O estudo da morfologia é importantíssimo na preparação para concursos militares, visto que esses certames tem como tradição cobrar os mais diversos temas da gramática brasileira. Nesse post, o Estratégia Militares preparou um artigo com o que há de mais importante no estudo da estrutura e formação das mais de 300 mil palavras da língua portuguesa.
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Estrutura das palavras
Diferentemente do que muitos podem pensar, a palavra não é a mínima partícula portadora de significado dentro da língua portuguesa. Pelo contrário, existem elementos menores que, unidos, dão forma às palavras. A essas partículas, que conheceremos a seguir, damos o nome de morfemas.
Radical
O radical é a partícula base de todas as palavras. Podemos identificá-lo quando olhamos para a palavra na forma mais reduzida possível, sem acréscimo de outros morfemas.
Para melhor entendimento, vamos observar a palavra “casa”. Nesse caso, o radical é “cas”, já que, a partir dele, podemos formar várias palavras do mesmo campo semântico, como: casinha, casarão, casebre, casamento, descasamento etc. Todos esses vocábulos originados pelo mesmo radical são chamados de palavras cognatas.
Desinências
As desinências são elementos que se somam aos radicais a fim de flexioná-los. Elas se dividem em desinências nominais (de gênero e número) e desinências verbais (de pessoa/número e tempo/modo).
As desinências nominais que indicam gênero são as terminações “-a” e “-o”. Ex.: menino, menina, aluno. A desinência “-s” indica o número, no caso, plural. Ex.: concurseiros
Já as verbais indicam flexões de número, pessoa, tempo e modo. Como exemplo, temos o verbo “amávamos”, que possui a desinência verbal “va”, responsável por indicar que a palavra está no pretérito imperfeito do indicativo.
Vogal temática
As vogais temáticas são encontradas depois do radical, já que são responsáveis por ligá-lo às suas respectivas desinências ou aos sufixos. Ela colabora na eufonia da palavra, ou seja, contribui para que ela tenha um bom som. Nos verbos, a vogal temática tem a função de indicar a conjugação a qual ele pertence – primeira, segunda ou terceira conjugação.
Exemplos de vogais temáticas: falar, amar, comer, cair, beijo, casa etc
Vale destacar que, as palavras terminadas em vogais tônicas ou em “i” e “u” não apresentam vogal temática, logo, são consideradas atemáticas.
Tema
Agora que já sabemos o que são as vogais temáticas, é importante conhecer o tema. O tema é a junção do radical com a vogal temática, ou seja, radical + vogal temática = tema. Como exemplo, temos a palavra “podemos”, cujo radical é “pod”, a vogal temática é o “e”, enquanto o “mos” é a desinência verbal. Nesse caso, o tema é “pode” (radical + vogal temática).
Afixos
Os afixos são morfemas que se juntam ao radical modificando-o e formando novas palavras. Eles se dividem em prefixos – quando são posicionados antes do radical – e sufixos – quando se posicionam após o radical.
Para exemplificar, vamos usar a palavra “infelizmente”. O radical é “feliz”, o prefixo é o “in” e a terminação “mente”, o sufixo.
Vogais e consoantes de ligação
Para finalizar a parte de estrutura das palavras, vamos falar sobre as vogais e consoantes de ligação. As letras de ligação tem a única função de melhorar a eufonia das palavras que compõem, já que não são consideradas morfemas.
Essas partículas podem ligar radicais a prefixos ou radicais a radicais, como nos exemplos a seguir: gasômetro (gás + metro), pezinho (pé + zinho), chaleira (chá + eira).
Processos de formação de palavras
Agora, estudaremos alguns processos realizados para formar novas palavras na língua portuguesa. Eles se dividem em dois grandes grupos: derivação ou composição.
Derivação
A derivação obtém palavras novas por meio do acréscimo de afixos. Ela pode ser uma derivação prefixal, sufixal, prefixal-sufixal, parassintética, regressiva e imprópria. Abaixo listamos exemplos de cada uma delas para que você possa entender como funciona o processo.
- Prefixação: infeliz, reler, super-homem, compor;
- Sufixação: pincelada, boiada, felizmente, artista;
- Prefixal-sufixal: deslealdade, infelizmente;
- Parassintética (circunfixação): neste caso, também há a colocação simultânea de prefixo e sufixo, no entanto, não há como remover uma dessas duas partículas e continuar com uma palavra que faça sentido. Ex.: entristecer;
- Regressiva: forma-se uma palavra reduzindo a primitiva. Ex.: boteco (botequim); e
- Imprópria: ocorre pela mudança da classe gramatical original da palavra. Ex.: “o jantar estava muito saboroso” (verbo jantar se transformou num substantivo).
Composição
A composição forma novas palavras pela junção de radicais. Ela se divide em composição por aglutinação ou justaposição.
Na composição por aglutinação há a junção de radicais e pelo menos um deles sofre alteração. Ex.: fidalgo (filho + de + alguém), boquiaberto (boca + aberto), vinagre (vinho + acre).
A justaposição une radicais sem que nenhum deles seja alterado. Ex.: passatempo, abelha-rainha, pontapé.
Questões
Agora que você já sabe como funciona a estrutura e o processo de formação das palavras é hora de aplicar o que aprendeu. Abaixo, separamos algumas questões sobre o assunto retiradas de provas de certames militares.
01. (ESA 2017) Em “Você que ama velocidade, agora pode chegar ao finalmente”, a palavra sublinhada foi formada por:
a) derivação prefixal e sufixal
b) derivação imprópria
c) derivação regressiva
d) derivação prefixal
e) composição por justaposição
02. (ESA 2016) Marque a única alternativa em que as palavras não se formam pelo processo de composição.
a) beija-flor; pernalta
b) amanhecer; desalmado
c) embora; segunda-feira
d) pé-de-meia; aguardente
e) tira-teima; madrepérola
Gabarito comentado
Questão 1: resposta B. No contexto da frase, a palavra destacada teve sua classe gramatical alterada, por meio de um processo de substantivação. Logo, ocorreu uma derivação imprópria.
Questão 2: resposta B. Dentre as alternativas, a única que contém palavras não formadas pelo processo de composição é a “b”, já que amanhecer e desalmado são formados por uma derivação parassintética.
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Texto elaborado com base no material didático da professora Fabíola Soares.