Povos originários: Astecas, Maias e Incas

Povos originários: Astecas, Maias e Incas

Vai participar dos concursos e quer saber um pouquinho mais de história? Vem com a gente! Confira esse artigo que o Estratégia Militares preparou para você sobre os povos originários: Astecas, Maias e Incas.

Povos originários: Astecas 

Os astecas são parte de uma grande etnia chamada mexica, por isso, mexicanos. Desenvolveram-se por volta do século XII, na região da Mesoamérica. No século XIV, fundaram a grande capital Tenochtitlán (atual cidade do México).

Eles constituíam um povo guerreiro. Seu rei era seu principal guerreiro. Depois da fundação da capital, eles estabeleceram alianças com povos vizinhos, sobretudo, os povos das cidades de Texecoco e Tacoplan. Era uma espécie de tríplice aliança para assuntos militares e comerciais.

Contudo, com o tempo, os astecas conseguiram se impor sobre esses outros povos. Uma das práticas era a cobrança de taxas e a punição anual, quando muitas pessoas eram sacrificadas. Isso fez com que a grandiosidade dos astecas estivesse assentada sobre o uso da força. O que despertava muitos inimigos externos.

Assim, a sociedade asteca era rígida pela hierarquia militar, mas não era estamental. Logo, um bom guerreiro, principalmente, aquele que fazia prisioneiros, podia ascender na hierarquia social e política. A marca dessa divisão estava nos cargos que as pessoas ocupavam e nas suas vestimentas. Um homem comum (trabalhador, a massa social) não poderia imitar um rei, sua esposa um sacerdote ou uma elite de guerreiros.

O que é bem diferente de hoje em dia, certo? Já viu quantas pessoas ficam imitando os vestidos das primeiras damas ou dos membros da realeza britânica? Atualmente, basta ter o dinheiro para ficar igual à princesa. Mas entre os astecas isso era proibido!

Economicamente, os astecas desenvolviam a agricultura e o comércio. Plantava-se milho, cacau, algodão, tomate, tabaco. A posse da terra era coletiva, bem como os tributos a serem pagos sobre a ela. Apesar disso, a cidade era muito rica em templos, mercados, jardins e ruas.

Com uma riqueza acumulada e materiais disponíveis conseguiram construir grandes templos. Desenvolveram, portanto, uma importante arquitetura e engenharia. Além disso, se destacaram na astronomia e no desenvolvimento de uma escrita simplificada.

ASTECAS

Entre 1519 e 1521, A desagregação do povo asteca começou com a chegada espanhola. Os espanhóis, liderados por Hernán Cortés mataram o Imperador Asteca, Montezuma, saquearam e destruíram Tenochtitlán.

Sobre a ex-capital asteca construiu-se uma cidade no modelo europeu, a Cidade do Mexico. É importante dizer que os europeus foram ajudados por cerca de 25 mil pessoas que pertenciam aos povos conquistados pelos astecas.

Com os recentes trabalhos de escavação, hoje é possível observar a cidade asteca abaixo da atual Cidade do México. Essas imagens representam a literalidade de quando uma civilização se sobrepõe a outra.

Além das armas, os europeus trouxeram muitas doenças. A mais conhecida foi a varíola que dizimou metade da população da capital asteca. Recentemente, pesquisadores alemães descobriram outra causa de dizimação desse povo por contaminação da bactéria salmonela entérica.

Alguns médicos pesquisam a história das doenças e das curas desse momento da história. É o caso da médica pesquisadora da Unicamp Cristina Gurgel que lançou seu livro Doenças e curas: o Brasil nos primeiros séculos. Apesar de ela ter pesquisado especificamente o caso da colonização portuguesa, suas conclusões podem ser generalizadas para o processo de conquista dos espanhóis sobre outros povos originários

Povos originários: Maias

A civilização maia se desenvolveu na Península do Yucatán e se expandiu até onde hoje é a Guatemala. O surgimento e o desenvolvimento cultural dos maias estenderam-se aproximadamente de 250 até 900 d.C.

Percebem que foi antes a criação de Tenochtitlán (1325), ou seja, antes da ascensão dos astecas? E isso mesmo, os maias se desenvolveram em um período anterior aos astecas. Quando chegou no século XV, na expansão do Império Asteca, os maias foram conquistados.

Diferentemente dos astecas e incas, os maias não se organizavam como Império. Ao contrário, sua organização política se assemelhava a uma cidade-estado. Contudo, o centro da vida social era a religiosidade e o templo corresponde ao que na Grécia chamaríamos de Acrópole,
lembra-se?

Por isso, alguns historiadores chamam as cidades maias de cidades-templos, ou seja, um conjunto de construções destinadas a diferentes atividades sociais (como rituais e comércio) formavam um templo.

MAIAS

A sociedade maia tinha uma organização social dividida em dois estamentos:

  • Povo comum, ligado ao trabalho agrário; e
  • a casta dominante era formada por governantes, sacerdotes e guerreiros.

Aos sacerdotes e sábios estudiosos podem ser atribuídas as criações no campo da matemática, da escrita, da astronomia, da arquitetura, das pinturas de murais, das cerâmica e ornamentos. Segundo os especialistas nos estudos sobre os maias, este povo desenvolveu uma cultura profundamente sofisticada.

Os maias eram politeístas e seus deuses podiam ter natureza antropomorfa, fitomorfa, zoomorfa e astral. Ou seja, na cosmologia maia, a natureza, o espírito e o homem são partes integradas do universo.

Quando da chegada do colonizador europeu, os maias estavam sendo conquistados pelos astecas. Contudo, o legado cultural dos maias foi profundamente assimilado pelos povos originários que os precederam.

Incas

Antes de tudo, quero ressaltar que os estudos sobre os povos originários que viveram nos Andes ainda são pouco conhecidos, sobretudo, sobre o Império Inca, conforme leciona o antropólogo John Murra, professor da Cornell University. e qualquer forma, pelo que já conhecemos, vários povos se desenvolveram na América do Sul, na região Andina Central.

Os incas se desenvolveram e se expandiram por praticamente todo o Andes, em uma extensão que atravessava os atuais Peru, Equador, Bolívia, Chile. São originários do povo quichuá (quéchua ou quécua).

INCA quer dizer “filho do sol”, era uma designação para nomear o imperador. Assim como os astecas, o povo inca se organizou como um Império centralizado no qual o imperador era considerado um deus na terra. Ele também era o chefe militar. 

O auge da civilização inca foi entre os séculos XV e XV e atingiu uma população de cerca de
1 milhão de pessoas. ´É importante ressaltar que o império incaico era multiétnico. No entanto, a centralização era recente, à época em que Cuzco foi invadida pelos espanhóis, com 3 ou 4 gerações de imperadores.

Os incas não conheciam o ferro, a roda e nem a escrita. Apesar disso tinham uma importante sofisticação urbana com sistema de estradas, pontes suspensas e sistema de comunicação ágil. Suas cidades eram muito ricas, especialmente, a capital estabelecida em Cuzco (no atual Peru). As áreas mais densamente povoadas estavam no altiplano.

A sociedade incaica era estamental. No campo, a sociedade era organizada localmente por meio de uma extensa família. Cada família cuidava de uma “aldeia” e armazenava o que precisava. O sistema de produção era por terraços. Conheciam o cultivo de centenas de espécies de milho. Também produziam tabaco e batata. Domesticavam e criavam lhamas. A religião dos incas era caracterizada pela adoração de vários elementos da natureza, como o sol, a lua, o raio e à terra. O principal centro religioso foi Machu Picchu (no atual Peru).

INCAS

Com o crescimento da sociedade e da produção, novos arranjos sociais e produtivos se desenvolveram. Nesse processo, apareceram as relações de produção baseadas em um tipo de trabalho permanente o qual conhecemos como MITA. Cada aldeia, organizada etnicamente, mandava pessoas para trabalharem nas “ilhas produtivas”, a uma distância de 2 a 8 dias de distância.

O trabalho dessas pessoas era uma espécie de imposto a ser paga pela aldeia ao Estado. O modo como essas pessoas eram escolhidas, bem como, como mantinham a fidelidade com seu aldeamento original ainda é pouco conhecido. O que sabemos é que quanto maior a complexidade do Império, mais multiétnica essas “ilhas produtivas” ficavam. De qualquer maneira, o intercâmbio social era garantido. Há relatos de esposas que iam até as ilhas produtivas para visitar seus maridos.

Além disso, em algumas situações, essa população era chamada aos serviços públicos, em uma espécie de servidão coletiva temporária.

A palavra mita vem de mitmac, que na linguagem quéchua significa COLONO. Então, mita era uma espécie de sistema de colonato, diferente da servidão medieval na qual o servo estava preso à terra particular de um senhor.

Mas, difere também da servidão coletiva da antiguidade oriental, como no Egito. Algumas vezes, explicava-se mita como se fosse um sistema de servidão estatal coletiva. Mas não era bem assim. 

Veja, o indivíduo não trabalhava na terra em que morava; não eram todos os camponeses que iam para ilhas produtivas; os que iam mantinham relações com suas aldeias de origem, defendendo-as no momento em que se encontravam com outras etnias no seu lugar de trabalho. A origem da mita, embora seja um tipo de trabalho, é uma relação tributária de dever de um povo com o estado Inca.

A chegada dos espanhóis, em 1531, 20 anos após Hernán Cortés invadir e destruir a capital asteca, uma geração de espanhóis achava que já conhecia os povos originários. Mas, em relação aos povos dos Andes, havia um “bocado de boato”. Mesmo assim, Francisco Bizarro e Almagro, no Panamá, receberam informações de que havia um rico reino a ser conquistado. Assim, começaram a articular uma expedição de exploração e conquista em direção ao Pacífico.

Para aprofundar um pouquinho, a chegada dos espanhóis ocorreu em meio a um cenário de crise política motivada por uma disputa sucessória. O imperador Huayana morreu e deixou dois filhos de mães distintas eram Huascar e Atahualpa. Diante dessa crise interna, Huascar acreditava que os espanhóis poderiam ser seus aliados para derrotar o meio irmão Atahualpa. Evidentemente, os espanhóis se aproveitaram desse cenário.

Sob o comando do ganancioso Francisco Pizzaro, os espanhóis empreenderam um violento processo de dominação. Foram 180 homens e 30 cavalos. Metade morreu no caminho, antes de chegar aos pés dos Andes. Mesmo assim, Pizzaro foi vitorioso. Como Cortés, soube se aproveitar das tensões internas já existentes para dominar a população. Invadiram Cuzco, a cidade de ouro. Isso desestabilizou toda a organização política e administrativa do Império.

O modelo espanhol de dominação era aproveitar essas tensões internas, capturar o líder e fazê-lo reconhecer a autoridade e a legitimidade do poder para o Rei da Espanha e, assim, usar a estrutura administrativa e produtiva já centralizada por uma rede de instituições e funções burocráticas para canalizar para os espanhóis o lucro do domínio.

Atahualpa foi preso pelos espanhóis. Seus aliados descobriram a aliança de Huascar com os europeus e o capturou também. Em 1533, em meio a diversos motins entre diferentes grupos étnicos, Huascar foi morto. Na sequência, os espanhóis conspiraram e mataram Atahualpa. Os irmãos estariam mortos e, então, em 1535, Pizarro pôde fundar uma nova capital, em Lima no atual Peru.

Ainda assim, houve muita resistência. Os incas não se entregaram com a morte dos dois sucessores. Foram 40 anos de Guerra, até que em 1571, o último imperador inca foi morto: Tupac Amaru. Cuzco, a cidade de outro, caiu! Por fim, em 1572, o último reduto inca, a cidade de Vilcabamba caiu em mãos espanholas. Ainda assim, contam alguns relatos orais de época, alguns bolsões de revolta não deixaram espanhóis dominarem em paz.

Para finalizar, transcrevo um argumento central, do professor da Universidade de Oxford J. H. Elliott para explicar como os espanhóis tiveram tanta sorte na conquista de impérios centralizados e fortes como os asteca e inca. 

Ele afirma: foi justamente por serem sociedades centralmente organizadas, altamente dependentes da autoridade de um único governante, que os impérios de Montezuma e de Atahualpa caíram com relativa facilidade sob a espada dos espanhóis. Territórios de áreas vastas jamais poderiam ter sido conquistadas tão rapidamente se já não estivessem sendo dominadas por um poder central com uma elaborada máquina para o controle de regiões distantes. Todavia, no México central e no Peru os invasores sem esperar se viram herdeiros de um processo de expansão imperial que não cessou com sua chegada, O avanço contínuo, na era pós-conquista, do náhuatl e do quíchua, a língua dos mexicas e dos incas, sugere a existência nessas regiões de uma dinâmica interno no sentido de um maior grau de unificação, que somente podia operar em benefício do conquistador, O império poderia ser uma ficção legal conveniente, mas tinha em fatos preexistentes sua justificativa, de uma maneira da qual os próprios espanhóis tinham uma consciência apenas uma consciência difusa.

Texto escrito com base nos conteúdos elaborados pela prof. Alê Lopes.

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