A Revolução Inglesa foi um marco na história, não só da Inglaterra, mas também do mundo moderno. Confira esse artigo, que o Estratégia Militares preparou para você, com informações e curiosidades sobre os governantes ingleses.
Nos séculos XVII e XVIII ocorreram as primeiras revoluções liberais que assinalaram a conclusão do processo de transição do feudalismo para o capitalismo. Elas são consideradas como os marcos finais da Idade Moderna, representando a afirmação dos valores novos até então contidos pela estrutura feudal que predominava nas sociedades da Europa Ocidental.
Nessa época, o capitalismo tornou-se predominante nessas sociedades e passou a influenciar na organização sociocultural de praticamente todos os povos do mundo.
As chamadas revoluções liberais determinaram o fim do Antigo Regime por meio da liquidação de sua principal base: o Estado Monárquico Absolutista, que acabou transformado ou em Monarquia Constitucional ou em República.
As revoluções liberais tiveram nos setores burgueses seus principais expoentes e seus valores tornaram-se a expressão de sua visão do homem e do mundo, passando a dar o tom dominante à organização social em detrimento dos valores e da nobreza das classes trabalhadoras.
Dentre os valores burgueses, destaca-se o liberalismo. Suas ideias foram disseminadas por pensadores e filósofos, os quais, por meio de suas obras, afirmaram a liberdade individual e defenderam os direitos dos homens, considerados fundamentais e inalienáveis. Entre eles, podemos citar o direito à liberdade de pensamento e de livre expressão, o de participação nas decisões políticas e o de igualdade jurídica, entre outros.
Apesar de apresentarem linhas gerais comuns, as revoluções dos séculos XVII e XVIII ocorreram de acordo com as condições próprias de cada país, apresentando características específicas.
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Panorama político-econômico na Revolução Inglesa
Durante todo o século XVI até o início do século XVII, a dinastia Tudor exerceu na Inglaterra o absolutismo de fato. Nessa época, a forte tradição feudal inglesa dava aos barões – senhores de terra que constituíam a antiga aristocracia feudal – um forte poder político por meio do Parlamento. Este foi criado no século XIII e composto por representantes das camadas sociais mais elevadas: nobreza, clero e burguesia emergente.
Nesse regime, o poder de estabelecer as leis era repartido entre o Parlamento e a Monarquia que, para se fazer absolutista, se ajustava ou se impunha a ele. Os Tudor souberam lidar com essa tensão entre os poderes, aproveitando-se de contextos externos favoráveis, como a fragilização da Igreja Católica em meio a Reforma Protestante, para, então, consolidar seu poder absolutista na Inglaterra.
As práticas mercantilistas desenvolvidas pelo Estado e pela ascendente burguesia britânica deram à Inglaterra uma situação de grande prosperidade com o comércio de lã e manufaturas. Sendo assim, os setores burgueses ingleses estendiam sua influência pela Europa e por todo o mundo.
A alta burguesia, por ter acesso à Corte, ligava-se à nobreza e, ao mesmo tempo, recebia da Coroa concessões mercantis que lhe davam condições de formar poderosos e lucrativos monopólios, garantindo lucros cada vez maiores. Ela retribuía os favores régios apoiando integralmente a monarquia.
Uma parcela importante dos proprietários de terras também legitimava o regime absolutista da monarquia, pois se beneficiava dos arrendamentos de terras tomadas dos camponeses. Elas passavam a ser utilizadas, muitas vezes, para a rendosa atividade de criação de carneiros para obtenção de lã, matéria-prima das manufaturas têxteis.
Com o tempo, o crescimento demográfico da burguesia mercantil trouxe dificuldades para o governo, já que a monarquia não mais conseguia assegurar o acesso de todos às companhias monopolistas e privilegiadas que realizavam o comércio externo.
O segmento da burguesia que não possuía tais privilégios devia se contentar com o comércio interno ou investir seu capital na produção de mercadorias. Por isso, essas companhias incentivaram o setor manufatureiro doméstico.
No século XVII, o setor produtivo urbano tinha feição artesanal e manufatureira. Os burgueses deixavam os instrumentos de produção nas casas dos trabalhadores, em geral de origem camponesa, fornecendo periodicamente a matéria-prima e recebendo posteriormente o produto acabado.
Como resultado, obtiveram maiores lucros, fortalecendo-se progressivamente a ponto de passarem a defender a eliminação das práticas mercantilistas do Estado, as quais criavam obstáculos aos seus interesses.
As muitas e constantes lutas entre os nobres resultaram na decadência de grandes feudos. Ao mesmo tempo, permitiram a formação de uma nova nobreza que se identificava com a burguesia emergente, dedicada às atividades do comércio e das manufaturas, conforme as necessidades do capitalismo nascente, mantendo com esse segmento todos os tipos de ligações pessoais e comerciais.
Ao defenderem o estabelecimento de uma economia livre dos monopólios e restrições, os novos burgueses reivindicaram a substituição do absolutismo por um regime politicamente liberal.
Por isso, concentraram-se politicamente na ação contra o regime absolutista. Eles tornaram-se o principal agente das revoluções que atingiram os 85 anos de governo da dinastia Stuart, derrotando os grupos sociais ligados ao absolutismo e impondo suas reivindicações sociais, econômicas e políticas.
A dinastia Stuart e a crise do absolutismo na Revolução Inglesa
A dinastia Tudor teve fim com a morte da Rainha Elizabeth I, em 1603, uma vez que a Rainha não deixou herdeiros. Seu parente mais próximo era um primo, o rei Jaime VI da Escócia, que assumiu o trono inglês como Jaime I, inaugurando a dinastia Stuart.
Oreinado de Jaime I (1603-1625)
Jaime I não manteve o jogo político entre o Parlamento e a monarquia que sustentou o regime absolutista dos reis Tudor. O novo monarca pretendeu afirmar, de modo mais rígido, o poder da Coroa, oficializando sua natureza divina e tornando o absolutismo inglês um fato de direito, como na França.
Assim, procurou sustentar seu poder na Teoria do Direito Divino dos Reis, afirmando o poder monárquico em detrimento do Parlamento, que resistia às suas intenções, pois o considerava um estrangeiro.
Embora educado na doutrina calvinista, Jaime I promoveu a adoção rigorosa do anglicanismo para assegurar o seu predomínio na Inglaterra, perseguindo duramente os puritanos (calvinistas) e os católicos.
Os puritanos congregavam, em geral, a média e a pequena burguesia. Eram radicais e defendiam o liberalismo político, colocando-se contra o absolutismo real e o anglicanismo.
A perseguição sistemática provocou a emigração em massa de muitos puritanos, que optaram pelo exílio e dirigiram-se à América do Norte, dando início à fundação das primeiras colônias de povoamento que viriam a formar, posteriormente, os Estados Unidos.
A saída dos puritanos resultou na evasão de capitais, agravando ainda mais a situação econômica e política da monarquia. Do ponto de vista político, o rei despertou o antagonismo até de seus súditos mais conservadores.
Não havia afinidade entre a corte de Jaime I e o Parlamento. Este era constituído por:
- Câmara dos Lordes, formada pela nobreza tradicional de características feudais e ligada à terra; e
- Câmara dos Comuns, formada pelos burgueses e pela pequena nobreza mercantil (gentry), cujos interesses pela terra, pelo comércio e pela manufatura se confundiam, levando-os a reivindicar uma economia mais aberta, de lucros, investimentos e expansão.
Desejando ampliar as rendas da monarquia com novas modalidades de impostos e com o aumento dos que já existiam, Jaime I convocou o Parlamento com o objetivo de obter a sua aprovação, uma vez que a Coroa inglesa não tinha legitimidade para criar impostos ou aumentá-los sem validação do Parlamento.
Porém, a Câmara dos Comuns vetou a proposição do rei, já que seus membros não desejavam arcar com o ônus da tributação e demonstraram sua insatisfação por meio de uma representação.
O rei não admitiu a negativa do Parlamento e, em represália, dissolveu as duas câmaras, em 1614, passando a cobrar as taxas ilegalmente e aumentando a repressão aos seus opositores. Somente dez anos depois, o Parlamento seria novamente convocado.
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