No dia 20 de setembro de 1835 começou a revolta mais longa da história brasileira: a Revolução Farroupilha. Nesse post, o Estratégia Militares conta como se deu a revolta, além de mostrar como Duque de Caxias, o Pacificador do Império, conseguiu colocar um ponto final no movimento.
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Como e porque se iniciou a Revolução Farroupilha
A Revolução Farroupilha ou Guerra dos Farrapos foi um movimento de caráter separatista ocorrido na província rio-grandense, durante o período regencial e no começo do segundo reinado. O nome do movimento se refere aos trajes maltrapilhos que muitos do exército rebelde usavam.
O episódio se originou da insatisfação de grandes proprietários de terras do Rio Grande do Sul que estavam inconformados com os altos tributos cobrados pela coroa em seus produtos.
A principal mercadoria afetada era o charque (carne conservada pela salga), que, naquela época, era consumido majoritariamente pelo mercado interno. A carne, usada na alimentação de escravos, abastecia a atividade mineradora, em Minas Gerais, as plantações de cana-de-açúcar, no nordeste, e as recentes fazendas de café, no sudeste.
Para se ter uma ideia da tributação aplicada na época, o charque uruguaio pagava cerca de 4% em impostos, enquanto o nacional chegava à casa dos 20%. Logo, era bem mais barato comprar a carne importada. Outros produtos, como o couro e o trigo, também eram afetados pela tributação imperial.
Nesse mesmo momento, por meio de um ato adicional à constituição, foram criadas assembleias provinciais, descentralizando o poder imperial. Nas casas legislativas sulistas, começaram a circular ideias separatistas lideradas por Bento Gonçalves.
Bento Gonçalves era tido como nome ideal para presidir a província do Rio Grande do Sul, visto que o escolhido pela coroa, Antônio Rodrigues Fernandes Braga, não demonstrava ter muito apreço pelas questões rio-grandenses.
O estopim do movimento foi precedido por acusações de Fernandes Braga em sessões na assembleia provincial. Nas reuniões, o presidente acusou Bento Gonçalves e seus colegas liberais de estarem planejando a separação do Rio Grande do Sul e, posteriormente, a união ao Uruguai.
A partir dessas acusações, aconteceram muitas discussões, inclusive em jornais de grande circulação da época, a respeito desse tema.
No dia 18 de setembro de 1835, líderes do movimento separatista se reuniram para discutir quais atitudes seriam tomadas. Ficou decidido que, no dia 20 de setembro daquele ano, seria o início do movimento de independência sulista.
A República Piratini e a resposta imperial ao movimento
Assim como estava planejado, o movimento foi colocado em prática. Rapidamente, Bento Gonçalves, que era o comandante da Guarda Nacional no Rio Grande do Sul, conseguiu tomar Porto Alegre junto com seus homens.
Para conter os revolucionários, foi escolhido José de Araújo Ribeiro como novo presidente da província. Ele chegou ao sul acompanhado de sua tropa e incumbido de conter o movimento. Ao chegar, juntou-se aos militares da região que eram contrários à revolução.
A partir desse momento, diversas batalhas foram travadas entre os revolucionários e tropas imperiais, com destaque para a Batalha do Arroio de Seival.
Era cada vez maior entre os farroupilhas o desejo de se desvincular do império. Somente em 1836 foi que eles decidiram proclamar a República do Rio Grande do Sul, após muitas discussões enquanto estavam reunidos na cidade de Piratini. Por conta disso, ela também é conhecida como República Piratini, no dia 11 de setembro de 1836.
Na Câmara de Piratini foram escolhidos como presidente e vice: Bento Gonçalves e José Gomes de Vasconcelos Jardim, respectivamente.
As guerras entre Império e a recém-instaurada república tornaram-se cada vez mais intensas. Entre vitórias e derrotas, o exército farroupilha conseguiu tomar a cidade de Laguna, em Santa Catarina, e em novembro de 1839 proclama a República Juliana, com sede na cidade de Laguna.
A nomeação de Duque de Caxias e o fim da revolução
Já como imperador do Brasil, Dom Pedro II escolheu Luís Alves de Lima e Silva, o Duque de Caxias, para conter o movimento, tendo em vista o sucesso do militar em pacificações anteriores.
Ao chegar no sul, Caxias pôde observar a dificuldade que seria vencer o Exército Farroupilha. As táticas de guerrilha usadas por eles dificultavam muito as ações das tropas imperiais e o iminente apoio de tropas argentinas aos guerrilheiros fez o comandante das tropas imperiais agir rapidamente na tentativa de selar um acordo de paz.
Após muita deliberação, no dia 1 de março de 1845, foi assinado o Tratado de Poncho Verde ou Paz do Poncho Verde, no qual foi acordado:
- Anistia geral aos rebeldes;
- Incorporação dos soldados e oficiais farroupilhas ao exército imperial;
- Perdão das dívidas acumuladas dos rebeldes junto ao império brasileiro; e
- Alforria dos escravizados que ingressaram nas fileiras dos farroupilhas.
Após sua brilhante participação, reconhecida, inclusive, pelas tropas farroupilhas, Caxias recebeu o título de “Pacificador do Império”.
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