Revolução russa: o stalinismo e os planos quinquenais

Revolução russa: o stalinismo e os planos quinquenais

Stálin foi um dos últimos governantes da URSS, onde implantou um sistema de governo conhecido como stalinismo, o qual elaborou os planos quinquenais a fim de recuperar a economia soviética pós-guerra.

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A morte de Lênin, em janeiro de 1924, precipitou uma disputa pelo poder soviético entre Stálin, secretário-geral do Partido Comunista, e Trotsky, o comissário do povo para a guerra. 

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Trotsky defendia a ideia da “revolução permanente”, princípio por meio do qual a revolução socialista soviética somente teria sucesso com a sua difusão imediata pelo resto do mundo. Ou seja: ele defendia o caráter internacionalista da revolução.

Stalin, ao contrário, defendia a ideia da necessidade de o país se isolar para estruturar a primeira experiência socialista do mundo, com a construção de um Estado revolucionário forte, para somente depois se buscar a internacionalização da Revolução. Ou seja: ele defendia o “socialismo num só país”.

Stalin venceu a luta pelo poder, uma vez que suas ideias representavam a paz para os povos da União Soviética. As ideias de Trotsky, por outro lado, representavam a continuação da guerra para o povo.

Baseando-se nessa maior rejeição popular ao projeto trotskista, Stalin iniciou uma poderosa campanha para desconstruir o prestígio revolucionário do rival, minando seu poder político dentro do Partido Socialista.

Buscando eliminar a resistência ao seu governo, Stálin expulsou Trotsky do partido e, depois, do país. Com a vitória de Stalin, iniciou-se o período conhecido como stalinismo.

O stalinismo

A ascensão de Stalin resultou em uma sólida centralização política, na qual se confundiam cada vez mais o partido e o Estado devido ao processo de burocratização. 

Foi estabelecido o fortalecimento da ditadura do Partido Comunista e a instalação de um regime totalitário, onde os funcionários (burocratas) do partido procuraram racionalizar não só a economia soviética, como todos os setores da vida social e cotidiana da população. 

A perseguição stalisnista contra os opositores do regime

Os expurgos e condenações políticas foram marcas do governo de Stalin, buscando eliminar todas as possíveis latentes oposições. Instaurou-se, então, um período de perseguições, de censura e de terror. Os movimentos sociais e culturais foram sufocados e a população atemorizada.

Stalin mandava aqueles que considerava inimigos políticos para prisões, exílios na Sibéria, hospitais psiquiátricos, campos de concentração ou simplesmente os eliminava, implantando o domínio do terror.

O líder soviético pretendeu, e nisso obteve sucesso, criar um ambiente de paranoia política por meio da propaganda contra os supostos inimigos da revolução. 

Os opositores políticos de Stalin passaram a ser apresentados como inimigos da própria revolução, agentes do capitalismo que pretendiam restaurar o regime de opressão econômica capitalista sobre a população. Mas, na realidade, esses opositores, como Trotsky, apenas apresentavam concepções diferenciadas dos rumos que deveriam ser seguidos pela revolução e pelo Estado soviético.

As perseguições, os expurgos e as condenações que se tornaram comuns sob o regime stalinista não atingiram apenas opositores políticos do ditador. Diversas minorias étnicas, sociais e de gênero foram perseguidas, violentadas, exiladas ou submetidas a trabalhos forçados em campos de concentração na Sibéria, os chamados Gulags

Alguns dos grupos perseguidos pelo regime stalinista foram os intelectuais, os artistas de vanguarda, os homossexuais e as etnias minoritárias.

No intuito de legitimar o estado soviético stalinista, foram desenvolvidos preceitos artísticos, éticos e morais bastante rígidos, que deveriam ser seguidos pela população, a qual, supostamente, desenvolveria um estágio mais elevado de consciência de classe operária.

Desse modo, o regime de Stalin foi marcado pela perseguição a movimentos artístico-culturais que divergiam da proposta estatal. Para tanto, o Estado soviético sancionou uma corrente artística que recebeu o nome de realismo soviético, cujo objetivo era idealizar e glorificar a imagem do herói proletário e socialista.

Arquitetura soviética

O realismo soviético estendeu-se por todas as expressões artísticas, como a pintura, a arquitetura, a escultura, a literatura e o cinema. Os artistas que não se enquadraram na concepção artística do Estado foram perseguidos e muitos se exilaram.

O exílio de Kandinsky e as mudanças na arte e cultura soviética

Entre os artistas russos exilados, alguns se tornaram importantes membros das vanguardas europeias na primeira metade do século XX, como Wassily Kandinsky. 

Ele foi expoente da vanguarda abstracionista e professor da Escola de Bauhaus, referência na arquitetura de vanguarda ao longo do século XIX na Alemanha, país onde se exilou devido aos conflitos com o movimento artístico oficial da URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas).

O regime stalinista foi responsável por silenciar a até então vibrante vanguarda artística soviética, que durante a década de 1920 recebera a denominação geral de construtivismo soviético. Os destaques foram em áreas como a arquitetura, a pintura e o cinema, cujo grande marco, o filme O encouraçado Pontemkin, é considerado, até os dias atuais, um dos maiores já feitos.

Em 1934, o regime stalinista, por meio do Congresso dos Escritores, decidiu que a única forma legítima de arte na URSS seria o chamado realismo socialista, de caráter bastante formal, e que expurgou os estilos artísticos das vanguardas modernas da Rússia soviética.

URSS

O exílio de Trotsky da URSS e sua morte

Trotsky foi vítima exemplar do processo de perseguição stalinista, que impingia violências simbólicas e físicas aos seus opositores. Destituído do cargo de comissário em 1925, ele foi expulso do Partido em 1927, acusado de fomentar oposição dentro dele. No ano seguinte, foi exilado e obrigado a deixar o país, indo viver no México.

Após o exílio de Trotsky, o regime soviético iniciou um processo cujo objetivo era minimizar a importância histórica do antigo líder no processo revolucionário, alterando documentos, imagens e pinturas de modo a reduzir ou excluí-lo das lutas iniciadas em 1917.

Exilado, Trotsky continuou mantendo intensa atividade política, liderando outros exilados que também discordavam do regime stalinista. O antigo líder do exército Vermelho foi assassinado em 21 de agosto de 1940, no México, a mando de Stálin, tornando-se o maior símbolo da resistência ao stalinismo.

Os planos quinquenais de Stálin

A partir de 1928, a economia soviética voltou a ser socializada, com a abolição da NEP e a adoção dos Planos Quinquenais. Eles foram elaborados pela Gosplan – comitê estatal de planejamento – órgão encarregado da planificação econômica cujo objetivo era transformar o país em uma moderna potência industrial.

A Gosplan se tornou responsável pelo planejamento econômico de longo e curto prazo e pela verificação do cumprimento dos planos. Estes eram estabelecidos com diferentes durações, que poderiam ser quinquenais, anuais ou trimestrais.

Os mais comuns eram os Planos Quinquenais, que estabeleciam as diretrizes de longo prazo para o país, enquanto os anuais tinham um caráter mais operacional.

Diferentemente dos planos econômicos que os países capitalistas viriam a adotar a partir da segunda metade do século XX, que possuíam um caráter meramente de previsão ou indicativo, na URSS as diretrizes dos planos tinham um caráter mandatório e deveriam ser obedecidas pelas empresas.

Os Planos Quinquenais visavam também reformar a estrutura agrária do país com a coletivização dos campos. Surgiram então dois tipos de propriedades agrícolas: 

  • Os sovkhozes, que eram fazendas cuja propriedade pertencia ao Estado, que também era responsável por sua administração de forma direta; e
  • Os kolkhozes, administrados em forma de cooperativa pelos camponeses.

Eram empreendimentos altamente mecanizados, organizados de forma a produzir em larga escala, segundo princípios semelhantes aos vigentes na produção industrial.

No campo, os Planos Quinquenais também procuraram extinguir a categoria dos kulaks, médios proprietários agrícolas, fortalecidos durante a NEP. Para Stalin, eles representavam uma burguesia no campo e uma ameaça ao sistema socialista. A expropriação das terras, no entanto, acabou por enfraquecer a economia, visto que desestimulava a produção agrícola.

Entretanto, a maior prioridade era dotar o país de uma ampla infraestrutura industrial, com a criação de indústrias siderúrgicas, hidrelétricas, químicas e outras que pudessem alavancar o desenvolvimento da União Soviética. Em 1933, a indústria de base já havia crescido sete vezes e a de bens de consumo, quatro vezes em relação a 1928.

Às vésperas da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), a situação econômica da URSS tinha melhorado muito em relação à década de 1920. A industrialização colocou a URSS entre as potências mundiais, embora o padrão de vida de seus habitantes ficasse abaixo do dos países capitalistas desenvolvidos.

O programa de socialização e industrialização foi alcançado em detrimento do interesse individual dos cidadãos, uma vez que a sociedade soviética procurou cultivar o valor da identidade baseada na coletividade da nação proletária, reprimindo manifestações do individualismo liberal, caracterizado depreciativamente como burguês.

O maior desenvolvimento da indústria pesada e de armamentos resultou em uma escassez de bens de consumo e, em consequência, no aumento dos preços.

Participação da URSS na Segunda Guerra Mundial

A União Soviética teve importante participação na Segunda Guerra Mundial, na luta contra o nazismo. Devido ao expressivo desenvolvimento industrial e bélico alcançado desde a década de 1920, o país foi responsável pelas mais importantes vitórias contra o regime hitlerista. Em 1945, emergiu como uma potência em condições de disputar a hegemonia mundial com os Estados Unidos.

Fim do governo de Stálin e a ascensão de Nikita Khrushchev

Stalin governou a União Soviética até 1953, quando faleceu. Os crimes cometidos no seu governo foram denunciados pelo próprio regime soviético, por Nikita Khrushchev, seu sucessor no comando do país.

A planificação econômica garantiu à União Soviética resultados positivos essencialmente nos setores de bens de produção. A agricultura, porém, não acompanhou esse ritmo, tornando problemático o abastecimento, já que a oferta de alimentos não atendia à demanda.

Também o setor de bens de consumo não recebeu o incentivo necessário. Assim, o nó da economia soviética tornou-se cada vez mais apertado, na medida em que era necessário buscar uma equiparação bélica, de alto custo, com as potências capitalistas.

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Referências bibliográficas

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  • DEUSTSCHER, Isaac. Stálin, história de uma tirania. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1972.
  • HILL, Christopher. Lênin e a Revolução Russa de 1917. São Paulo: Perspectiva, 1974.
  • WILSON, Edmund. Rumo à estação Finlândia. São Paulo: Companhia das Letras, 1987. 
  • VICENTINO, Cláudio. Rússia – antes e depois da URSS. São Paulo: Scipione, 1995.
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