Presidentes contemporâneos do Brasil: o governo de Fernando Henrique Cardoso

Presidentes contemporâneos do Brasil: o governo de Fernando Henrique Cardoso

O governo de Fernando Henrique Cardoso durou de 1995 a 2002. Foi a partir desse governo que a reeleição foi adotada no Brasil, e também foi quando houve o apagão, que contribuiu para o fim do mandato do presidente. Confira nesse artigo que o Estratégia Militares preparou para você como foi esse período.

Os oito anos do governo de Fernando Henrique Cardoso foram marcados pelo esforço governamental em manter o controle da inflação por meio da defesa dos fundamentos do Plano Real. 

A busca de uma política econômica forte que evitasse os gastos públicos além da capacidade orçamentária, fundamento básico da estabilidade monetária, levou à aprovação da Lei de Responsabilidade Fiscal, em 2000. 

Essa medida passou a exigir dos governantes de todas as esferas públicas controle e transparência na gestão dos orçamentos, impondo, inclusive, a punição aos políticos que não tratassem corretamente os bens públicos.

A política neoliberal de Fernando Henrique Cardoso

Apesar do esforço do governo em manter o controle sobre o Plano Real, o país teve que assistir à desvalorização da moeda, em 1999, no início do segundo mandato do presidente que visava regular a economia aos patamares reais da moeda no cenário internacional. 

A desvalorização provocou um abalo inicial nas empresas que tinham dívidas em dólares, porém possibilitou um aumento gradual das exportações, já que os produtos brasileiros se tornavam mais atraentes no mercado internacional devido ao baixo preço.

Ainda no aspecto econômico, o governo Fernando Henrique foi marcado por um reajuste nas instituições bancárias, que necessitavam de reorganização interna em virtude do fim da inflação. 

Alguns bancos faliram e foi necessário que o governo socorresse as instituições com uma injeção de recursos públicos para cobrir o prejuízo dos Correntistas. Essas medidas sofreram severas críticas por socializarem o prejuízo das grandes instituições bancárias.

Presidente Fernando Henrique Cardoso
Divulgação: Agência Brasil

As privatizações no governo FHC

Com a forte oposição dos grupos de oposição, a política de privatizações foi acelerada, sob o comando do então Ministro do Planejamento, José Serra. Nesse aspecto, podemos destacar  os setores siderúrgico e o de telecomunicações, com a venda da Companhia Vale do Rio Doce (Vale), em 1997, e do sistema Telebrás, no ano seguinte

Essa privatização permitiu um rápido crescimento do número das linhas telefônicas e a expansão do mercado de telefonia móvel devido ao ingresso de capital estrangeiro no país.

Além desses setores, destaca-se também a quebra do monopólio da Petrobras. Essa política de privatizações foi uma forma de incentivar a entrada da moeda estrangeira no país. O fato de muitas empresas estatais terem se tornado tecnologicamente obsoletas exigiu grandes investimentos, recursos que o estado não dispunha. 

Porém, a entrada de capitais estrangeiros não resolveu o problema da dívida externa, que só aumentara nesse contexto devido à maneira como as privatizações foram realizadas e pelo déficit na balança comercial. 

Nessas privatizações, o estado arcou com todos os custos e prejuízos, reservando os lucros para os grandes complexos empresariais beneficiados em relações escusas com o Estado. 

Seguindo a cartilha neoliberal, o governo Fernando Henrique criou diversos programas destinados ao desenvolvimento das Organizações Não Governamentais (ONGs), viabilizando o afastamento do compromisso e do papel do Estado na área social. 

Questões sociais do Governo FHC

No âmbito social, houve uma significativa melhoria de alguns indicadores, como a educação infantil, o acesso ao saneamento básico, a alimentação e também uma melhoria nas políticas de combate à AIDS, por meio das quais o Brasil chegou a ser premiado.

Entretanto, esse cenário não indica uma ampliação da renda do trabalhador, que permaneceu achatada durante todo o governo Fernando Henrique. 

FHC e o MST

O país também assistiu ao aumento dos conflitos no campo, principalmente, a partir da atuação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MTST), fundado em 1984, na cidade de Cascavel, no Paraná. 

Alguns episódios de violência por parte das forças policiais foram denunciados, como o massacre ocorrido em Eldorado dos Carajás, em abril de 1996, que culminou na morte de 19 integrantes do movimento. O último capítulo desse episódio ocorreu em agosto de 1999, quando os oficiais envolvidos na chacina foram absolvidos.

Presidente Fernando Henrique Cardoso e sua Esposa
Divulgação: [[Imagem:Fernando Henrique Cardoso e Ruth Cardoso durante solenidade do Ministério da Defesa.jpg|thumb|180px|Legenda]] – Flickr / Elcio Alvares

A reeleição, a crise energética e a sucessão de FHC

No final do primeiro mandato do governo FHC, em meio às denúncias de compra de votos no legislativo, foi garantida aprovação de uma Emenda Constitucional que permite a reeleição para os cargos do Poder Executivo – presidente, governadores e prefeitos. 

Assim, contando com o real ainda valorizado e uma relativa estabilidade econômica, Fernando Henrique garantiu a reeleição, vencendo, novamente, o principal candidato Luiz Inácio Lula da Silva, no primeiro turno de 1998.

Deve-se destacar que já no início do seu segundo mandato, o real sofreu uma elevada desvalorização em relação ao dólar, contrariando as promessas de campanha do presidente sobre o tema.

O governo de FHC enfrentou uma grave crise no setor energético, fruto das reduzidas chuvas do período e de uma indefinida política público-privada para o setor. 

A consequência foi a necessidade de um racionamento e a ameaça de cortes no fornecimento de energia (“apagão”), fato que marcou a vida dos brasileiros em 2001. A situação provocou um desgaste na imagem do presidente da República e sua equipe, impondo restrições ao crescimento econômico do país no período.

Quando as eleições chegaram, o candidato do partido de FHC para Presidência e ex-ministro da saúde e do planejamento, José Serra, sofreu com as consequências do desgaste de imagem dos últimos oito anos de governo. 

O transtorno gerado pela crise energética, a reduzida renda do trabalhador, a ausência de uma considerável taxa de crescimento, as críticas à política neoliberal de FHC, a limitada resolução de problemas sociais e a dependência excessiva do capital externo foram algumas das razões que impediram sua eleição. 

A vitória foi obtida por Luiz Inácio Lula da Silva, do Partido dos Trabalhadores (PT), eleito no segundo turno, com 61% dos votos válidos em sua quarta tentativa de chegar à presidência. 

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