Alberto Santos Dumont: conheça a biografia do pai da aviação!

Alberto Santos Dumont: conheça a biografia do pai da aviação!

No dia 20 de janeiro é comemorado o dia de criação do Ministério da Aeronáutica. Logo, nada mais justo do que você conhecer a história do “Pai da aviação” e do Marechal do Ar Alberto Santos Dumont. Então, confira esse artigo Estratégia Militares preparou para você!

Infância e juventude de Santos Dumont

Alberto Santos Dumont nasceu na Fazenda Cabangu, no estado de Minas Gerais, em 20 de julho de 1873, e era o 6º de oito filhos. Sua mãe, Francisca Santos Dumont, era filha de uma das mais tradicionais e ricas famílias de industriários do país. 

Alberto cresceu em uma atmosfera de facilidade e riqueza. Adquiriu uma ampla visão cosmopolita, bem como um domínio fluente de português, espanhol, francês e inglês, resultado das viagens que realizava com a família pela América Latina e pela Europa.

Seu pai, Henrique Dumont, era um engenheiro ferroviário francês e um importante cafeicultor, dono de uma das plantações de café mais bem-sucedidas de São Paulo. Por causa disso, o pai de Alberto acumulou uma enorme fortuna e às vezes também era chamado de “rei do café do Brasil”. 

Em 1881, Santos Dumont visitou a França pela primeira vez. Nessa época, os motores à gasolina eram a novidade do mundo, fato que marcou e fascinou Santos Dumont. No mesmo ano, o pai de Dumont ficou paraplégico depois de cair de um cavalo. 

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Carreira de Santos Dumont

Quando Dumont completou 18 anos, seu pai decidiu mandá-lo para Paris enquanto o resto da família se mudou para a Europa após o acidente de seu pai. Na Europa, teve contato com física, química, mecânica, eletricidade e astronomia. 

Pouco depois de sua chegada, Dumont comprou seu próprio automóvel, sendo um dos primeiros parisienses a possuir um automóvel movido à gasolina, e teve a oportunidade de construir suas próprias aeronaves. Lá, ele fez contato com baloeiros, como Albert Chapin, que viria a se tornar o mecânico de seus inventos.

A primeira experiência de voo que ele teve foi com um piloto de balão talentoso, com quem aprendeu sobre o balão de ar quente. Pouco tempo depois, ele começou a pilotar balões sozinho e depois começou a projetar seus próprios balões. 

Primeiro balão de Santos Dumont

Ele voou seu primeiro balão chamado “Bresil”, que tinha capacidade de 113 metros cúbicos e era capaz de levantar lastro que pesava 114,4 libras. O balão ganhou altura, mas preso em uma corda, dependia do vento para se movimentar. Este primeiro voo ocorreu no dia 4 de julho de 1898.

No entanto, Santos-Dumont não permaneceu cativo dos ventos. Em setembro de 1898, ele havia testado o primeiro de 12 dirigíveis que ele construiria nos próximos sete anos. Em vez de apenas derivar para onde o vento sopra, os dirigíveis podem ser impulsionados e manobrados na direção que o piloto deseja que eles tomem.

Alberto Santos Dumont
Divulgação: Força Aérea Brasileira / Flickr

Dirigíveis de Santos Dumont

Para chegar aos dirigíveis, Santos Dumont evoluiu seus estudos, conforme ia construindo novos balões. O balão nº1 foi o primeiro que era motorizado e foi nomeado de “Charuto voador”. Ainda preso em uma corda, subiu aos céus, chegando à altura de 400 metros. Mas as condições de neve fizeram com que o dirigível se dobrasse e caísse.

Em maio de 1899, Santos Dumont testou o balão nº 2, porém a chuva forte deixou o balão pesado e a apresentação se resumiu em manobras simples. Já no balão nº 3, Dumont instalou um novo motor a gasolina e pela primeira vez, contornou a Torre Eiffel. O seu pouso foi no local exato onde o balão nº 1 havia caído.

Com o balão n.º 4, concluído em agosto de 1900, Dumont realizou diversos voos, mas ainda não tinha o controle total do equipamento. Dumont decidiu construir um dirigível maior para ganhar o prêmio Deutsch de la Meurthe e isso levou ao desenvolvimento do dirigível nº 5. A apresentação do balão culminou em um acidente que quase lhe tirou a vida. 

Em uma de suas tentativas, em 8 de agosto de 1901, seu dirigível perdeu gás no motor, devido a uma falha numa das molas de combustão e começou a cair rapidamente, onde atingiu o telhado do Hotel Trocadero e uma forte explosão foi ouvida nas regiões próximas ao acidente. Dumont sobreviveu a esta explosão e foi ajudado pela brigada de incêndio de Paris.

Apesar dessa tentativa nada satisfatória de ganhar o prêmio, Santos Dumont alcançou pela primeira vez fama internacional, em 19 de outubro de 1901.  Ele pilotou seu dirigível nº 6 do campo do Aero-Club em St. Cloud até a Torre Eiffel em menos de 30 minutos para ganhar o Prêmio Alemão de 100.000 francos.

Por causa de seus feitos na aviação, Dumont ficou conhecido em todo o mundo e associado aos ricos e à elite. Ele ganhou vários outros prêmios por seus dirigíveis e até foi convidado por ninguém menos que o próprio Presidente americano Theodore Roosevelt para a Casa Branca. 

Sua fama fez dele uma espécie de celebridade e os parisienses o chamavam de “le petit Santos”, de maneira carinhosa. Até mesmo sua declaração de moda foi imitada pelas pessoas – incluindo o chapéu Panamá que ele usava. 

O desenvolvimento e construção de balões seguiu com os dirigíveis nº 7, 8 e 9. Com esse último, em 4 de julho de 1903, Santos Dumont manobrou sobre Longchamps, onde se realizava um desfile militar em comemoração à tomada da Bastilha.

Uma vez resolvido o problema da direção do veículo mais leve que o ar, Santos Dumont começou a voltar sua atenção para os problemas de voo de aeronaves mais pesadas que o ar. 

O voo do 14 BIS

Em 1905, ele conseguiu terminar seu primeiro projeto para uma aeronave de asa fixa, juntamente com outro projeto para um helicóptero. A bordo do 14 BIS ele fez sua primeira tentativa sem sucesso, em julho de 1906. Em 7 de setembro, as rodas do 14 BIS saíram do chão por um momento. No dia 13 de setembro, atingiu a altura de um metro.

Já em 23 de outubro, o avião voou 50 metros. Mas foi em 12 de novembro de 1906 que o avião de Santos Dumont, o 14 BIS, voou uma distância de 220 metros a 6 metros de altura. 

O design do quadro biplano era uma estrutura em forma de caixa múltipla para dar força e era alimentado por um motor V8. A estrutura foi construída com soquetes de alumínio e foi feita de bambu e pinho, coberta de seda. 

Graças a esse voo, o “Prêmio Arquidecon” foi concedido a Santos Dumont, que assim resolveu o problema de fazer uma máquina mais pesada que o ar decolar por seus próprios meios.

Avião 14 bis de Santos Dumont

O relógio de Santos Dumont e o Demoiselle

Santos Dumont criou e popularizou várias outras invenções, entre elas, o recém-inventado relógio de pulso, pois precisava medir os intervalos de tempo de voo. 

Ele popularizou seu uso por homens no início do século 20, e Cartier surgiu com a brilhante solução de ter um relógio de pulso com pulseira de couro que permitiria a Dumont verificar a hora enquanto mantinha as duas mãos nos controles do avião. Depois disso, Dumont nunca mais voou sem seu relógio Cartier.

O tempo que Santos Dumont passou voando sobre o campo em Bagatelle representou o auge da sua carreira. Ele permaneceu ativo na aeronáutica até 1910 e desenvolveu, entre outras coisas, o popular monoplano Demoiselle que encantou multidões de shows aéreos na Europa e América. 

Em dezembro de 1910, o Aero-Club de France inaugurou um monumento comemorando os acontecimentos ocorridos no campo de Bagatelle.

Retorno ao Brasil

Ainda em 1910, Dumont encerrou sua carreira e passou a supervisionar as indústrias aeronáuticas que surgiram na Europa, porém, ele foi diagnosticado com esclerose múltipla e voltou ao Brasil.

Ele então entrou em um período de declínio físico e mental. Ao ver seu invento ser usado para bombardear a cidade de Colônia, na Alemanha, durante a Primeira Guerra, Dumont se decepcionou

No Brasil, sua tristeza aumentou quando sua invenção foi usada para fins militares durante a Revolução de 1932, quando o exército massacrou os separatistas paulistas, com bombardeios. 

Morte de Santos Dumont

Ele tirou a própria vida dias após seu aniversário, aparentemente deprimido com a eclosão de uma guerra local em que o avião foi empregado como arma. 

Alberto Santos Dumont faleceu aos 59 anos no Guarujá, São Paulo, no dia 23 de julho de 1932, e não deixou descendentes nem nota de suicídio. Seu corpo foi sepultado no Cemitério São João Batista, no Rio de Janeiro, em 21 de dezembro de 1932.

O coração de Santos Dumont

O médico Walther Haberfield secretamente removeu seu coração durante o processo de embalsamamento e o preservou. Depois de manter isso em segredo por doze anos, ele quis devolvê-lo à família Dumont, que não o aceitou. O médico então doou o coração de Santos Dumont ao governo brasileiro. 

Hoje o coração está em exposição no Museu da Força Aérea em Campo dos Afonsos, Rio de Janeiro.

De acordo com a lei n. 165, de 5 de dezembro de 1947, promulgada pelo Congresso Nacional do Brasil e sancionada pelo Presidente Eurico Gaspar Dutra, Alberto Santos Dumont foi inscrito permanentemente no Almanaque do Ministério da Aeronáutica com a patente de Tenente Brigadeiro. 

Ele foi promovido ao posto honorário de Marechal do Ar em 22 de setembro de 1955, de acordo com a lei no. 3636, e está listado permanentemente no Almanaque de Heróis do Ministério da Aeronáutica.

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