Você sabia que os militares brasileiros têm a oportunidade de participar de missões em um dos lugares mais remotos do planeta: a Antártica? A Marinha do Brasil e a Força Aérea são essenciais para as atividades científicas e logísticas desenvolvidas pelo Programa Antártico Brasileiro.
Além de ser uma perspectiva de carreira interessante para aqueles que planejam entrar nas Forças Armadas, o Continente Branco também pode ser assunto das provas militares, pois, em 2022, o Programa Antártico Brasileiro completa 40 anos de existência. Então, aproveite a oportunidade para adentrar no tema com o Estratégia Militares!
Navegue pelo conteúdo
O que é o Programa Antártico Brasileiro?
Também conhecido como PROANTAR, o Programa Antártico Brasileiro foi criado em 12 de janeiro de 1982 com o principal objetivo de promover pesquisas científicas dos mais diferentes tipos no Continente Branco.
Qualquer atividade desenvolvida na região por cidadãos brasileiros – desde pesquisas até turismo e pesca – precisam estar incluídas nas diretrizes do PROANTAR. A Antártica é uma região-chave para o equilíbrio ambiental, especialmente no que diz respeito ao hemisfério sul.
Por estarmos tão próximos do continente, é essencial que o Brasil entenda os fenômenos que regulam a região e seus impactos sobre nosso país.
Por isso, as pesquisas científicas desenvolvidas pelo PROANTAR são tão importantes, além de serem pré-requisito para a participação do Brasil na tomada de decisões acerca do futuro da Antártica.
A Marinha do Brasil divulgou um vídeo em comemoração aos 40 anos da criação do PROANTAR. Confira abaixo!
Tratado da Antártica
O Continente Branco não pertence a nenhum Estado em particular e deve apenas ser explorado com propósitos pacíficos. Essa resolução foi adotada com a criação do Tratado Antártica, um acordo internacional firmado em 1959. Ele determina que apenas países-membros consultivos podem decidir o rumo da região.
Além disso, a condição básica para tornar-se um membro é desenvolver pesquisas em solo antártico. As medidas do Tratado podem ser revistas a cada 30 anos ou se todos os países-membros forem unânimes na decisão.
O Brasil tornou-se parte do Tratado da Antártica em 1983, após desenvolver as pesquisas necessárias para construir a Estação Antártica Comandante Ferraz.
Criação do Tratado da Antártica
Antes do Tratado ser firmado, houve apenas algumas experiências pontuais de cooperação científica internacional, os chamados Anos Polares: 1882/1883, 1932/1933 e 1957/1958. O último foi chamado de Ano Geofísico Internacional (AGI), proposto pelo então Conselho Internacional de Uniões Científicas, hoje Conselho Internacional para Ciência – International Council for Science (ICSU).
O AGI inaugurou uma fase de investigações científicas colaborativas internacionais no Continente Branco. Mesmo após o período ter sido encerrado, o interesse nas pesquisas permaneceu e as estações polares se mantiveram ativas.
Diante disso, os EUA chamaram os países envolvidos para a Conferência de Washington, em 1958. O Tratado da Antártica foi assinado em 1o de dezembro de 1959 por 12 nações. Atualmente, há 54 países membros, sendo que 29 deles são Membros Consultivos, inclusive o Brasil.
Como funciona o PROANTAR?
O PROANTAR existe para que o Brasil possa fazer parte das decisões tomadas pelos países do Tratado da Antártica. Ele coordena todas as atividades brasileiras desenvolvidas na região, em sua maior parte na Estação Antártica Comandante Ferraz (EACF).
Para que o PROANTAR funcione, a estrutura do programa se divide em quatro vertentes: Científica, Logística, Ambiental e Política Externa.
- Científica: desenvolve programas temáticos de pesquisas sob a coordenação do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).
- Logística: é a vertente na qual entram os militares da Marinha do Brasil em conjunto com a Força Aérea Brasileira. Sob a direção do Ministério da Defesa, realizam todas as atividades de manutenção e operação das instalações, além da movimentação de pessoas e de materiais.
- Ambiental: sob responsabilidade do Ministério do Meio Ambiente. Em geral, tem a missão de minimizar os impactos da atividade humana na Antártica, segundo as diretrizes ambientais do Tratado da Antártica, que foram chamadas de Protocolo de Madrid.
- Política Externa: a cooperação internacional é um dos princípios-chave de qualquer atividade desenvolvida na Antártica. Coordenado pelo Ministério das Relações Exteriores.
O PROANTAR é uma das atividades logísticas mais complexas executadas pela Marinha e pela Força Aérea Brasileira, em um dos climas mais extremos do planeta. Além disso, trata-se de um dos programas mais duradouros da história nacional, uma vez que nasceu durante a ditadura e sobreviveu a todas as trocas de poder até os dias atuais.
Os esforços das quatro vertentes do PROANTAR se traduzem nas Operações Antárticas, que são planejadas e executadas uma vez a cada ano.
O que são as Operações Antárticas
As Operações Antárticas também são chamadas de OPERANTAR e são as expedições anuais de pesquisa que alocam cientistas, militares e pessoal de apoio até a Estação. Começam a ser planejadas no mês de março, quando o CNPq divulga os Projetos de Pesquisa que podem ser executados na próxima operação.
Em outubro, os navios da Marinha do Brasil são carregados no porto do Rio de Janeiro, sendo eles o Navio de Apoio Oceanográfico Ary Rongel e o Navio Polar Almirante Maximiano. Eles tanto levam os materiais e equipamentos quanto também são utilizados para as pesquisas fora da Estação Antártica Comandante Ferraz.
A FAB dá apoio às OPERANTAR com o transporte de pessoal e mantimentos, com pelo menos dez voos a cada operação por parte do Primeiro Esquadrão do Primeiro Grupo de Transporte. Quando o inverno antártico chega, os navios da Marinha precisam partir e os voos da FAB se tornam a única forma de abastecimento da Estação Comandante Ferraz.
Curiosidades sobre a Estação Antártica Comandante Ferraz
A EACF fica na Ilha Rei George, na Península Keller do Continente Antártico e foi construída em 1984, na segunda OPERANTAR organizada pelo PROANTAR. Seu nome é em homenagem a um dos idealizadores do Programa Antártico Brasileiro, morto aos 42 anos: o Capitão de Fragata Luiz Antônio Ferraz.
Quando foi instalada, os pesquisadores só podiam permanecer na estação durante o verão no hemisfério sul e em número reduzido, com pouco mais de vinte pessoas. Durante a OPERANTAR XXIV, entre 2004 e 2005, a Estação passou por extensas obras de revitalização e o planejamento era que o término coincidisse com o Jubileu de Prata (25 anos) do PROANTAR.
No entanto, pouco tempo depois, em 25 de fevereiro de 2012, houve um incêndio de grandes proporções na EACF. Dois militares faleceram no processo e mais de 70% da Estação foi destruída. As pesquisas, no entanto, continuaram em instalações emergenciais e por meio de parcerias com outros países.
A Operação de reconstrução envolveu mais de 500 pessoas e 5 navios sendo usados simultaneamente. Mais de 100 milhões de dólares foram investidos para recuperá-la com os mais modernos equipamentos. Ela foi entregue em 2020, mas precisou ficar parada por conta do estado de emergência da pandemia de COVID-19.
Veja um vídeo da Marinha do Brasil sobre a nova Estação Antártica Comandante Ferraz!
E aí, guerreiro? Ficou com vontade de fazer parte do Programa Antártico Brasileiro? Então conheça as carreiras militares e os concursos da Força Aérea e da Marinha do Brasil!