O gênero lírico é oriundo de longínquos tempos, da época da Grécia Antiga, quando as histórias dos heróis e deuses gregos eram retratadas de maneira diferente do que temos hoje em dia. Para saber mais, confira esse artigo, que o Estratégia Militares preparou para você!
A palavra gênero possui, entre outros sentidos, o significado de “classe” ou “espécie”. Por isso, quando se refere a gêneros literários, evoca-se diretamente a ideia de classificação de obras literárias.
Essa tentativa de organização vem desde a Grécia Antiga e pode ser verificada, por exemplo, nos estudos antigos dos filósofos gregos Platão e Aristóteles.
De acordo com esses estudos clássicos, há três gêneros literários básicos:
- O lírico;
- O épico; e
- O dramático.
Com o passar dos séculos, essa divisão tem sido questionada por escritores e críticos, diante do surgimento de novos gêneros e da confluência entre eles, além da renovação e mudança das formas antigas.
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Gênero lírico
No início de sua existência, a poesia era produzida para ser cantada ou declamada ao som da lira, instrumento musical de cordas. Foi do nome de tal instrumento que derivou a denominação do gênero literário lírico.
Na contemporaneidade, é difícil presenciar a declamação de uma poesia ao som de liras. Essa separação entre a poesia e a música começou no século XV, depois da invenção da prensa, quando a cultura letrada passou a ter mais destaque e importância social do que a cultura oral.
Características do gênero lírico
Na obra lírica, um sujeito – que é chamado de eu-lírico, sujeito lírico, voz lírica ou voz poética – exprime suas emoções. Por emoções entenda ser todas as experiências psíquicas, sejam os mais profundos sentimentos e sensações ou ainda as mais variadas reflexões e concepções de mundo.
Devido à intensidade da expressão, as obras líricas tendem a ser breves e a acentuar o ritmo e a musicalidade da linguagem. Em consequência, o gênero lírico é preferencialmente escrito em forma de poema, isto é, em versos. Dentre os três gêneros literários, ele é o mais subjetivo.
Tipos de narrador lírico
Para contar uma história, o narrador pode posicionar-se de maneiras diversas. Assim, dependendo da perspectiva do narrador, uma obra literária pode ter:
I) Foco narrativo em terceira pessoa;
II) Foco narrativo em primeira pessoa ou narrador-personagem;
III) Observador; e
IV) Onisciente.
Foco narrativo em terceira pessoa
Ocorre quando o narrador é apenas uma voz que não se identifica. Em outras palavras, quando o narrador não é um personagem.
Foco narrativo em primeira pessoa ou narrador-personagem
Ocorre quando o narrador é um dos personagens que vive a história.
Observador
Ocorre quando o narrador narra de um ponto de vista exterior, como quem presencia ou testemunha os acontecimentos.
Onisciente
Ocorre quando o narrador conhece e revela o interior das personagens, seus pensamentos e emoções.
Para que você entenda quais são os traços dos textos que se enquadram no gênero lírico, observe o poema de Cecília Meireles:
Motivo Eu canto porque o instante existe e a minha vida está completa. Não sou alegre nem sou triste: sou poeta. Irmão das coisas fugidias, não sinto gozo nem tormento. Atravesso noites e dias no vento. Se desmorono ou se edifico, se permaneço ou me desfaço, - não sei, não sei. Não sei se fico ou passo. Sei que canto. E a canção é tudo. Tem sangue eterno a asa ritmada. E um dia sei que estarei mudo: - mais nada.
No poema de Cecília Meireles, há a presença de uma voz poética que reflete sobre sua existência. Observe que os versos são todos centrados nos sentimentos, nas dúvidas e nas angústias do eu poético.
Esse caráter subjetivo e intimista é uma temática recorrente na poesia lírica. Isso porque esses textos, em sua maioria, não desejam representar o “mundo exterior”, mas sim criar e expressar o caráter introspectivo do eu.
Nesse sentido, há predominância de marcadores linguísticos – pronomes e verbos em primeira pessoa – que acentuam essa nuance. Além disso, também, há o uso de palavras e/ou expressões polissêmicas, ou seja, com mais de um sentido, empregadas no sentido conotativo, que é quando seu significado é ampliado ou alterado no contexto usado.
Observe outro poema de Cecília Meireles, com estes mesmos traços:
Herança Eu vim de infinitos caminhos, e os meus sonhos choveram lúcido pranto pelo chão. Quando é que frutifica, nos caminhos infinitos, essa vida, que era tão viva, tão fecunda, porque vinha de um coração? E os que vierem depois, pelos caminhos infinitos, do pranto que caiu dos meus olhos passados, que experiência, ou consolo, ou prêmio alcançarão?
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Referências
- MEIRELES, Cecília. Viagem & vaga música. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2006. p.13.
________________. Viagem & vaga música. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2006.