretexto de Putin foi a necessidade de “desmilitarizar” e “desnazificar” o país, pois, segundo ele, havia perseguição, ameaças e assassinatos contra a população russa ou pró-rússia no país. 

No início, a Rússia chamou a invasão de “Operação Militar Especial”, mas, posteriormente, admitiu que era realmente uma guerra. Como consequência, foi gerada uma grande onda migratória de refugiados da Ucrânia e de cidadãos russos. Além disso, o conflito criou uma crise alimentar global, inflação e aumento no preço dos combustíveis por todo o mundo.

A invasão à Ucrânia foi condenada pela comunidade internacional. Muitos países começaram a impor sanções à Rússia. Grandes empresas multinacionais fecharam suas sedes no país, causando uma crise financeira. Enquanto isso, a Rússia ameaçou aqueles que se metessem no conflito, inclusive com o uso de suas armas nucleares

Fatos importantes em um ano de guerra

A guerra entre Rússia e Ucrânia completa um ano no dia 24 de fevereiro de 2023, sem perspectivas de chegar ao fim. O Portal Estratégia Militares fez uma lista com alguns fatos importantes sobre o conflito. Confira!

Guerra cibernética

A guerra entre Rússia e Ucrânia está colocando a tecnologia em um novo patamar no que se refere a conflitos militares. Tudo começou ainda em fevereiro de 2022, quando o coletivo tecnológico Anonymous declarou guerra contra a Rússia por causa da invasão, fazendo uma série de ataques hackers contra sites do governo do país. Enquanto isso, a própria Rússia foi acusada por especialistas de desestabilizar os sites do governo ucraniano. 

Além disso, a Starlink, empresa de Elon Musk voltada para a criação de uma rede de internet de alta velocidade via satélite que alcance todo o planeta, doou 25 mil terminais terrestres para a Ucrânia, que sofreu perdas nos setores de internet e telecomunicações devido aos ataques russos. 

A Ucrânia utilizou o sistema para guiar ataques aéreos de drones às bases russas na guerra. A Starlink chegou a informar que tomaria ações para evitar que sua rede fosse utilizada para fins de conflito militar.

Volodymyr Zelensky

O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky / Créditos: EPA/STEPHANIE LECOCQ

O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky se tornou uma figura de destaque desde o início da guerra entre Rússia e Ucrânia. Ex-ator e comediante, ele tem se mostrado um grande líder para o povo ucraniano, permanecendo no país e comandando os combates. 

Além disso, o presidente ucraniano tem conquistado o apoio de diversas nações e já discursou em reuniões de representantes da União Europeia e eventos internacionais. Logo no início do conflito, ele chamou a atenção dizendo que não desejava uma carona para sair de seu país e sim armas para lutar contra a Rússia. 

Embora tenha permanecido na Ucrânia liderando o combate às tropas russas, agora Zelensky tem se encontrado pessoalmente com grandes líderes internacionais, como o presidente norte-americano Joe Biden, o francês Emmanuel Macron e o Rei Charles III, da Inglaterra, para solicitar apoio ao seu país.

Sanções por todos os lados

A partir do início da guerra, países do Ocidente se posicionaram contra a invasão russa e fizeram sanções ao país em diversas áreas econômicas. Com isso, tanto a invasão em si quanto as medidas ocidentais contra a Rússia causaram um aumento acentuado nos preços de vários produtos, como energia, fertilizantes, metais, petróleo e trigo, causando uma grande crise alimentar no mundo e uma onda inflacionária na economia global. 

Em diversos países foram congelados ativos bancários russos, assim como os fundos de muitos oligarcas do país, ligados ao governo Putin. Como resposta, a Rússia, grande exportadora de gás natural para os países europeus, começou a reduzir as entregas para estas nações, criando uma crise energética.

Armas Nucleares

Durante todo este período de guerra, a possibilidade do uso de armas nucleares tem sido uma grande preocupação mundial. O próprio presidente Putin não descartou essa opção e já chegou a ameaçar países que interferissem no conflito. No entanto, a Rússia já utilizou mísseis hipersônicos contra a Ucrânia, em um ataque com 55 armas deste tipo.

Usinas nucleares ucranianas

As usinas nucleares ucranianas se tornaram foco de ataques russos. Quando elas são danificadas, o povo ucraniano e as forças de combate passam a não contar com energia elétrica. 

Na Ucrânia, localiza-se a maior usina nuclear da Europa, a de Zaporizhzhya. Ela sofreu com ataques russos logo no início da guerra, causando o temor de um acidente nuclear na região. 

Especialistas foram chamados para averiguar a situação na planta nuclear que, atualmente, está sob controle russo. Nada de errado foi encontrado. No entanto, os especialistas alertam para o perigo de um acidente radioativo na usina, cujas consequências poderiam ser mais graves do que o acidente de Chernobyl, ocorrido em 26 de abril de 1986. 

A Ucrânia é muito dependente da energia produzida pelas suas usinas nucleares e, várias delas foram tomadas pelos militares russos e desligadas do sistema elétrico do país.

Estimativas de perdas

Prédio residencial destruído após ataque das forças russas

A Agência Reuters reúne informações sobre as estimativas de perdas sofridas pela Ucrânia na guerra com a Rússia. Em 05 de fevereiro de 2023, os números eram:

  • Mortes: pelo menos 42.295 pessoas;
  • Ferimentos não fatais: pelo menos 54.132 pessoas;
  • Desaparecidas: pelo menos 15.000 pessoas;
  • Desalojadas: aproximadamente 14 milhões de pessoas;
  • Edifícios destruídos: pelo menos 140.000; e
  • Danos à propriedade: prejuízo de aproximadamente US$ 350 bilhões.

O portal Estratégia Militares produziu diversos conteúdos sobre o conflito assim que ele começou. Leia os textos clicando nos links abaixo:  

Rússia invadiu a Ucrânia! Entenda o motivo

Rússia x Ucrânia: ameaça nuclear e convocação de reservistas

Rússia X Ucrânia: livros que ajudam a entender o conflito!

Rússia x Ucrânia: Quais os riscos de um acidente nuclear?

KC-390 Millennium: o maior avião cargueiro militar da FAB e a sua utilização na guerra na Ucrânia

Filmes, documentários e séries para entender o conflito Rússia X Ucrânia: saiba mais!

Antonov An-225 “Mriya”: as consequências da destruição do maior cargueiro do mundo!

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Fontes:

CNN Brasil

Poder 360

Agência Brasil

Revisão de conteúdo realizada pelo professor Saulo Teruo Takami.

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