Economia na República Oligárquica: Funding Loan, café, borracha e a indústria

Economia na República Oligárquica: Funding Loan, café, borracha e a indústria

A economia da República Oligárquica foi complexa, visto o choque entre os interesses dos oligarcas da época e da população. Confira nesse artigo que o Estratégia Militares preparou para você a história brasileira que será cobrada na sua prova militar!

Nos primeiros anos do regime oligárquico, o Brasil ainda vivia as graves consequências do Encilhamento. Buscando solucionar essa crise econômica, o presidente Campos Sales, antes mesmo de sua posse, iniciou um acordo econômico externo, assinado em 15 de junho de 1898 com banqueiros ingleses, os principais credores da dívida brasileira, conhecido como Funding Loan.

Funding Loan (1898)

O Funding Loan foi uma renegociação da dívida brasileira e da entrada de um novo montante monetário de 10 milhões de libras, o que permitiria ao Brasil evitar a insolvência monetária – que ocorre quando o total de bens e créditos do devedor não cobre o valor das dívidas, depois de esgotados todos os recursos possíveis.

Para fechar esse acordo, o governo brasileiro ofereceu, como garantia ao volumoso empréstimo, as finanças e receitas oriundas da Alfândega Brasileira e da Estrada de Ferro Central do Brasil. Também foram proibidos novos compromissos internos ou externos até junho de 1901.

Além disso, os bancos estrangeiros exigiram das autoridades financeiras do Brasil – chefiadas pelo ministro da Fazenda, Joaquim Duarte Murtinho – uma postura mais severa no tratamento da circulação monetária do país, ou seja, uma diminuição da emissão de papel-moeda e a contenção dos gastos públicos estatais.

Esse arrocho levou muitas instituições bancárias do país à ruína. Apesar das dificuldades sociais de uma política recessiva – como o desemprego, o aumento do custo de vida e a miséria -, o Funding Loan conseguiu reduzir os desastrosos efeitos do Encilhamento.

Economia cafeeira e o Convênio de Taubaté na República Oligárquica

Na pauta econômica do Brasil, o café ainda mantinha a sua grande importância, estabelecida durante o Segundo Reinado, já que permanecia como o principal produto de exportação.

Dados do período revelam que o café foi responsável por mais de 50% das exportações brasileiras durante toda a República Oligárquica, excluindo o período da Primeira Guerra Mundial – cenário de compreensível retração do consumo externo de um produto que não era essencial nas mesas europeias e estadunidenses.

Sendo uma produção lucrativa, a atividade cafeeira expandiu-se por todo o Sudeste brasileiro até o ano de 1929, momento da Crise da Bolsa de Valores. Porém, esse espetacular cenário de desenvolvimento do café não significava estabilidade para os setores envolvidos na atividade.

O que se observou foi uma expansão desenfreada da produção, que não era acompanhada de um mercado externo capaz de consumir tamanho crescimento.

Os sinais de superprodução já eram evidentes no final do século XIX. Muito se discutiu a respeito das possíveis soluções para esse problema, mas não foi apresentado nenhum projeto capaz de resolvê-lo de modo estrutural, isto é, que atacasse a raiz do problema, pois não interessava aos cafeicultores que a situação se alterasse.

A tentativa de uma solução foi organizada por meio de um encontro entre os representantes dos governos do Rio de Janeiro, de São Paulo e de Minas Gerais, que articularam – entre 26 e 27 de fevereiro de 1906 – o acordo que ficou conhecido como Convênio de Taubaté.

Café na República oligárquica

Nele, foi acertada uma intervenção dos estados, que realizariam empréstimos no exterior para comprarem as sacas de café excedentes. Dessa forma, valorizavam artificialmente o produto com a criação de estoques reguladores, ao mesmo tempo que buscariam desestimular a expansão da produção no interior do país.

A produção, no entanto, continuou crescendo em ritmo acelerado, demonstrando a incapacidade do Estado em gerir tal problema. Cabe ressaltar que a atuação governamental no Convênio foi elitista, o que se explicitou no uso de dinheiro público para a resolução de problemas econômicos particulares.

Assim, a intervenção estatal caracterizou-se por uma socialização dos prejuízos e uma privatização dos lucros. Além disso, o Convênio não atacava a raiz do problema, apenas garantia que os cafeicultores não sofreriam grandes prejuízos.

O Convênio foi responsável pela imediata retomada dos preços do produto no mercado externo. Porém, como o procedimento era artificial, não solucionou as graves questões do setor cafeeiro do Brasil, culminando na superprodução de 1929. Outro agravante da crise foi o descontrole dos plantadores internacionais, que acabavam por preencher as lacunas deixadas pelos estoques reguladores do governo brasileiro.

Economia da borracha na República Oligárquica

Apesar do papel do café na produção brasileira do início da República Oligárquica, outros produtos, como a borracha, também tiveram destaque no final do século XIX e no início do século XX. Sendo utilizada como matéria-prima para pneus de automóveis e bicicletas, a borracha foi fundamental durante a Segunda Revolução Industrial.

A região amazônica, rica em seringais nativos, tornou-se referência mundial na extração de látex. O crescimento econômico levou a um fluxo imigratório extraordinário para as principais cidades da região norte, principalmente de nordestinos vitimados pela seca.

Como exemplo, basta observar o aumento populacional na cidade de Belém, que passou de 50 mil habitantes para 96 mil, entre 1890 e 1900. 

Além disso, essa riqueza modernizou algumas cidades no Norte e pôde ser vista na construção de imponentes prédios públicos, na melhoria da comunicação, na ampliação do serviço de bondes, da rede elétrica e de espaços culturais – como o Teatro Amazonas, localizado em Manaus (AM). Essa cidade, inclusive, foi uma das mais modernas e movimentadas do país no início do século XX.

A produção da borracha no Brasil também gerou um atrito internacional, pois a expansão do território explorado por brasileiros se estendeu até a região do Acre, então pertencente à Bolívia, que ficou insatisfeita com essa exploração.

A situação se agravou ainda mais em virtude de os bolivianos terem cedido o direito de extrativismo do produto a uma companhia estadunidense (Bolivian Syndicate). 

Após o envio de tropas brasileiras para a região – o que demonstrou o poderio econômico-militar do país – e algumas negociações conduzidas pelo Barão do Rio Branco, ministro das relações internacionais, o Brasil conseguiu obter a anexação do Acre. O acordo foi conhecido como  Tratado de Petrópolis (1903), em que o Brasil pagou indenizações à Bolívia e à companhia estadunidense.

No auge do ciclo da borracha, foi criada a ferrovia Madeira-Mamoré, construída entre 1907 e 1912, em um trecho sinuoso do Rio Madeira, na fronteira entre Brasil e Bolívia, atual estado de Rondônia, que serviria para escoar a borracha para o Atlântico.

Trem Maria Fumaça na república oligárquica

Contudo, esse enorme desenvolvimento gerado pela borracha foi efêmero. Buscando fugir dos elevados preços, os industriais estrangeiros optaram pela compra da borracha produzida em larga escala na região asiática (Ceilão e Cingapura), a partir de 1910. Isso acirrou a concorrência e levou a uma natural retração econômica na região Norte do Brasil.

Posteriormente, a estrada Madeira-Mamoré, conhecida também como “Ferrovia do diabo”, devido à morte de cerca de seis mil trabalhadores durante sua construção, foi desativada e os poucos trilhos que sobraram foram tombados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), em 2005, como marcos do patrimônio histórico brasileiro.

Para solucionar essa crise da produção da borracha, foram realizadas algumas tentativas de plantio de seringais, visando à redução do preço. O exemplo mais famoso foi o da frustrada ação da fábrica da Ford, conhecida como “Fordlândia”, que, devido à biodiversidade da floresta tropical e à infestação de pragas de seringais, foi levada ao fracasso.

Além da borracha, o Brasil, nesse período, também se destacou pela exportação de açúcar, cacau e couro.

Economia industrial na República Oligárquica

A indústria ampliou o seu espaço na economia brasileira durante a República Oligárquica. Como exemplo, basta citar que, entre 1889 e 1907, o Brasil passou de 600 fábricas para 3.258, concentradas principalmente no Rio de Janeiro (33%), no Rio Grande do Sul (15%) e em São Paulo (16%).

Vários foram os fatores estimulantes. Repetindo o que ocorreu durante o Segundo Reinado, a produção cafeeira continuou a gerar capital excedente – em parte, alocado para o setor secundário. Prova disso é a expansão do café para São Paulo, que veio acompanhada do crescimento das indústrias.

Enquanto, no final do século XIX, o café concentrava-se na região do Vale do Paraíba, a industrialização fluminense foi mais ampla do que a paulista. A inversão desses dados só foi possível a partir da década de 1920, quando foram sentidos no setor industrial os avanços da produção agroexportadora para São Paulo.

Além dos recursos oriundos das exportações, a atividade industrial foi estimulada pela Primeira Guerra Mundial – com a chamada política de substituição de importações -, já que os fornecedores de produtos industrializados para o Brasil estavam envolvidos em questões bélicas, dificultando o envio desses produtos para o país.

Houve também a colaboração de imigrantes para a industrialização brasileira, sendo o estrangeiro muitas vezes visto como operário mais especializado que o trabalhador brasileiro, portanto, mais adaptável ao setor.

A atuação do imigrante como operário foi tão marcante que, na cidade de São Paulo, em 1900, os estrangeiros representavam 92% dos trabalhadores das fábricas. Também deve-se destacar o papel dos imigrantes enriquecidos que agiram como industriais, como é o caso das famílias Matarazzo e Crespi na região de São Paulo.

Os principais setores da indústria eram os de bens de consumo não duráveis, como tecidos e alimentos, que dispendiam menor investimento de capital e menor sofisticação tecnológica. Como exemplo, basta lembrar que, no período da Primeira Guerra Mundial, o mercado de tecidos do país era 80% composto de produtos nacionais. 

Poucas eram as indústrias de base (cimento, ferro, aço, máquinas e equipamentos), que se tornaram mais comuns durante a Era Vargas, momento em que melhor se delineou um projeto de industrialização para a nação.

Apesar do Sudeste brasileiro ser a região que apresentou o maior desenvolvimento na atividade industrial em virtude dos fatores citados, o crescimento desse setor foi sentido também em outras regiões do Brasil, principalmente no Sul.


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