Revolução russa: saiba mais sobre o período pré-revolução!!

Revolução russa: saiba mais sobre o período pré-revolução!!

A Rússia, país com maior extensão territorial do planeta, passou por grandes mudanças em sua história. Os efeitos da Revolução Russa de 1917 repercutem até os dias atuais em todo o mundo. 

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A Primeira Guerra Mundial marcou decisivamente a organização geopolítica do mundo contemporâneo. Nesse sentido, ela determinou a decadência da Europa como centro hegemônico e, ao mesmo tempo, deu condições para o surgimento dos Estados Unidos como potência mundial.

Além disso, durante o desenrolar da Grande Guerra, teve início na Rússia, em fevereiro de 1917, uma grande revolução que, em poucos meses, assumiria um inédito caráter socialista. 

A princípio, a Revolução Russa foi comparada à Revolução Francesa, por significar a libertação do país do jugo absolutista, com a queda do Czar Nicolau II e o fim da dinastia dos Romanov. 

Entretanto, a Revolução Russa não tinha paralelo histórico, pois ao contrário do que aconteceu na França no fim do século XVIII, a burguesia russa não conseguiu manter-se no poder. Em outubro de 1917, o proletariado assumiu a frente do processo que mudou a história russa e mundial. A revolução já não era burguesa, mas proletária.

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Como era a Rússia no final do século XIX?

Às vésperas do Primeira Guerra Mundial, o Império Russo estendia-se desde a fronteira com a Alemanha e a Áustria-Hungria, no Ocidente, até o Japão, no Extremo Oriente. Desde o Círculo Polar Ártico e a Sibéria até as fronteiras montanhosas com a Índia, o Afeganistão e a Pérsia. No entanto, o Alasca fora vendido para os Estados Unidos em 1867 por sete milhões de dólares. 

Assim, no final do século XIX, o Império Russo era o maior país do mundo, com uma extensão territorial de mais de 22 milhões de km² e com a maior população da Europa, cerca de 174 milhões de pessoas. Destas, 85% viviam no campo, constituindo assim, uma sociedade tipicamente agrária.

A população russa era culturalmente heterogênea, sendo composta por russos, ucranianos, bielo-russos, poloneses, lituanos, alemães, moldávios, judeus, finlandeses, georgianos, caucasianos, tártaros, armênios e outros. 

Entre esses numerosos povos submetidos à autoridade do Império Russo, alguns possuíram, nos séculos anteriores, Estados independentes e poderosos, como a Polônia e a Lituânia. Eles não estavam, portanto, satisfeitos em viver sob um domínio que consideravam estranho.

O que foi o pan-eslavismo?

Na tentativa de controlar e disciplinar a diversidade étnico-cultural dentro de suas fronteiras, o governo russo desenvolveu a ideologia do pan-eslavismo, com o intuito de legitimar sua dominação sobre aqueles variados povos.

O pan-eslavismo defendia a ideia de que todos os povos eslavos deveriam estar unidos sob um mesmo governo, o russo, colocando-se contra os Impérios Autro-Húngaro e Turco-Otomano, que dominavam áreas com importantes minorias eslavas.

No entanto, a população não russa vivia oprimida, discriminada e marginalizada no Império. Principalmente a partir de 1881, quando foi adotada uma política de russificação. Ela obrigava todos os povos que viviam dentro das fronteiras do país a se expressar somente em russo, em uma atitude de desprezo às suas línguas, tradições e valores culturais.

Manifestantes na revolução russa

Como era a estrutura política pré-revolução russa?

Até o início do século XIX, a Rússia era vista pelas potências europeias como um país atrasado. Nesse contexto, vigorava no Império Russo um governo absolutista, autocrático e apoiado na aristocracia e nas burocracias civil e militar, as quais eram corruptas e ineficientes.

Nessa forma de governo, acima de todos estava o imperador, chamado de Czar, que concentrava todos os poderes, sendo considerado o representante divino na Terra. Assim, o czarismo negava as liberdades burguesas consagradas pela Revolução Francesa e suas sucessoras ao longo do século XIX, bem como a liberdade individual, ponto central do liberalismo burguês.

Além disso, o governo promovia a censura à imprensa, proibia greves e reuniões e estabelecia o julgamento de causas civis por tribunais militares, bem como a decretação de penas de prisão ou de exílio por decisão administrativa, cultivando um ambiente político de forte insegurança jurídica para os indivíduos no império.

O regime czarista utilizava-se do exército, numeroso mas fraco e mal equipado, para reprimir as camadas populares e as nacionalidades não russas. Ele era auxiliado pela polícia política, chamada de Okhrana, e pelos regimentos cossacos, especialistas na repressão às revoltas populares. 

Nesse contexto, a Igreja Ortodoxa Russa também mantinha seu apoio ao Estado autocrático, garantido pela concessão de subsídios, de terras e pelo controle quase total do ensino elementar, infundindo, assim, um espírito profundamente religioso nas pessoas.

Como era a estrutura socioeconômica na pré-revolução russa?

No âmbito econômico, a Rússia do século XIX ainda era estruturada na agricultura de traços feudais, responsável pela manutenção da terra nas mãos de poucos proprietários oriundos da nobreza, da Igreja e do Estado. Além disso, era marcada pela concentração da população no meio rural e pela existência de uma massa camponesa analfabeta e de estatuto social semi-servil.

Somente em 1861, o Czar Alexandre II, procurando adotar medidas modernizadoras no país, aboliu a servidão do tipo feudal e instituiu a propriedade capitalista do solo. Nesse novo sistema, os camponeses foram obrigados a comprar a terra e os bens de que necessitavam vendendo sua produção no mercado.

No entanto, os lotes foram divididos em porções mínimas, insuficientes para prover as necessidades de uma família. Aos poucos, os camponeses pobres, também chamados de mujiques, endividaram-se, sendo obrigados a tornarem-se arrendatários dos grandes proprietários, transformando-se, assim, em uma massa de trabalhadores rurais superexplorados.

Concomitantemente, surgiu uma categoria de camponeses independentes e remediados, os kulaks, convertendo-se em uma camada de médios proprietários. A situação favoreceu a nobreza, que teve oportunidade de adquirir mais terras do que tinha antes, concentrando ainda mais a propriedade fundiária na Rússia.

Nas últimas décadas do século XIX, a Rússia conheceu um precário processo de industrialização realizado por meio do financiamento estrangeiro, principalmente inglês e francês. As indústrias que se instalaram nas principais cidades russas eram atrasadas em comparação às novas tecnologias utilizadas nos países que lideravam a corrida industrial, como Alemanha,os Estados Unidos e a Inglaterra.

Por essa razão, essas indústrias perderam espaço nos países avançados, sendo obrigadas a buscar mercados periféricos com características atrativas, como vasta mão de obra barata e mercado consumidor, como era a Rússia em relação à Europa Ocidental no fim do século XIX.

A rede industrial russa estava concentrada nas cidades de Varsóvia, Lodz, São Petersburgo e Moscou, onde foram instaladas as indústrias têxteis, enquanto na região dos Urais e na bacia do Don, destacava-se a indústria pesada, principalmente metalúrgica.

Como o grande capital industrial estava sob controle entrangeiro, a burguesia russa, relativamente fraca e pouco numerosa, representava os interesses da pequena e média empresa, demonstrando insatisfação com a corrupção e a incapacidade administrativa do governo, que ignorava os seus interesses e dificultava o seu progresso.

Como surgiu o proletariado russo?

Por isso, com o tempo, a classe burguesa voltou-se para o liberalismo, desejando ver a Rússia se transformar em uma monarquia constitucional semelhante ao modelo inglês. Entretanto, essa classe não teve força para desafiar o domínio político da monarquia e da nobreza, apesar da fundação, na clandestinidade, do Partido Kadet (Democracia Constitucional).

Do total de trabalhadores na indústria, 24,5% estavam concentrados em empresas com mais de mil trabalhadores e 9,5% em empresas com quinhentos a mil trabalhadores. Essa grande concentração de mão de obra favoreceu a formação de uma consciência de classe entre os trabalhadores industriais. 

A maioria dos operários era formada por antigos mujiques, que fugiram do agravamento da exploração no campo, mas que viviam em condições precárias nas cidades. Eles transformaram-se em proletários industriais, com uma jornada de trabalho entre 12 e 15 horas diárias e baixos salários, pagos com atraso e corroídos por multas e punições arbitrárias dos patrões.

Dessa forma, o proletariado fortemente concentrado e submetido a uma exploração brutal, desenvolveu, em poucas décadas, intensa consciência da sua condição comum de exploração e da necessidade de organização e luta coletivas.

A partir da década de 1870, o movimento operário russo começou a se manifestar publicamente por meio de greves e passeatas, as quais foram violentamente reprimidas pela polícia do Czar. A repressão era regulamentada pela proibição da articulação de sindicatos ou de qualquer tipo de organização e reunião política.

Assim, a Okhrana atuava com plenos poderes para perseguir os conspiradores, seus apoiadores, simpatizantes e “suspeitos’ em geral, sendo a maior parte formada por intelectuais inspirados pelas ideias políticas e sociais que vicejavam no século XIX, como o socialismo marxista e o anarquismo.

No final do século XIX, a Rússia vivia uma grande contradição: ao mesmo tempo em que se modernizava e se desenvolvia economicamente, seu sistema político mantinha-se arcaico, fundamentado em uma autocracia absolutista.

Ante a obstinação do czarismo em evitar reformas políticas que gradualmente modernizassem a sociedade russa, progressivamente os diversos atores sociais convenceram-se de que a modernização, fosse liberal e burguesa ou socialista e proletária, só poderia acontecer por meio de uma revolução.

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Referências bibliográficas

  • CARR, E. H. A Revolução Russa de Lênin e Stálin (1917-1929). Rio de Janeiro: Zahar, 1981.
  • DEUSTSCHER, Isaac. Stálin, história de uma tirania. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1972.
  • HILL, Christopher. Lênin e a Revolução Russa de 1917. São Paulo: Perspectiva, 1974.
  • VICENTINO, Cláudio. Rússia – antes e depois da URSS. São Paulo: Scipione, 1995.

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