No dia 9 de julho de 1932, iniciou-se, no estado de São Paulo, uma das maiores revoltas populares contra a ditadura de Getúlio Vargas, a Revolução Constitucionalista. O Estratégia Militares preparou um artigo que conta quais foram as principais causas desse episódio, além de abordar quais as consequências dele para a política nacional.
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O Governo Provisório de Getúlio Vargas
A princípio, é importante entender qual era o cenário político da época, já que esse foi o principal motivo de insatisfação dos paulistas.
Getúlio Dorneles Vargas tinha chegado à presidência da república brasileira a partir de um golpe, que foi possível levando em conta uma configuração de fatores.
O imbróglio começou quando o então presidente, Washington Luís, não indicou um sucessor mineiro, dando assim, continuidade à “política do café com leite”. Ele indicou o paulista Júlio Prestes.
A atitude de Washington Luís incomodou muito a oligarquia mineira que, apoiada pelos gaúchos, decidiu lançar Getúlio Vargas para candidatura de presidente e João Pessoa como seu vice.
A apuração dos votos conferiu a vitória a Júlio Prestes na disputa pela cadeira presidencial, o que enfureceu ainda mais a oposição. A situação, que já era ruim, piorou quando o candidato a vice-presidente de Vargas, João Pessoa, foi assassinado.
Apesar de Washington Luís não ter sido o provável mandante do crime, a oposição o fez parecer, o que criou um clima propício para sua derrubada. Com isso, iniciou-se um processo que ficou conhecido como Revolução de 1930.
Pouco antes do fim do seu mandato, forças revolucionárias da Paraíba, do Rio Grande do Sul e de Minas Gerais promoveram a deposição Washington Luís.
Após sua saída, o caminho natural seria que o candidato eleito Júlio Prestes assumisse a presidência. Entretanto, ele foi impedido e uma junta governativa decidiu que Getúlio Vargas assumiria o Poder Executivo nacional de forma provisória.
Curiosamente, Vargas, que assumiu a presidência do país em caráter provisório, ficou 15 anos à frente do poder. Esse período ficou conhecido como “Era Vargas”.
Uma vez no poder, Vargas foi responsável por profundas mudanças na política nacional. Como primeira atitude extremamente centralizadora e autoritária, ele substituiu os governadores de todos os estados brasileiros, com exceção de Minas Gerais. Para as suas funções, foram colocados militares que o apoiavam.
A Revolução Constitucionalista
A nomeação do Tenente João Alberto Lins de Barros para a cadeira de governador de São Paulo e o fim da “Política dos Governadores” revoltou a elite cafeeira paulistana. Além disso, os paulistas temiam a não convocação de uma Assembleia Constituinte por parte de Vargas e a não realização de novas eleições presidenciais.
À medida que o tempo passava e Vargas não demonstrava nenhuma vontade de acionar novas eleições, tampouco de convocar o legislativo para a elaboração de uma Constituição, o sentimento de revolta deixou de ser exclusividade dos fazendeiros e atingiu camadas populares de São Paulo, sobretudo de universitários.
O primeiro grande movimento contra o governo aconteceu no dia 23 de maio de 1932, no centro da cidade de São Paulo. Estudantes, comerciantes e profissionais liberais protestaram contra o governo e exigiam a realização de novas eleições.
Neste ato, quatro jovens – Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo – foram assassinados por tropas getulistas. As iniciais dos seus nomes “MMDC” se tornaram símbolo do movimento daquele momento em diante.
O movimento contou com a adesão de mais de 200 mil paulistas, sendo cerca de 60 mil combatentes. O apelo e a convocação eram feitos diariamente por meio de jornais e rádios paulistas.
No dia 9 de julho de 1932, iniciaram-se os conflitos armados entre os paulistas e o exército varguista. As tropas paulistas eram lideradas pelo General Isidoro Dias Lopes e compostas por militares paulistas, jovens estudantes, homens e mulheres das mais variadas classes sociais.
Os paulistas tomaram o controle de todas as estações ferroviárias da capital e das linhas telefônicas. O setor industrial concentrou toda sua produção em armamentos para municiar suas tropas.
O principal palco de batalha do conflito foi a região do Vale do Paraíba que, nesse cenário, foi apelidado de “setor da morte”.
Depois de 87 dias de conflito e mais de 900 mortes oficiais, o “exército paulista” assinou sua rendição.
Quais as consequências da Revolução Constitucionalista?
Apesar do expressivo número de baixas e da derrota no campo de batalha, os objetivos do manifesto foram alcançados meses depois. No ano seguinte, em 1933, foi realizada uma eleição para escolha de governador do estado de São Paulo. Além disso, foi formada a Assembleia Constituinte, responsável por promulgar a Constituição do ano seguinte.
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