2 de Julho: Partida do Primeiro Escalão da FEB

2 de Julho: Partida do Primeiro Escalão da FEB

Os pracinhas, apelido dado aos soldados brasileiros da Segunda Guerra Mundial, são considerados verdadeiros heróis nacionais. Isso se deve ao fato deles terem representado o Brasil em um dos maiores confrontos bélicos da história e, principalmente, pela maneira como atuaram em território europeu. 

Eles enfrentaram várias situações adversas e, mesmo assim, sagraram-se vitoriosos em todas as batalhas. O dia 2 de julho marca a data em que a Força Expedicionária Brasileira embarcou no porto do Rio de Janeiro rumo à Itália. 

Dada a importância desse dia, o Estratégia Militares preparou um artigo que conta como foi esse episódio, além de abordar os principais pontos da participação brasileira na Segunda Guerra Mundial. 

A entrada do Brasil na Guerra e a criação da FEB

Para compreender como se deu a entrada do Brasil na Segunda Guerra Mundial, é importante saber qual era a situação do país no momento pré-guerra. 

A Alemanha Nazista era um grande aliado econômico brasileiro. A parceria mostrava-se fundamental para o objetivo alemão de expandir sua influência na América Latina. 

Além disso, o Estado Nazista se tornou um dos maiores importadores de café e algodão brasileiro no mundo. Em contrapartida, o Brasil se aproveitava da relação municiando seu exército com equipamento alemão.

Outro grande parceiro econômico brasileiro da época era os Estados Unidos. Além de intensificar sua influência cultural e econômica no território brasileiro, eles firmaram diversos acordos econômicos, como: compra de borracha, construção da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) em Volta Redonda (RJ), entre outros. 

A Segunda Guerra Mundial foi responsável por colocar os EUA e a Alemanha em lados opostos. Isso levou o Brasil a ter que escolher um entre dois dos seus mais importantes parceiros econômicos. Devido à forte pressão, o Brasil rompeu relações diplomáticas com o Estado Nazista e se juntou aos EUA.

Getúlio Vargas declarou a entrada do país no confronto em agosto de 1942, posicionando-se ao lado dos Norte-Americanos, que junto à França, ao Reino Unido e à União Soviética, eram chamados de Aliados.

A Força Expedicionária Brasileira

A Força Expedicionária Brasileira (FEB) foi a tropa composta por militares das mais diversas Armas, Quadros e Serviços, responsável por representar o Brasil na Segunda Guerra Mundial. O militar incumbido de comandar esse efetivo foi o General Mascarenhas de Morais.

Pelo fato das Forças Armadas da época ainda não serem tão desenvolvidas como atualmente, a montagem e a escolha de todo esse efetivo composto por mais de 25 mil homens e mulheres demorou além do esperado. Isso fez com que algumas especulações sobre a não participação brasileira na guerra de forma efetiva surgissem.

A Partida do Primeiro Escalão da FEB

Na noite do dia 2 de julho de 1944, a primeira embarcação, transportando cerca de 5 mil homens, saiu do porto do Rio de Janeiro rumo à Itália. A importância dada a esse dia é devido ao fato de que ele representou o ponto de partida do Brasil na Segunda Guerra Mundial, pondo fim às especulações de que a FEB não entraria no confronto. 

Partida do Primeiro Escalão da FEB
Visita do Presidente Getúlio Vargas aos soldados da FEB momentos antes do embarque para a Itália.

Após 14 dias de viagem, o navio norte-americano General Mann chegou à Nápoles. Logo após pisarem em território europeu, os pracinhas foram incumbidos de derrotar o Exército Nazista que tentava avançar pela Itália rumo à França.

A participação brasileira se estendeu por cerca de 7 meses, em que batalhas como: a Conquista de Montese, a Conquista de Fornovo, entre outras fizeram do esquadrão brasileiro um dos destaques da guerra. 

Canção da FEB

Você sabe de onde eu venho ?
Venho do morro, do Engenho,
Das selvas, dos cafezais,
Da boa terra do coco,
Da choupana onde um é pouco,
Dois é bom, três é demais,
Venho das praias sedosas,
Das montanhas alterosas,
Dos pampas, do seringal,
Das margens crespas dos rios,
Dos verdes mares bravios
Da minha terra natal.
Por mais terras que eu percorra,
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte para lá;
Sem que leve por divisa
Esse "V" que simboliza
A vitória que virá:
Nossa vitória final,
Que é a mira do meu fuzil,
A ração do meu bornal,
A água do meu cantil,
As asas do meu ideal,
A glória do meu Brasil.
Eu venho da minha terra,
Da casa branca da serra
E do luar do meu sertão;
Venho da minha Maria
Cujo nome principia
Na palma da minha mão,
Braços mornos de Moema,
Lábios de mel de Iracema
Estendidos para mim.
Ó minha terra querida
Da Senhora Aparecida
E do Senhor do Bonfim!
Por mais terras que eu percorra,
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte para lá;
Sem que leve por divisa
Esse "V" que simboliza
A vitória que virá:
Nossa vitória final,
Que é a mira do meu fuzil,
A ração do meu bornal,
A água do meu cantil,
As asas do meu ideal,
A glória do meu Brasil.
Você sabe de onde eu venho ?
E de uma Pátria que eu tenho
No bôjo do meu violão;
Que de viver em meu peito
Foi até tomando jeito
De um enorme coração.
Deixei lá atrás meu terreno,
Meu limão, meu limoeiro,
Meu pé de jacarandá,
Minha casa pequenina
Lá no alto da colina,
Onde canta o sabiá.
Por mais terras que eu percorra,
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte para lá;
Sem que leve por divisa
Esse "V" que simboliza
A vitória que virá:
Nossa vitória final,
Que é a mira do meu fuzil,
A ração do meu bornal,
A água do meu cantil,
As asas do meu ideal,
A glória do meu Brasil.
Venho do além desse monte
Que ainda azula o horizonte,
Onde o nosso amor nasceu;
Do rancho que tinha ao lado
Um coqueiro que, coitado,
De saudade já morreu.
Venho do verde mais belo,
Do mais dourado amarelo,
Do azul mais cheio de luz,
Cheio de estrelas prateadas
Que se ajoelham deslumbradas,
Fazendo o sinal da Cruz !
Por mais terras que eu percorra,
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte para lá;
Sem que leve por divisa
Esse "V" que simboliza
A vitória que virá:
Nossa vitória final,
Que é a mira do meu fuzil,
A ração do meu bornal,
A água do meu cantil,
As asas do meu ideal,
A glória do meu Brasil.
Letra: Guilherme de Almeida

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