Confira o artigo, que o Estratégia Militares preparou para você, sobre como identificar e diferenciar os gêneros épico e dramático na sua prova militar!
As epopeias são poemas narrativos de grande extensão que se caracterizam por apresentar um caráter heróico, grandioso. Nelas, há uma atmosfera protagonizada por deuses e heróis, que lutam pelos interesses de suas nações e povos.
Tradicionalmente, as epopeias apresentam cinco partes:
- Proposição;
- Invocação;
- Dedicatória;
- Narração; e
- Epílogo.
Na primeira parte, apresenta-se o tema que será narrado. Na segunda parte, há apelo às divindades mitológicas ou o pedido de inspiração para que o poeta consiga narrar a epopeia. Na terceira, encontra-se o agradecimento e uma dedicatória destinados normalmente aos mecenas que patrocinaram a obra.
Dessas partes introdutórias, há as duas últimas, nas quais são narradas as façanhas dos heróis e o desfecho da história.
Entre as epopeias mais famosas, merecem destaque a “Ilíada” e a “Odisseia”, poemas épicos gregos tradicionalmente atribuídos a Homero.
Em língua portuguesa, o exemplo mais importante é “Os Lusíadas”, de Luís de Camões, que narra os feitos heróicos do povo português no processo de formação do país.
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Gênero dramático
A palavra drama, em sua etimologia, significa ação/agir, por isso, no gênero dramático, privilegia-se a ação em detrimento da narração.
Dessa maneira, nos textos que compõem esse gênero, a história, em vez de ser contada por um narrador, é mostrada no palco por meio de atores que encenam o papel das personagens.
Ao retirar a figura do narrador, o texto desenrola-se a partir de diálogos que cumprem uma sequência rigorosa de cenas.
Observe, no fragmento da peça “O demônio familiar”, do escritor romântico do século XIX, José de Alencar, o modo como se desenvolve a história de um texto dramático:
O DEMÔNIO FAMILIAR Azevedo - … Não há arte em nosso país. Alfredo - A arte existe, Sr. Azevedo, o que não existe é o amor dela. Azevedo - Sim, faltam os artistas. Alfredo - Faltam os homens que os compreendam; e sobram aqueles que só acreditam e estimam o que vem do estrangeiro. Azevedo (com desdém) - Já foi a Paris, Sr. Alfredo? Alfredo - Não senhor; desejo, e ao mesmo tempo receio ir. Azevedo - Por que razão? Alfredo - Porque tenho muito medo de, na volta, desprezar o meu país, ao invés de amar nele o que há de bom e procurar corrigir o que é mau.
Ao longo do cotidiano, as pessoas deparam-se em vários momentos com formatos dramáticos:
- Telenovelas;
- Filmes;
- Séries;
- Minisséries, entre outros.
Assim, o gênero dramático armazena algumas espécies, que serão abordadas a seguir.
Tragédia
As tragédias são peças teatrais que causam simultaneamente horror e compaixão no público. Nelas, os personagens sentem-se pressionados por forças antagônicas e acabam, na maioria dos casos, assumindo uma postura passional que os leva a sacrificar a si ou à própria família para proteger e salvar a sociedade na qual estão inseridos.
Por abandonarem o egoísmo humano e priorizarem o coletivo em detrimento do particular, esses personagens, com suas nobres atitudes, acabam elevando-se à condição de heróis.
Esse sacrifício heróico comove a plateia, pois desperta nela horror e piedade. As cenas terríveis de dilacerações dos personagens fazem com que os espectadores “exorcizem” suas próprias dores e seus sofrimentos cotidianos.
As tragédias, desse modo, objetivam provocar catarse, ou seja, a purgação, a “purificação” das emoções dos espectadores.
Leia a seguir um trecho da tragédia Medeia, de Eurípides, escrita em 431 a.C., em que a protagonista, depois de abandonada, conclui que errou ao confiar em seu ex-companheiro.
MEDEA Egeu Grande prudência mostram as tuas palavras. Mas, se assim te parece, não me negarei a fazê-lo. Para mim é mais seguro mostrar aos inimigos que tenho um pretexto, e a tua situação ficará mais firme. Nomeia tu primeiro os deuses. Medeia Jura pelo solo da Terra e pelo Sol, pai do meu pai, e associando dos deuses toda a raça. Egeu E o que é preciso fazer ou não fazer? Diz. Medeia Que jamais me expulsarás do teu país, espontaneamente, nem me abandonarás com vida, por tua livre vontade, se algum dos meus inimigos desejar levar-me. Egeu Juro pela Terra e pela luz brilhante do Sol e por todos os deuses manter-me fiel ao que de ti ouvi. Medeia Basta. E se não mantiveres o juramento, que terás de sofrer? Egeu A sorte dos ímpios. Medeia Podes ir-te em paz. Está tudo bem. Eu chegarei à tua cidade, o mais depressa que puder, depois de ter feito o que pretendo e de ter conseguido o que quero! (Sai Egeu.) Coro Possa o filho de Maia, o deus que guia as gentes, a casa levar-te, e assim se cumpram os teus desejos, ó Egeu, tu, que homem tão nobre nos pareces.
Comédia
Diferentemente da tragédia, em que são encenados temas sérios, envolvendo personagens heróicos e nobres, as comédias abordam cenas humorísticas e leves.
Tais cenas são protagonizadas por personagens caricatos, picarescos, também denominados bufões ou clowns, que expõem o que há de ridículo e de patético nas pessoas e na sociedade.
No Brasil, as comédias começaram a se popularizar no século XIX. Um dos principais responsáveis por tal popularização foi o escritor romântico Martins Pena, que criticava os costumes brasileiros por meio de cenas humorísticas.
Auto
Peça curta, cujas cenas retratam assuntos religiosos. Muito comum na Idade Média, essa espécie dramática esteve inicialmente vinculada às igrejas, que a utilizavam para difundir a fé religiosa e corrigir as falhas dos fiéis.
No Brasil, padre José de Anchieta, em sua dramaturgia de catequizar, escreveu, no século XVI, autos na busca de catequizar os índios.
No Auto de São Lourenço, por exemplo, José de Anchieta tenta mudar os hábitos indígenas e mostrar a eles o rumo da salvação cristã. Veja o auto a seguir:
ANJO GUARDIÃO Cantemos todos, cantemos! Que foi derrotado o mal! Esta história celebremos, nosso reino inauguremos nessa alegria campal! (Os santos levam presos os diabos os quais, na última repetição da cantiga choram.) CANTIGA Alegrem-se os nossos filhos por Deus os ter libertado. Guaixará seja queimado, Aimbirê vá para o exílio, Saravaia condenado! Guaixará seja queimado, Aimbirê vá para o exílio, Saravaia condenado! (Voltam os santos)
Note nos autos que, ao encenar o anjo guardião celebrando a derrota dos índios demonizados, Anchieta objetiva, na verdade, mostrar aos gentios que o caminho correto, “vencedor”, a se seguir é o do anjo de Deus.
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Referências
- ALENCAR, José de. O demônio familiar. Campinas / São Paulo: Pontes, 2003. p. 63. Disponível em: http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bi000164.pdf
- https://artedramaticacep.files.wordpress.com/2015/07/medeia.pdf