As civilizações clássicas: Atenas, cidadania e escravismo

As civilizações clássicas: Atenas, cidadania e escravismo

A cidade de Atenas, ao contrário de Esparta, não se originou de uma dominação violenta de grupos nativos por povos estrangeiros, mas da fusão de pequenas comunidades áticas, realizada pacificamente por volta do século XII a.C..

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A organização política ateniense atravessou um processo histórico peculiar na história grega. Os habitantes das comunidades primitivas passaram a ter, a partir da fusão de seus agrupamentos, uma posição social semelhante. 

Inicialmente, a sociedade ateniense se organizava politicamente como uma monarquia – em que a aristocracia tinha muito poder. No entanto, por volta de 500 a.C., após muitas lutas, os atenienses atingiram um estágio democrático e se tornou a primeira democracia formalmente construída na história das sociedades humanas.

Algumas peculiaridades marcaram a formação da sociedade ateniense:

  • Posição geográfica privilegiada – a localização litorânea de Ática facilitou o contato com outros povos, bem como o intercâmbio de ideias;
  • Flexibilidade e liberdade – os atenienses, se comparados com os espartanos, foram muito mais flexíveis e liberais. Enquanto em Esparta vigorava a xenofobia – aversão aos estrangeiros – em Atenas os estrangeiros eram muito bem recebidos; e
  • Centro comercial desenvolvido – Atenas possuía o maior centro comercial do mundo grego. Seus navios chegavam a todas as regiões conhecidas na época, estabelecendo intenso intercâmbio de mercadorias com os mais diversos povos. 

Os comerciantes atenienses buscavam produtos como especiarias, ouro e marfim e, ao mesmo tempo, transmitiam costumes, crenças e técnicas. Atenas tornou-se, assim, uma cidade cosmopolita.

Escravismo em Atenas

Atenas foi a cidade-estado que mais deixou registros acerca da escravidão antiga para os historiaores. Junto com o comércio, ela constituiu a base do desenvolvimento ateniense.

A forma mais difundida de escravidão que existiu entre as poleis foi a do escravo-mercadoria. Nela, o escravo era obtido por meio da realização de guerras contra diversos povos de origem estrangeira e, ainda que o escravo fosse visto como ser humano, ele era considerado um objeto de propriedade do senhor, que podia vendê-lo, doá-lo ou alugá-lo, de acordo com sua vontade.

Salvo ocasiões especiais, o escravo não tinha personalidade jurídica, não podia iniciar processos ou testemunhar na justiça e tampouco constituir famílias legais ou acumular fortunas. Apesar disso, na vida cotidiana das cidades gregas, muitos escravos conseguiram, de fato, acumular riqueza suficiente para comprar sua alforria, todavia, cabia ao senhor permitir ou não a seu escravo possuir algum pecúlio.

A escravidão por dívidas foi outra manifestacão do escravismo antigo, responsàvel pela maior submissão dos camponeses pobres aos senhores de terra. Esse tipo de escravidão acontecia quando os empréstimos de dinheiro tinham como garantia a pessoa física do devedor, que, caso não saldasse a dívida, era transformado em escravo, ou seja em hectamore, como eram chamados os escravos em Atenas.

O escravismo, além de ter sido um dos pilares da economia das cidades-estados gregas, ocasionou consequências políticas e sociais de longa duração nas poleis gregas.

A existência de camadas da população submetidas exclusivamente ao trabalho manual – no campo ou nas áreas urbanas – permitiu que os proprietários de escravos dedicassem porções significativas de seu tempo ao exército, ao governo da pólis, às artes, às ciências e à filosofia.

Esse foi o comportamento que levou o filósofo Aristóteles a considerar o ócio como algo indispensável à formação do cidadão. Platão também afirmou que “é próprio de um homem bem-nascido desprezar o trabalho”. 

Paralelamente, o escravismo levou a uma desvalorização do trabalho manual entre todas as camadas da população, que o associaram ao estigma da escravidão. O desprestígio do trabalho manual tornou-se uma forte marca da cultura grega e perdurou por vários séculos na cultura ocidental.

A disputa pela cidadania

Na democracia ateniense, o papel mais importante era reservado aos cidadãos, ou seja, àqueles que possuíam direitos políticos. Durante os primeiros séculos da história da cidade, esses direitos não eram iguais, uma vez que algumas camadas do grupo dos cidadãos possuíam maiores prerrogativas que outras. 

A cidadania completa, com todos os direitos políticos, foi, durante muito tempo, exclusiva dos eupátridas – os bem-nascidos ou nobres, donos da terra e descendentes dos antigos habitantes da cidade.

Também os georgoi, que eram pequenos agricultores, proprietários de lotes reduzidos de terra, e os demiurgos, trabalhadores livres – artesãos, artífices, proprietários de pequenas oficinas e profissionais liberais, como médicos, adivinhos e professores -, eram considerados cidadãos, porém com menor possibilidade de participação política que a aristocracia eupátrida.

Ao conjunto composto por georgoi e demiurgos deu-se o nome de demos – ou povo – de Atenas, que tradicionalmente opôs à nobreza eupátrida.

Ao longo dos séculos VIII e VII a.C., a sociedade ateniense atravessou transformações que resultaram na contestação do poder dos eupátridas pelo demos. Por um lado, a expansão comercial e artesanal diminuiu a riqueza e o poder dos senhores de terra.

Por outro lado, as mudanças na organização do exército permitiram que mais homens lutassem na defesa da polis como hoplitas, o que os levou a requerer maior participação política.

Foram os georgoi que fizeram maior pressão sobre o Estado para que fossem tomadas medidas de proteção contra os abusos dos eupátridas. Isso foi conquistado em 594 a.C., com as reformas constitucionais de Sólon rumo à democracia.


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