Há muita divergência a respeito da Revolução de 1930 ter sido de fato uma revolução. Muitos historiadores classificam o movimento como um golpe de Estado, já que uma revolução conta com amplo apoio popular e busca promover mudanças na estrutura do poder.
Para entender melhor o movimento responsável pela deposição do presidente Washington Luís, o Estratégia Militares preparou um artigo com o que aconteceu de mais importante na Revolução de 1930!
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Como funcionava a política brasileira no início do século XX?
Antes de adentrarmos na Revolução de 1930, é importante entender qual era o cenário político e econômico da época.
Na política, o Brasil passava pelo período da República Velha (1889-1930), também chamada de República Oligárquica, que representa a primeira fase da república brasileira. Ela tinha como principal característica um Estado em que elites cafeeiras paulistas e mineiras se alternavam no poder.
Esse sistema, que ficou conhecido como “política do café com leite”, sustentava-se graças às fraudes eleitorais daquela época. Contudo, o crescimento de outros estados brasileiros prometia pôr fim à alternância dessas oligarquias.
A economia brasileira, assim como a política, estava fadada ao fracasso, uma vez que concentrava-se quase exclusivamente na exportação de café. Com a crise de 1929, as vendas do produto caíram significativamente, levando o Brasil a mergulhar profundamente em uma das maiores recessões econômicas de sua história.
A quebra na política do café com leite e suas consequências
No ano de 1929, o presidente Washington Luís estava no último ano de seu mandato e, como era esperado pelo acordo entre as oligarquias, devia indicar um sucessor mineiro para ocupar seu posto. Ao invés disso, Washington Luís indicou o paulista Júlio Prestes para ocupar a cadeira presidencial em seu lugar.
Essa atitude rompia com a política do café com leite e, consequentemente, desagradou muito às oligarquias mineiras. A expectativa era que Antônio Carlos Ribeiro de Andrada, presidente do estado de Minas Gerais, fosse indicado.
Aliança Liberal
Como resposta, políticos de Minas Gerais, do Rio Grande do Sul e da Paraíba se uniram, formando um grupo político que ficou conhecido como Aliança Liberal. Antônio Carlos sabia que a política brasileira precisava passar por um processo de revolução. Os principais objetivos do grupo eram:
- Conferir independência ao Poder Judiciário;
- Voto secreto; e
- Garantia de jornadas de trabalho de 8 horas diárias, férias e salário-mínimo.
Para enfrentar os paulistas nas eleições presidenciais, a Aliança lançou como candidato o gaúcho Getúlio Vargas e, para vice, o paraibano João Pessoa.
Antônio Carlos fez questão de comunicar o presidente Washington Luís sobre a escolha por Vargas. O comunicado foi feito em uma carta, como era comum na época, semanas antes do tempo destinado a negociações políticas.
Na carta, encontravam-se os seguintes dizeres: “Com o objetivo sincero de colaborar para uma solução conciliatória e de justiça, julguei acertado orientar-me na direção do nome do doutor Getúlio Vargas, por ser o de um político que se tem destacado no apoio firme e na completa solidariedade à política e à administração de V. Ex.”.
A “solução conciliatória” a qual se refere Antônio Carlos foi a candidatura de um político que não era paulista nem mineiro.
O estopim do processo revolucionário
A eleição foi realizada no dia 1 de março de 1930 e as urnas confirmaram a vitória ao paulista Júlio Prestes.
A Aliança Liberal não aceitou o resultado alegando fraude e, a partir daí, iniciou-se o processo conspiratório. A situação, que já era tensa, tornou-se insuportável quando João Pessoa, candidato a vice de Vargas, foi assassinado.
Apesar de não ter nenhum envolvimento com o crime, Washington Luís é apontado como mandante e o incidente acaba se tornando mais um motivo para a iminente revolução.
No dia 3 de outubro de 1930, iniciou-se o processo revolucionário com a tomada do quartel-general da 3ª Região Militar, sediado em Porto Alegre (RS). Somente no dia 1 de novembro de 1930 os conflitos se encerraram e a Junta Militar colocou Getúlio Vargas no poder, que passou a governar o país de forma provisória.
Assim, chegava ao fim a República Velha e se iniciava a Era Vargas, período que vai de 1930 a 1945. Uma vez no poder, Vargas foi responsável por uma série de avanços para o Brasil, como: criação da Justiça Eleitoral, concessão de direitos trabalhistas etc.
Entretanto, o autoritarismo de Vargas e a centralização do poder promovida por ele gerou insatisfação em diversos grupos da sociedade de vários estados brasileiros. Como maior manifestação popular contrária ao Governo Vargas temos a Revolução Constitucionalista, ocorrida em São Paulo, em 1932.
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