No dia 5 de julho de 1922, um grupo de manifestantes, composto por 17 militares e um civil, marchavam pela Avenida Atlântica rumo ao Palácio Presidencial, localizado no Catete, na cidade do Rio de Janeiro (RJ). Nesse ato, apenas dois militares sobreviveram ao fuzilamento perpetrado por tropas legalistas.
Esse episódio foi o estopim de um movimento que ficou conhecido como a Revolta do Forte de Copacabana ou a Revolta dos 18 do Forte. O Estratégia Militares preparou um artigo que conta como aconteceu o manifesto, além de abordar quais foram as principais motivações para a revolta da organização e quais eram seus principais ideais para o país.
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A República Oligárquica
Antes de adentrarmos na revolta em si, é importante conhecer um dos seus principais motivos: o sistema político da época.
Com o fim da República da Espada (1891-1894), iniciou-se a República Oligárquica (1894-1930), na qual o cargo de presidente da república passou a ser alternado entre importantes cafeicultores paulistas e grandes leiteiros de Minas Gerais.
A alternância entre essas duas oligarquias no poder era proposital e ficou conhecida como “política do café com leite”.
Desde os primeiros anos do Brasil Republicano, a política nacional era alvo de muitas críticas, devido a forma de governo adotada pelos presidentes, o autoritarismo dos políticos e a maneira como aconteciam as eleições.
A Política dos Governadores, sustentada pelo coronelismo, e a Política das Salvações são dois bons exemplos de ações autoritárias idealizadas por presidentes que tinham o intuito de se perpetuar no poder e conquistar ainda mais força política.
A Reação Republicana
Apesar de todos os esquemas políticos – que garantiam a perpetuidade das oligarquias no poder – terem funcionado por muito tempo, a eleição de 1922 prometia pôr um fim nisso. Dois candidatos disputavam a cadeira presidencial:
- Arthur Bernardes: representava as oligarquias cafeeiras e daria continuidade a “política do café com leite”; e
- Nilo Peçanha: representava a junção de oligarquias menores dos estados do Rio de Janeiro, Bahia e Rio Grande do Sul. O nome dado à chapa foi “Reação Republicana” e a intenção deles era romper com a hegemonia paulista e mineira.
Nilo Peçanha percorreu todo o país fazendo comícios e buscando apoiadores. Enquanto isso, cartas, supostamente escritas por Arthur Bernardes, criticando Hermes da Fonseca e os militares vazavam na imprensa.
O resultado das eleições atribuiu a vitória a Artur Bernardes. No entanto, a Reação Republicana não aceitou o resultado e buscou mobilizar a população e os militares para que o processo eleitoral fosse feito com mais seriedade e fiscalização.
Jovens Oficiais – insatisfeitos com o governo anterior, a falta de armamento, baixos salários e a demora nas promoções – uniram-se com o intuito de derrubar o governo. O nome dado ao movimento militar foi “tenentismo”, tendo em vista a patente da maioria de seus membros.
O tenentismo
O principal objetivo dos Tenentes era encerrar o ciclo da República Oligárquica. Apesar de não terem um plano de ação bem definido, o grupo de ideais positivistas tinha algumas ideias centrais:
- Voto secreto;
- Criação da Justiça Eleitoral;
- Punição aos corruptos; e
- Acesso gratuito e universal à educação.
O primeiro levante organizado pelo grupo tinha como objetivo impedir a posse de Artur Bernardes. Ele se concretizou no Rio de Janeiro e ficou conhecido como Revolta do Forte de Copacabana.
A Revolta do Forte de Copacabana
Os revolucionários que se opunham à posse de Arthur Bernardes e à República Oligárquica se reuniram e tomaram o Forte de Copacabana. O levante era liderado pelo Capitão Euclides Hermes da Fonseca.
Mais de 300 militares resistiram no Forte por dias. Após troca de tiros e bombardeio de diversas áreas do Rio de Janeiro por parte dos revoltosos, houve corte de água, telefone e luz no Forte. A pressão externa para a rendição era enorme, o que fez com que a grande maioria dos revolucionários desistisse do movimento, sobrando apenas 29 deles.
No dia 5 de julho, Euclides Hermes já tinha sido preso quando saiu do Forte para negociar com o Ministro da Guerra. A liderança dentro do Forte ficou nas mãos de Siqueira Campos, que diante da situação tomou a decisão de não se entregar.
Os 28 militares pegaram toda munição disponível e, equipados com fuzis Mauser 1908 e pistolas Parabellum, saíram do Forte rumo ao Palácio do Catete, certos de que defenderiam seus ideais até a morte.
Quando se deparou com o ataque iminente por parte dos militares, Epitácio Pessoa, então presidente, ordenou que suas tropas atacassem os rebeldes.
Em um primeiro tiroteio, o efetivo de Siqueira Campos se reduziu a 17 homens. Nesse momento, um civil se uniu aos militares para tentar auxiliá-los. A partir daí, os 18 homens seguiram pela Avenida Atlântica, onde foi tirada uma foto emblemática, que deu nome ao movimento: Revolta dos 18 do Forte.
Nos embates seguintes, os revolucionários morreram, com exceção de dois: os militares Siqueira Campos e Eduardo Gomes. Eles ficaram muito feridos e, apesar do estado grave, conseguiram sobreviver, sendo considerados heróis do movimento.
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