O american way of life, ou “estilo de vida americano”, foi um padrão de vida que estabeleceu-se nos Estados Unidos antes da quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque e a posterior crise de 1929. Confira neste artigo, que o Estratégia Militares preparou para você, todas as informações sobre esse assunto que pode ser cobrado em sua prova militar!
O American Way of Life foi a tentativa de consolidação do estilo de vida norte-americano. Contudo, o jogo da especulação no mercado financeiro baseava-se na exploração do crédito concedido a juros baixos pelo Estado e no empréstimo desse crédito, por sua vez, a terceiros, a juros mais altos.
Quanto mais ações valorizam, mais os investidores compravam, esperando ganhar grandes quantias com essas negociações. As pessoas tomavam empréstimos nos bancos para comprar títulos na Bolsa de Nova Iorque.
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A construção do american way of life
Os bancos, por sua vez, emprestavam a prazo curtíssimo e a juros de 12%, dinheiro que haviam tomado emprestado a 5% do Federal Reserve, o Banco Central estadunidense. Até os estrangeiros investiam na Bolsa de Nova Iorque, que recebeu cerca de 400 milhões de dólares vindos de outros países, em 1929.
A construção do american way of life perpetuou determinada representação da sociedade estadunidense, que mascarava suas contradições e estimulava o desenvolvimento capitalista. Viver o american way seria a consagração do indivíduo que não se detinha frente à competição, mas nela se regozijaria e sempre venceria.
Doutrina do Destino Manifesto e o american dream
A cultura dos Estados Unidos valorizava o vencedor, síntese da doutrina liberal e legitimador do capitalismo. Essa ideia vinha desde o Período Colonial, com o culto aos pioneiros, e também durante o século XIX, com o imaginário da fronteira e a doutrina do Destino Manifesto.
A situação econômica de grande crescimento, grande oferta de crédito e de bens de consumo duráveis para a maioria da população ofereceu base material para sustentar o american way of life. Pretendia-se provar a tese liberal de que a riqueza era disponível a todo indivíduo que se dispusesse a trabalhar duro por ela no mercado (o american dream).
Com isso, despolitizava-se a questão social da desigualdade e da exploração capitalista, pois a miséria tornava-se uma derrota individual, não uma consequência da estrutura econômica, política e social que se mantinha por meio da exploração de muitos despossuídos por poucos proprietários.
A propriedade ilusória no American Way of Life
A prosperidade dos Estados Unidos, entretanto, era ilusória, uma vez que havia sido estimulada pela alta dos preços do período da guerra.
A concessão de empréstimos aos europeus para que eles continuassem comprando serviu também para a reorganização das indústrias europeias, que voltaram a produzir, o que acarretou a redução das importações de produtos estadunidenses.
Não obstante, a produção dos Estados Unidos não parava de crescer. Enquanto os europeus, gradativamente, diminuiam as importações e adotavam tarifas protecionistas, a demanda interna dos Estados Unidos não acompanhava o ritmo de seu crescimento econômico e, aos poucos, o fantasma da superprodução passou a assombrar o país.
Os produtores foram obrigados a adotar a prática da estocagem de suas safras, especialmente a do trigo, pagando altas taxas e convivendo com uma constante baixa de preços. Em 1923, o preço do trigo caiu fortemente, provocando a ruína dos fazendeiros, que não conseguiram pagar suas hipotecas.
A economia dos Estados Unidos entrou, então, em um círculo vicioso:
- Superprodução;
- Queda dos preços;
- Política de estocagem;
- Diminuição do lucro;
- Queda da produção;
- Desemprego;
- Queda do consumo;
- Novo desequilíbrio entre produção e consumo; e
- Nova queda de preços.
O fator determinante da crise que se instalou nos Estados Unidos em 1929 foi o desequilíbrio entre o crescimento exagerado da economia estadunidense e a impossibilidade tanto do mercado externo quanto do mercado interno de consumir o excedente da produção.
Além disso, o liberalismo econômico que prevalecia no país impediu o governo de tomar qualquer medida regulamentar para evitar uma superprodução. O empresariado defendia a não intervenção e a manutenção do ritmo de produção para se evitar o desemprego.
A população, por sua vez, estava mais interessada em especular e confiava que cada ação valeria no dia seguinte duas vezes mais que no dia anterior.
Os presidentes norte-americanos Calvin Coolidge (1925-1929) e Herbert Hoover (1929-1933), ambos do Partido Republicano, eram liberais conservadores e contrários a qualquer tipo de intervenção na economia, o que tornou o Estado incapaz de agir para evitar a crise e a posterior depressão econômica.
Em meados de setembro de 1929, os especuladores da Bolsa de Nova Iorque começaram a vender os seus títulos. O mercado parou de subir e por algum tempo flutuou. Sempre que isso acontecia, o Banco Central estadunidense intervinha e comprava ações, estabilizando temporariamente o mercado.
Em 24 de outubro de 1929, a bolsa de 1929, a Bolsa de Valores de Nova Iorque não encontrou compradores para quase 70 milhões de títulos de diversas companhias, o que provocou uma espetacular baixa de preços. Os grandes bancos agiram mais uma vez, comprando ações a preços mais altos do que os do pregão, mas essa medida não salvou os pequenos investidores.
Quinta-feira, 24 de outubro, e o primeiro dia em que a História identifica o início do pânico de 1929. Levando-se em conta a desordem, o medo e a confusão, merece ser considerado que 12.894.650 ações mudaram de mãos nesse dia, a maioria delas a preços que destruíram os sonhos e esperanças de seus proprietários. GALBRAITH, J.K.
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Referência
- BRENNER, Jayme. 1929: a crise que mudou o mundo. São Paulo: Ática, 1998. (Retrospectiva do século XX)