Porta-aviões: conheça os que o Brasil já teve!

Porta-aviões: conheça os que o Brasil já teve!

Você já deve ter visto aqueles filmes em que os caças decolam a toda velocidade de porta-aviões no meio do mar. Parece coisa de ficção ou de grandes exércitos, como o dos Estados Unidos – mas, acredite: o Brasil também já teve porta-aviões no seu arsenal! 

Os porta-aviões, também conhecidos como Navios Aeródromos, ficam sob o comando da Marinha do Brasil e a serviço da Aviação Naval. Quer saber mais sobre eles? O Estratégia Militares reuniu as principais informações para você! 

O Brasil tem porta-aviões?

A Marinha do Brasil já teve dois porta-aviões ao longo da história da Aviação Naval. O primeiro deles foi o Navio Aeródromo Ligeiro (NAeL) “Minas Gerais” e outro foi o Navio Aeródromo (NAe) “São Paulo”. 

Atualmente, o Brasil não tem um porta-aviões… mas temos um porta-helicópteros! Parece menos legal? Pois saiba que essa embarcação – o Navio Aeródromo Multipropósito (NAM) “Atlântico” – é o maior navio de guerra da América Latina! 

Vamos explicar com mais detalhes qual foi a importância de cada um deles! 

Aviação Naval

Antes de falar sobre os porta-aviões em si, que tal explicarmos o que é a Aviação Naval? Bem, as Forças Armadas do Brasil se dividem em três: Exército, Marinha e Força Aérea. Normalmente, é de se esperar que tudo relacionado ao ar esteja sob o comando da Força Aérea, não é? 

Porém, não é bem assim. A Aviação Naval é um ramo da aviação militar que funciona especificamente em ambientes marítimos – seja em embarcações ou em bases navais na costa brasileira – e que está subordinada à Marinha do Brasil. Na realidade, a Aviação Naval é ainda mais antiga do que a atual Força Aérea Brasileira (FAB). 

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Fonte: Marinha do Brasil

A Aviação Naval surgiu em 1916, com a criação da Escola Aérea Naval. A instituição ficou ativa até 1941, quando foi estabelecida a atual Força Aérea Brasileira. Por um tempo, a aviação naval ficou extinta, já que todas as questões aéreas ficaram fora do controle da Marinha. Até que, em 1961, o Brasil adquiriu seu primeiro porta-aviões, o NAeL “Minas Gerais” – e assim foi oficialmente criado o Comando da Força Aeronaval. 

NAeL “Minas Gerais” 

O Navio Aeródromo Ligeiro “Minas Gerais” A-11 foi inicialmente construído pelo Reino Unido, com o objetivo de usá-lo na Segunda Guerra Mundial. Porém, ele só foi lançado no final do conflito, em 1944, e não chegou a ser usado em combate pelos ingleses. Originalmente, seu nome era HMS Vengeance, construído pelo estaleiro Swan Hunters.  

Após a guerra, o porta-aviões foi emprestado para a Austrália, entre 1952 e 1955, e vendido, por fim, para o Brasil em 1956. Antes de poder ser usado pela nossa Marinha, o navio passou por uma reforma e modernização de quatro anos na Holanda. Ele atracou no Rio de Janeiro em 2 de fevereiro de 1961. 

Fonte: Poder Naval

O rebatizado NAeL “Minas Gerais” tornou-se, então, a base da recém-criada Força Aeronaval, sob o comando do Capitão-de-Mar-e-Guerra Hélio Leôncio Martins. 

Agora, quão grande era esse porta-aviões? Bem, para começar, só de tripulação, o NAeL “Minas Gerais” comportava 1000 pessoas. Além disso, também tinha o Grupo Aéreo, os responsáveis por pilotar e cuidar das aeronaves, que podia somar mais de 350 pessoas. Em termos de tamanho, o navio tinha 211,25 metros de comprimento. O convoo – ou convés de voo, a parte de onde as aeronaves pousam e decolam – tinha 36,44 metros. 

O navio conseguia alcançar a velocidade máxima de 23 nós – o equivalente a mais ou menos 42 quilômetros por hora –, mas costumava manter a velocidade de cruzeiro de 18 nós, ou aproximadamente 33 quilômetros por hora. Seu sistema de armamentos era composto por três lançadores duplos de mísseis de defesa. 

Por conta de disputas com a Força Aérea sobre o uso de aeronaves de asa fixa – como caças, por exemplo –, o “Minas Gerais” passou um bom tempo operando apenas como um porta-helicópteros e como navio de assalto anfíbio, além de ter o objetivo de ser usado contra submarinos, caso necessário. O navio até recebia as aeronaves da FAB, mas elas não eram de propriedade da Marinha e da Aviação Naval. 

Fonte: Poder Naval

Foi só em 2001, quase no fim do serviço do porta-aviões, que a Marinha pôde, pela primeira vez, fazer pousos enganchados e catapultagem de caças pilotados por aviadores navais brasileiros a bordo do NAeL “Minas Gerais”. Na ocasião, a manobra foi realizada pelas recém-adquiridas aeronaves AF-1 Skyhawk. 

No entanto, mesmo em suas melhores condições, o NAeL “Minas Gerais” não teria capacidade de operar as aeronaves em todo seu potencial. Portanto, depois de 40 anos de serviço, o porta-aviões foi descomissionado – em 9 de outubro de 2001 – e deixou o palco da Aviação Naval para o Navio Aeródromo “São Paulo”. 

NAe “São Paulo” 

O segundo porta-aviões que o Brasil adquiriu foi o Navio Aeródromo “São Paulo”. Ele foi comprado no ano 2000 da Marinha Francesa, onde ele era chamado Foch – R-99. Maior do que o NAeL “Minas Gerais”, o porta-aviões contava com 265 metros de comprimento. Ele comportava mais do que o dobro da tripulação do navio anterior. 

Fonte: Poder Naval

No momento da sua incorporação na Marinha do Brasil, o NAe “São Paulo” suportava 1920 pessoas – das quais 64 eram oficiais, 476 sargentos e 798 eram cabos e marinheiros – mais o Grupo Aéreo, que somava 582 pessoas. Com relação às aeronaves, no momento da incorporação, havia 14 caças AF-1A Skyhawk e 13 helicópteros de variados tipos. 

Fonte: Poder Naval

Inicialmente, esperava-se que o porta-aviões permanecesse em operação até pelo menos 2039; porém, diversos problemas de desempenho tornaram a manutenção do NAe “São Paulo” inviável. Os problemas começaram em 2005, quando uma tubulação de vapor se rompeu, o que causou ferimentos e mortes entre os tripulantes. 

O navio passou um bom tempo em manutenção, mas mesmo depois de voltar à ativa, vários problemas continuavam a acontecer. Por fim, ficou claro que os custos dos reparos e modernização não valiam à pena e o NAe “São Paulo” foi descomissionado em 2017. 

NAe “São Paulo” soltando fumaça preta durante testes. Fonte: Poder Naval

O casco do navio foi leiloado para uma empresa de desmonte turca, porém ao ser rebocado para o local, o NAe “São Paulo” foi impedido de entrar na Turquia por receio de contaminação ambiental. O navio continha alta concentração de amianto, um material considerado tóxico e cancerígeno. 

Por causa do risco de contaminação, o NAe “São Paulo” também foi impedido de retornar para o Brasil e ficou à deriva, sem ter onde atracar. No fim, a solução da Marinha do Brasil foi afundá-lo a 350 quilômetros da costa brasileira, ainda dentro da Zona Econômica Exclusiva do Brasil, em 2023. 

NAM “Atlântico” 

Com o descomissionamento do NAe “São Paulo”, o Brasil investiu na compra do Navio Aeródromo Multipropósito “Atlântico”, um porta-helicópteros que originalmente se chamava HMS Ocean e pertencia à Marinha Real Britânica. Hoje, o NAM “Atlântico” é o maior navio de guerra da América Latina e o navio-capitânia da esquadra brasileira – ou seja, é o navio que serve como centro de comando. 

Fonte: Marinha do Brasil

Embora ele não permita o lançamento ou pouso dos caças da Aviação Naval, o navio pode transportar até 18 helicópteros e 40 veículos. Além disso, o porta-helicópteros suporta uma tripulação de 1400 pessoas. Em termos de tamanho, ele é um pouco menor do que os porta-aviões anteriores, com 203 metros de comprimento e 30 metros de altura. 

Hoje, ele é usado no controle de áreas marítimas, operações anfíbias e em missões de caráter humanitário. Um exemplo foi a missão de dar auxílio e trazer mantimentos para as vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul, em 2024. O NAM “Atlântico” possui o 2o maior complexo médico dentre os navios da Marinha do Brasil. 

Fonte: Marinha do Brasil

Uma curiosidade é que o NAM consegue transformar água do mar em água potável. Ele pode converter até 300 mil litros de água por dia. 

Às vezes, a Marinha permite a visitação do porta-helicópteros em alguns eventos especiais. Um deles foi o Rio Innovation Week, uma conferência global de tecnologia e inovação que aconteceu em agosto de 2025. Geralmente, eventos do tipo costumam ocorrer na cidade do Rio de Janeiro. 

E os caças da Aviação Naval? Bem, depois da desativação do NAe “São Paulo”, os caças passaram a operar a partir da Base Aérea Naval de São Pedro da Aldeia, no Rio de Janeiro.                                              

Como entrar na Aviação Naval?

Já pensou que legal seria trabalhar em um porta-aviões ou porta-helicópteros? Existem uma variedade de oportunidades de trabalho nos navios da Marinha, desde ser um dos pilotos da Aviação Naval até funções como engenheiro de máquinas ou médico militar. Você pode explorar as diferentes carreiras militares da Marinha no Portal Estratégia Militares! 

O primeiro passo, qualquer que seja a sua escolha de carreira, é entrar para a Marinha do Brasil por meio dos concursos públicos que acontecem todos os anos! A escolha da escola militar – como a EAM, a Escola Naval ou até a EFOMM – vai depender de qual caminho dentro da Força você deseja seguir. 

Agora, se você tem o sonho de ser um piloto da Aviação Naval, se prepare: o caminho é árduo! Primeiramente é necessário ser oficial da Marinha de algum dos quadros de carreira – Corpo da Armada ou Fuzileiro Naval. Para isso você pode ingressar na Marinha por meio da Escola Naval ou pelos concursos voltados para os candidatos que possuem nível superior.

Uma vez oficial, é preciso passar pelo Curso de Aperfeiçoamento em Aviação para Oficiais (CAAVO) e, em seguida, pelo Estágio Básico de Asa Rotativa (EBAR). O curso é ministrado no Centro de Instrução e Adestramento Aeronaval Almirante José Maria do Amaral Oliveira, escola localizada na Base Aeronaval de São Pedro da Aldeia (RJ).

Ao fim dele, os alunos são encaminhados para a Academia da Força Aérea (AFA), onde são colocados no 2º Esquadrão de Instrução Aérea (2º EIA). Eles passam por uma rigorosa seleção. Os quatro melhores são escolhidos para serem ensinados a operar caças em porta-aviões.

Os alunos que não são encaminhados para a AFA, retornam para a Base de São Pedro da Aldeia e ingressam no 1º Esquadrão de Helicópteros de Instrução, onde recebem aulas práticas de voo e ao final são enviados para algum Esquadrão de Helicópteros da Marinha, no Brasil, inclusive para o NAM Atlântico! 

Curtiu aprender sobre os porta-aviões que o Brasil já teve? Acompanhe o Portal Estratégia Militares para mais novidades sobre o mundo militar e os concursos públicos para ingressar nos cursos de formação das Forças Armadas! Clique no banner e conheça também os cursos on-line preparatórios para os seletivos! 

Fontes: 

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