A partir do século XIX, a região do Oriente Médio foi alvo de interesses imperialistas britânicos, tanto pela sua posição geopolítica quanto pelas reservas de petróleo existentes. Já no contexto da Guerra Fria, ela tornou-se um dos cenários de intervenção dos governos dos Estados Unidos e da União Soviética, fomentando conflitos que perduram até os dias atuais.
A criação do estado de Israel foi um acontecimento que fomentou ainda mais conflitos no Oriente Médio. Confira com o Estratégia Militares como Israel se tornou um país e quais as consequências para a região.
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Origens: conflito árabe-israelense
A região da Palestina foi conferida aos britânicos pela Liga das Nações, após a Primeira Guerra Mundial. Naquele momento, os judeus da Palestina correspondiam a mais ou menos 15% da população, enquanto a maioria era composta por árabes.
Ao final do século XIX, o judeu húngaro Theodor Herzl deu início ao sionismo, movimento nacionalista que reivindicava a criação de um Estado judeu na Palestina, região onde os hebreus tinham vivido na Antiguidade antes de suas diásporas.
A Grã-Bretanha, que por meio da Declaração Balfour apoiou a ideia em 1917, fomentou as migrações de judeus da Europa para a região, onde eles passaram a adquirir terras e a formar colônias.
Os conflitos entre judeus e árabes se tornaram cada vez mais frequentes, sobretudo porque alguns anos antes, os britânicos também tinham prometido apoio para a formação de um Reino Árabe Independente. Quando judeus obtiveram territórios na região, grupos árabes pegaram em armas contra a presença deles e a dominação britânica.
Criação do Estado de Israel
Após a Segunda Guerra, o holocausto fez com que os judeus adquirissem apoio internacional para a criação do Estado de Israel. A partir da retirada dos britânicos na Palestina, a ONU propôs a criação de um Estado judeu, mas também de um Estado árabe.
Jerusalém, cidade sagrada para os dois grupos, permaneceria sob jurisdição internacional. Isso ficou conhecido como Plano de Partilha, sendo aceito pelos judeus que habitavam a região, mas não pelos palestinos.
Em maio de 1948, o judeu David Ben Gurion proclamou a criação do Estado de Israel, o que estimulou a migração de milhares de judeus do mundo inteiro para a região.
A Liga Árabe, organização que incluía Egito, Iraque, Líbano, Síria e Transjordânia, não reconheceu a criação do Estado, dando início à primeira guerra árabe-israelense (1948-1949).
Após vencer a guerra, Israel aumentou seu domínio em 20 mil quilômetros quadrados, quase 50% do que havia sido previsto anteriormente.
Nas negociações de paz, o território que era destinado à criação do Estado da Palestina foi dividido entre o Egito e a Transjordânia, enquanto a cidade de Jerusalém foi repartida entre a Jordânia e Israel1.
Sem dispor de um Estado para chamar de seu, os palestinos se abrigaram na Jordânia, onde passaram a viver em precários campos de refugiados.
Em paralelo a isso, o Estado de Israel se consolidou no Oriente Médio, recuperando o hebraico como língua oficial e estimulando o “retorno” de todos os judeus para a região.
O país adotou estruturas semelhantes às democracias ocidentais, como o sistema parlamentarista, além de se tornar aliado dos Estados Unidos, país do qual eram originados muitos dos novos cidadãos de Israel.
A Guerra dos Seis Dias e o Dia do Yom Kippur
Em 1964, por meio de uma reunião da Liga Árabe, foi criada a Organização para a Libertação da Palestina (OLP), que passou a propor ações terroristas para pressionar pela recuperação dos territórios que dariam origem ao Estado palestino.
Tratava-se de uma organização multipartidária, prevalecendo como a facção maior a Al-Fatah, criada em 1959 pelo engenheiro Yasser Arafat e Khalil al-Wazir.
Em 1967, Israel deu início ao que chamou de uma guerra preventiva, ou seja, uma antecipação de uma possível ofensiva dos árabes.
A chamada Guerra dos Seis Dias, como ficou conhecida, possibilitou a Israel, vencedor do conflito, anexar a Faixa de Gaza, a península do Sinai, a Cisjordânia, as colinas de Golã (Síria) e a porção Oriental de Jerusalém, até então administrada pela Jordânia.
Os habitantes das regiões anexadas por Israel foram expulsos de suas terras e não foram aceitos como cidadãos pelos Estados árabes. Eles consideravam que isso seria reconhecer as novas fronteiras de Israel.
Dessa maneira, os palestinos permaneceram em acampamentos precários, sem dispor de direitos como os demais indivíduos que habitavam aqueles territórios.
Sem dispor do mesmo poderio militar que Israel, os grupos armados palestinos passaram a promover atentados terroristas contra israelenses, alguns deles fora da Palestina.
Em setembro de 1972, durante as Olimpíadas em Munique, um grupo terrorista invadiu o alojamento da delegação israelense e matou dois de seus membros e manteve outros como reféns.
Eles exigiam a libertação de 200 palestinos por Israel e um avião, mas foram emboscados pela polícia. Com as trocas de tiros, nove reféns israelenses, cinco terroristas e um policial foram mortos.
Em 1973, enquanto israelenses comemoravam o Yom Kippur (Dia do Perdão), os árabes atacaram o Estado judeu nos territórios conquistados por ele durante a Guerra dos Seis Dias, com o intuito de recuperá-los. Israel, apoiado pelos Estados Unidos, conseguiu vencer o Egito, a Síria e o Iraque.
Cabe destacar que durante a Guerra do Yom Kippur, os países árabes produtores de petróleo – Arábia Saudita e Egito – tentaram pressionar os Estados Unidos e outros países pró-Israel restringindo o fornecimento do produto, o que causou grave escassez.
Mais adiante, em 1979, a OPEP – Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) – aumentou o preço do produto, levando a uma nova crise energética. Os anos de 1973 e 1979 ficaram conhecidos como “choques do petróleo” ou crise do petróleo.
Por meio das negociações que deram origem aos Acordos de Paz de Camp David, Israel concordou em devolver a península de Sinai aos egípcios, em 1977, recebendo em troca o reconhecimento do Estado de Israel pelo Egito.
O posicionamento do governo egípcio foi repudiado pelos palestinos e custou a expulsão do país da Liga Árabe, cuja sede foi transferida para Túnis.
Ainda em 1973, durante a Conferência da Cúpula Árabe de Argel, a Organização para a Libertação da Palestina (OLP) foi reconhecida pelos Estados árabes como a representante dos esforços pela criação do Estado palestino.
Um ano depois, a ONU também aprovou uma resolução favorável à formação do Estado, mas não chegou a implementá-la. Naquele momento, a OLP já havia sido expulsa da Jordânia e transferida para o sul do Líbano.
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Texto elaborado com base no material didático do professor Marco Túlio.
Observação
1. A repartição está relacionada aos conflitos entre palestinos e judeus no bairro Sheikh Jarrah, em Jerusalém, em 2021.