Geopolítica: a complicada relação entre Rússia, Putin e Belarus

Geopolítica: a complicada relação entre Rússia, Putin e Belarus

Vai participar dos concursos e quer saber um pouquinho mais de geografia? Vem com a gente! Confira esse artigo que o Estratégia Militares preparou para você sobre a Rússia.

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Contexto histórico

Durante a Guerra Fria (1947-1991), a antiga União Soviética fazia oposição aos Estados Unidos (EUA) em termos bélicos e na corrida espacial. Os largos investimentos em armas nucleares e missões  aeroespaciais comprometeram o dia-a-dia da população civil russa e levou ao colapso do sistema iniciado em 1917.

A partir de então, a Rússia precisou de muitos anos para se reerguer e voltar a figurar no cenário geopolítico onde, recentemente, para além das vendas de armamentos, se destaca como grande fornecedora de energia.

Visando aumentar o seu fluxo de exportação, principalmente de gás natural, o gasoduto Nord Stream 2 se tornou centro de disputas geoeconômicas. 

Recursos energéticos da Rússia

De um lado, os EUA fazem pressão aos países europeus por meio da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), alegando que tal instituição foi criada para defender seus integrantes das ameaças soviéticas, mas que os europeus têm financiado a Rússia, comprando recursos energéticos.

Por outro lado, países como a Alemanha demandam grande quantidade de energia e as melhores ofertas ainda são dos russos. Atualmente boa parte de serviços básicos em cidades alemãs, como iluminação e aquecimento, dependem do gás daquele país.

Quanto à Rússia, a exportação por meio de dutos é uma ótima solução para um problema geográfico que permeou a anexação de terras: as saídas para o oceano, onde as águas frias costumam congelar, pelo menos, uma vez por ano.

Antes pertencente à Ucrânia, a Criméia foi anexada à Rússia em 2014, após forte tensão que envolveu a legislação russa que prega a proteção àqueles culturalmente ligados ao país e a oposição de nações como os Estados Unidos. Se você quer entender mais sobre o tema, clique no link abaixo:

Por que a Rússia invadiu a Ucrânia?

Vladimir Putin

Pavel Bednyakov/Sputnik/AFP/Getty Images

Quem é Vladimir Putin? Responder à pergunta é difícil sem envolver a política russa. Ainda durante a Guerra Fria, Putin exerceu cargos importantes na KGB, o Serviço de Segurança Secreta da antiga União Soviética, e se mantém há 20 anos no poder como presidente da Rússia.

Há tanto tempo no poder: Angela Merkel pode e Vladimir Putin não?

A grosso modo, as regras na Alemanha permitem que um governo seja mais longo e Angela Merkel, nunca interferiu em leis para se manter no poder. Isso é possível porque se trata de uma república parlamentar. Ou seja: a população elege os representantes do executivo e esses determinam quem será o/a chanceler, nome dado à/ao primeira/primeira-ministra/ministro.

Já na Rússia, Putin assumiu a presidência como interino em 1999 e em 2000 venceu as eleições para o mesmo cargo. Mas diferente da Merkel, já interferiu diretamente nas “regras do jogo” para se manter no poder, e, mesmo sendo um governo popular, deixou marcas de perseguição a opositores.

Observe a sucessão de Putin diretamente no poder da Rússia: 

Resumindo: No caso de Merkel não há perseguição à oposição, tão pouco alterações na Constituição que beneficiem o seu partido, o União Democrata-Cristã. Já na Rússia, além de uma perseguição nítida à oposição, duas alterações recentes nas “regras do jogo” favoreceram a manutenção de Putin no poder.

Belarus

A Bielorrusia – chamada Belarus a partir de sua independência, em 1991 – integrou a União Soviética, ou seja, carrega traços desse momento até hoje. 

Um dos exemplos dessa permanência é a interferência de Putin sobre o país, seja através da cultura, que carrega traços da antiga União Soviética; da economia, com empréstimos após o pedido para o FMI (Fundo Monetário Internacional) ser suspenso; ou, em termos militares, como em setembro de 2020, onde exercícios foram feitos em conjunto, denominados “Fraternidade Eslava”. 

Toda a situação que se desenrola em Belarus teve como estopim o processo eleitoral de 2020, mas as raízes desse processo são bem mais profundas, desde a desintegração da União Soviética, em 1991.

Quanto ao exercício militar “Fraternidade Eslava”, que tem um grande apelo cultural em seu nome, precisamos destacar algo muito importante: a posição estratégica de Belarus. 

Essa nação é a fronteira entre a Rússia e os países membros da OTAN e, por isso, é chamado Estado Tampão. É também um limite entre a Rússia e Caliningrado, um território russo entre a Polônia e a Lituânia que dá acesso ao Mar Báltico. Lembrando sempre que uma saída para o mar ou oceano é algo estratégico em termos de comércio. 

Detalhe básico: a OTAN realocou tropas para a Lituânia, para ali realizar seus exercícios militares.

Não é a primeira vez que a Rússia e seu exército se envolvem em tensões nesta região. Em 2008, o país se envolveu em conflitos separatistas na Geórgia; no Cáucaso, área que chamou a atenção do mundo com a crise entre a Armênia e o Azerbaijão; e como já citado, a anexação da Criméia.

Mas o que chamou a atenção do mundo para Belarus foram os protestos recentes que decorreram da última eleição presidencial. O candidato reeleito, Alexander Lukashenko, aliado de Putin, apesar de forte oposição nas ruas e nas pesquisas, venceu com aproximadamente 80% dos votos.

Vários oponentes de Lukashenko foram presos no período pré-votação. Diante de grandes evidências de fraude nas eleições que perpassam, além do resultado absurdo, a abertura de urnas antes da conclusão do tempo disponível para o voto e contagens suspeitas, parte da população foi para as ruas protestar. As primeiras “respostas” do governo foram a repressão e o controle e a derrubada da internet.

No mundo de hoje, controlar e derrubar a internet é algo muito significativo, pois é através dessa rede de comunicação que muitas pessoas se organizam e as informações ultrapassam os limites territoriais de um país. 

Os protestos em Belarus foram ganhando modelagens diferentes com o passar do tempo, chamando a atenção pela grande participação feminina, por exemplo, ao formar barreiras físicas entre os policiais e os manifestantes homens. O objetivo era tentar conter a violência daqueles que protegem o governo, o que não aconteceu. Muitas mulheres de diferentes idades apanharam das forças de segurança. 

Além da participação em protestos, muitos rostos femininos se destacaram em comícios, como Veronika Tsepkalo, que permaneceu no país após a fuga motivada por perseguição de seu marido com seus filhos. 

Também é importante destacar o envolvimento de Pavel Latushko, que já recebeu o Nobel de Literatura. 

A situação em Belarus ainda está indefinida, mas as pressões externas tendem a ser limitadas, uma vez que os agentes da União Europeia dependem da energia russa e estão atravessando um período de instabilidade econômica. 

Texto escrito com base nos conteúdos do professor Priscila Lima

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