Deslizamentos no litoral de São Paulo: a participação das Forças Armadas

Deslizamentos no litoral de São Paulo: a participação das Forças Armadas

A Marinha do Brasil disponibilizou o seu maior navio de guerra para auxiliar a operação de busca e salvamento no litoral de São Paulo, após as fortes chuvas que ocasionaram diversos deslizamentos de terra. Confira neste artigo, que o Estratégia Militares preparou para você, sobre os detalhes da operação dessa embarcação.

Cidades afetadas pelas chuvas em São Paulo

Na madrugada do dia 19 de fevereiro o litoral norte de São Paulo foi acometido por fortes chuvas que destruíram as cidades de Bertioga, Caraguatatuba, Guarujá, Ilhabela, São Sebastião e Ubatuba.

A cidade de São Sebastião foi a mais afetada. Os registros meteorológicos apontam que entre a tarde de sábado, dia 18 de fevereiro, e a manhã de domingo, dia 19, choveu cerca de 683 milímetros na cidade. 

O excesso de água no solo resultou em diversos deslizamentos nos morros que cercam a cidade, destruindo várias residências, principalmente nos bairros Vila do Sahy e Juquehy.

Segundo o boletim do governo do estado de São Paulo, até o dia 24 de fevereiro, foram registradas ao menos 43 mortes e mais de 40 pessoas desaparecidas em São Sebastião, e uma morte em Ubatuba. O governo divulgou, ainda, que há cerca de 1.730 desalojados e 1.810 desabrigados nas cidades atingidas pelas chuvas.

Navio da Marinha é deslocado para o litoral de São Paulo

Diante de tal tragédia, a Marinha do Brasil disponibilizou seu maior navio de guerra para prestar auxílio médico às vítimas, visto que as estradas de acesso às cidades atingidas pelas chuvas ficaram obstruídas.

O navio A-140 Atlântico saiu da Base Naval no Rio de Janeiro às 12h da quarta-feira, dia 22 de fevereiro, e chegou ao litoral norte de São Paulo na manhã da quinta-feira, dia 23. O Atlântico abriga um hospital de campanha com cerca de 300 leitos hospitalares, oferece mais de 1.000 militares, dentre fuzileiros navais, médicos e enfermeiros. 

Dentre os médicos, as principais especialidades oferecidas são:

  • Anestesista;
  • Cirurgião dentista;
  • Cirurgião geral;
  • Clínico geral;
  • Farmacêutico;
  • Ortopedista, entre outros.

Qual é o maior navio da Marinha do Brasil?

O Navio-Aeródromo Multipropósito Atlântico (NAM Atlântico) foi construído na década de 90 pela parceria de duas empresas, Kvaerner Givan e VSEL, na cidade de Barrow-in-Furness, no Reino Unido. Entrou em serviço pela Marinha Real Britânica, sendo batizado de “Ocean”, a partir da Base Naval de Devonport, em Plymouth.

Navio Atlântico da Marinha
Divulgação: Flickr / Marinha do Brasil

O Atlântico é um porta-helicópteros que possui 203 metros de comprimento. Conta, ainda, com dois motores que permitem que o navio imprima a velocidade de 18 nós, cerca de 33 km/h, e alcance 13.000 km de autonomia.

O navio é capaz de transportar até 18 helicópteros e 40 veículos de combate. Possui a capacidade de operar aeronaves remotamente tripuladas e necessita de cerca de 1.295 militares para sua operação.

Dentre as missões realizadas pela Marinha Real Britânica, destacam-se os apoios humanitários prestados em Kosovo e na América Central. Em 2000, participou da Operação Palliser, na Serra Leoa.

Operação Palliser

A Operação Palliser foi a intervenção militar que o Reino Unido realizou na Serra Leoa, em 07 de maio de 2000. Essa operação tornou-se emblemática por ser a primeira intervenção em larga escala das forças britânicas na Guerra Civil de Serra Leoa.

A operação foi concluída em setembro de 2000, quando a Frente Revolucionária Unida foi reprimida pelo exército de Serra Leoa, apoiado pelo Reino Unido, e a Libéria, país que financiava o grupo rebelde em troca de diamantes contrabandeados da Serra Leoa, sofreu sanções econômicas e interrompeu o fornecimento de armas e soldados à Frente Revolucionária Unida..

Missões que o navio A-140 Atlântico participou

O porta-helicópteros também operou em missões no Oriente Médio, com destaque àda Guerra do Iraque, na Operação Telic. Em 2009, foi enviado para a Ásia, e em 2010 deslocado à Islândia, a fim de prestar ajuda humanitária durante as erupções de um dos vulcões do país.

Em 2018, foi aposentado pela Marinha britânica e comprado pelo governo brasileiro. O navio entrou em operação pela Marinha do Brasil em junho do mesmo ano.

Participação do Exército nas operações no litoral de São Paulo

Em conjunto com a Marinha, o Exército Brasileiro disponibilizou cerca de seis helicópteros e aproximadamente 450 militares – dentre eles engenheiros, infantes, comunicadores, entre outros – para auxílio nas operações de resgate, segurança e liberação das vias obstruídas.

Os militares engenheiros são oriundos do 2º Batalhão de Engenharia do Exército, localizado em Pindamonhangaba (SP).

Os helicópteros vieram do 1º Batalhão de Aviação do Exército, localizado em Taubaté (SP). As aeronaves são do modelo Pantera, fabricado no Brasil, pela Helibras, localizada em Itajubá (MG), representante da francesa Aérospatiale Eurocopter Airbus Helicopters,

Qual helicóptero é utilizado pelo Exército no litoral de São Paulo?

O Eurocopter AS365S Dauphin, batizado no Brasil como HM-1 Pantera, é um helicóptero multimissão. Ele é utilizado em ações de combate, apoio de fogo, guerra anti-submarina, guerra anti-superfície, busca e salvamento (SAR), transporte aeromédico, entre outros.

Helicoptero do Exército
Divulgação: Flickr / Exército Brasileiro

A aeronave possui aproximadamente 12 metros de comprimento e pode decolar carregando até 4250 kg de carga. Atinge a velocidade máxima de 296 km/h e possui autonomia máxima de  875 km. Sua tripulação é composta por dois pilotos e um mecânico. Além disso, possui dois motores que produzem 852 hp de potência.


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