Você sabia que o Congresso de Viena foi uma resposta dos monarcas europeus às mudanças impostas por Napoleão Bonaparte? Confira nesse artigo, que o Estratégia Militares preparou para você, o que ocorreu nesse Congresso, o estabelecimento da Santa Aliança e muito mais!
Após a derrota de Napoleão na Batalha de Leipzig, também conhecida como Batalha das Nações, em 1814, os países vencedores reuniram-se na capital da Áustria em uma conferência internacional denominada Congresso de Viena.
Enquanto o Congresso estava reunido, Napoleão escapou da Ilha de Elba e retomou o governo francês durante um período de cem dias. Nessa ocasião, as potências reunidas em Viena organizaram o combate final a Napoleão, ocorrido na Batalha de Waterloo.
Pode-se dizer que a vitória das potências europeias sobre a França napoleônica representou o triunfo temporário do conservadorismo sobre o liberalismo, da restauração sobre a Revolução e da aristocracia sobre a burguesia.
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Qual era o objetivo do Congresso de Viena?
O principal objetivo do Congresso de Viena era restabelecer a situação existente antes da Grande Revolução, ou seja, a restauração do Antigo Regime.
Quais foram os países vencedores da guerra contra a França de Napoleão?
O Congresso de Viena reuniu os monarcas e ministros plenipotenciários das nações que lutaram contra a França, sendo que as decisões ali tomadas foram o resultado dos acertos feitos entre as grandes potências vencedoras – Inglaterra, Prússia, Rússia e Áustria – que constituíram o Comitê dos Quatro.
Os ministros das quatro potências foram os condutores da política internacional nas três primeiras décadas do século XIX, foram os mais destacados representantes do conservadorismo europeu e, ao mesmo tempo, consagraram a diplomacia como forma de resolver as questões entre as nações.
Os negociadores mais expressivos foram o lorde inglês Castlereagh, o francês Talleyrand, e o austríaco Metternich, figura dominante do Congresso.
Os princípios do Congresso de Viena para as relações internacionais na Europa
As negociações e as decisões levadas a efeito pelo Congresso de Viena basearam-se em três princípios políticos:
- Princípio da legitimidade;
- Princípio da restauração; e
- Princípio do equilíbrio europeu.
Princípio da legitimidade
A ideia de legitimidade era defendida por Talleyrand e estabelecia o direito das antigas dinastias depostas a usufruírem da antiga posição que possuíam. Com isso, o ministro francês conseguiu justificar as reivindicações da dinastia Bourbon na França.
Princípio da restauração
Seria o resultado da adoção do princípio da legitimidade, ou seja, com a recondução dos antigos reis – vistos como legítimos pela política conservadora do Congresso de Viena – aos seus tronos, a situação política da Europa pré-revolucionária deveria ser restaurada.
Princípio do equilíbrio europeu
Com vistas ao fortalecimento da velha ordem restaurada e à preservação da nova paz entre as potências, o mapa da Europa foi redesenhado entre as grandes potências, que teriam, assim, todo o interesse em preservar o arranjo político-geográfico arquitetado pelo Congresso de Viena.
A restauração das monarquias após o Congresso de Viena
Em consequência da aplicação do princípio da legitimidade, antigas dinastias foram restauradas nos tronos de diversos países europeus, como os Bourbons, que retornaram aos reinos da França, da Espanha e de Nápoles. Além deles, foram restauradas as dinastia de Saboia, no reino do Piemonte; os reis de Bragança, que voltaram a governar Portugal e a dinastia Orange, que regressou à Holanda.
Ao restabelecer o equilíbrio entre as grandes potências europeias, o Congresso de Viena alterou bastante o mapa político da Europa, e não levou em conta as aspirações dos povos submetidos aos impérios continentais ou os direitos de muitos príncipes destituídos pelos franceses.
Insatisfação dos povos europeus com os acordos do Congresso de Viena
Sendo assim, o equilíbrio se revelou precário, provocando a insatisfação das potências e dos povos que não tiveram os seus direitos de autodeterminação respeitados. As alterações no mapa europeu evidenciaram o nítido interesse em beneficiar a Áustria e a Prússia com a eliminação do antigo Sacro Império Romano-Germânico, que já desorganizado por Napoleão, em 1806, com a criação da Confederação do Reno.
O Sacro Império Romano-Germânico
O Sacro Império compunha-se de mais de 350 pequenos estados autônomos, na região que hoje corresponde à Alemanha. Esse território foi reorganizado em uma Confederação Germânica composta de 34 monarquias e quatro cidades livres – Frankfurt, Lübeck, Hamburgo e Bremen – e tinha a Áustria e a Prússia como as supostas protetoras dos interesses do povo alemão.
O mapa político europeu desenhado pelo Congresso de Viena contava com cinco grandes potências:
- Monarquias constitucionais: Inglaterra e França
Monarquias não constitucionais: Áustria; Prússia e Império Russo.
A Itália e a Alemanha continuaram como conjuntos divididos, politicamente fracos e economicamente atrasados em relação às potências europeias.
O Congresso marcou uma etapa considerável no que se poderia chamar de racionalização ou simplificação do mapa político da Europa. Os Estados reagruparam-se de modo mais coerente.
No entanto, os vitoriosos da guerra – Áustria, Prússia e Rússia – foram aqueles que ganharam mais territórios. Enquanto a Inglaterra estendeu-se para fora da Europa, as três potências continentais cresceram na própria Europa.
A Santa Aliança e o Concerto Europeu
Além das diferenças de caráter político-institucional, havia também diferenças econômicas e sociais muito grandes entre as regiões europeias.
Os países da Europa Centro-Oriental, por exemplo, eram essencialmente agrícolas. Neles ainda predominava a servidão e sua população era formada por uma variedade de povos de línguas e costumes diferentes, devido à própria extensão territorial.
O que foi a Santa Aliança?
As decisões do Congresso de Viena não foram aceitas pacificamente. Por isso, o czar Alexandre I propôs que as potências assinassem um pacto, conhecido como Santa Aliança.
Tratava-se de um compromisso de ajuda mútua entre os monarcas, para a repressão dos movimentos liberais que colocassem em risco os princípios consagrados pelo Congresso de Viena.
Na prática, isso significava que a Santa Aliança impediria, pela força, qualquer tentativa de revolução de caráter liberal ou qualquer ressurgimento das chamadas ideias francesas.
Tratava-se, portanto, de um novo tipo de política intervencionista, destinada a manter a ordem restaurada pelo Congresso de Viena. O acordo da Santa Aliança tinha também um fundo religioso-moral, uma vez que os monarcas juraram defender a religião, a paz e a justiça e se comprometeram a instalar governos de natureza cristã e patriarcal.
Embora não estivesse explícito no texto do acordo, havia também uma tendência de utilizar a pressão da Santa Aliança para impedir que as lutas de independência do mundo colonial fossem vitoriosas, principalmente na América Espanhola, onde tais movimentos ganhavam corpo. Compuseram a Santa Aliança a Rússia, a Prússia e a Áustria.
Por que a Inglaterra não aderiu à Santa Aliança?
A Santa Aliança não contou com a adesão da Inglaterra, que via como inevitáveis as reformas políticas na Europa absolutista. Além disso, os interesses britânicos eram mais amplos do que a política continental europeia, uma vez que os mercados coloniais eram importantes para sua economia.
O desenvolvimento econômico inglês necessitava de mercados, de matérias-primas e de garantias de livre-navegação nos mares e oceanos das Américas, da Ásia e da África. Por isso, a Inglaterra tinha interesse nos movimentos de emancipação da América Latina, que eliminariam os monopólios coloniais de Portugal e Espanha, favorecendo os interesses comerciais britânicos.
Assim, a Inglaterra não poderia concordar com a aplicação do princípio de policiamento dos movimentos revolucionários, defendido pela Santa Aliança, nas áreas coloniais.
Criação da Quádrupla e Quíntupla Aliança
A Inglaterra propôs, então, a criação da Quádrupla Aliança, com os mesmos países e formada pelos mesmos motivos. Com a aceitação da participação da França, formou-se a Quíntupla Aliança, em 1818, que também é conhecida como Concerto Europeu.
Seus membros se comprometeram a cooperar na supressão de quaisquer distúrbios decorrentes de tentativas dos povos de depor os seus governos assumidos como legítimos ou mudar as fronteiras internacionais definidas pelo Congresso de Viena.
A Santa Aliança e o Concerto Europeu são os símbolos mais visíveis da restauração europeia e a eles coube a reação diplomática mais acentuada da Europa contra o reconhecimento da independência dos países latino-americanos. Essa posição ultraconservadora foi um dos motivos que levaram o governo dos Estados Unidos a proclamar a Doutrina Monroe, em 1823.
Fundamentada no princípio de que o Novo Mundo deveria solucionar seus problemas internos sem nenhuma interferência externa das potências europeias, o governo estadunidense afirmou que consideraria um ato de guerra contra os Estados Unidos qualquer agressão estrangeira a um país americano.
A Santa Aliança não conseguiu evitar o triunfo das revoluções liberais na Europa que, vitoriosas, restabeleceram a independência política de países dominados por outras potências, como ocorreu com a Grécia em relação à Turquia, em 1828. Por outro lado, substituíram o absolutismo por um regime constitucional e parlamentar como ocorreu na França com a Revolução de 1830.
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