A matriz de transporte no Brasil tem passado por mudanças nos últimos anos. Dentre os diversos modais, o Brasil se destaca pela alta malha rodoviária. Confira nesse artigo, que o Estratégia Militares preparou para você, mais informações sobre a infraestrutura logística brasileira!
Nas últimas décadas do século XX, com a consolidação da globalização e com a expansão da economia de mercado, intensificou-se o deslocamento de mercadorias, pessoas, capitais e serviços entre diversas localidades inseridas na economia global.
Tal fato acarretou o desenvolvimento dos sistemas de transportes, de modo que a concorrência entre os comerciantes fosse vencida, o que ocorreu por demanda. Em outras palavras, os modais de transportes necessitam se modernizar e evoluir para acompanharem as necessidades crescentes do comércio mundial.
De modo a suprir as demandas por eficiência e velocidade, foi preciso superar determinadas barreiras físicas, como:
- Relevo acidentado;
- Traçado dos rios;
- Regime hídrico irregular; e
- Tecnológicas
Buscou-se, também, baratear os custos operacionais gerais por meio da logística, que é o conjunto de sistemas, recursos e operações que permitem o transporte de mercadorias ou pessoas pelo menor custo, com maior segurança e no menor prazo.
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Matriz de transportes do Brasil
Atualmente, é possível afirmar que o desenvolvimento econômico e social de qualquer território depende da intensidade, da densidade e da qualidade da sua rede de transportes.
A matriz de transportes de um país corresponde, portanto, ao conjunto dos principais modais utilizados para transportar mercadorias e pessoas.
Sua adequação e planejamento estratégico correto, considerando as condições naturais – relevo e hidrografia, principalmente – possibilitam a formação de uma matriz mais próxima da ideal, que é aquela que permite o deslocamento no menor tempo e com preços melhores, tornando os produtos ou os serviços mais competitivos.
A melhor matriz para um país deve considerar as distâncias a serem percorridas, as necessidades econômicas e, quando possível, coordenar os quatro mais importantes modais de transportes:
- Aéreo (mais caro);
- Rodoviário (com custos intermediários);
- Ferroviário (com custos menores); e
- Hidroviário (de menor custo).
Para exemplificar os malefícios de se utilizar uma matriz de transportes inadequada e desequilibrada, pode-se tomar o elevado custo dos transportes no Brasil.
Esse custo interfere nas exportações, pois a mercadoria brasileira chega com maior valor ao mercado externo e, com isso, perde competitividade. Além disso, impacta negativamente nos setores industriais e de comércio, uma vez que, quanto menor a competitividade, menor a quantidade produzida e comercializada, reduzindo o nível de emprego nesses setores.
Contudo, ao se considerar todas as perdas para a economia quando há um grande desequilíbrio na matriz de transportes, percebe-se que, no fim, o setor mais prejudicado é o próprio setor de transportes. Sem venda não há produção de bens ou matéria-prima, reduzindo assim os produtos que serão transportados.
A partir dessa exemplificação, é possível chegar à conclusão de que o modo mais adequado para o transporte de produtos seria, portanto, a busca por um equilíbrio entre os modais de transporte.
Modais de transporte: competição ou complementaridade?
O princípio da complementaridade na matriz de transportes é aquele em que se busca o maior equilíbrio entre cada modal, considerando as distâncias a serem percorridas desde a origem até o destino final da mercadoria.
Ao comparar os índices de custo do transporte pela distância a ser percorrida, verifica-se a vantagem dos modais hidroviário e ferroviário sobre os rodoviário e aéreo, no caso de longas distâncias. Porém, essa situação se inverte quando a distância é menor, prevalecendo a vantagem das rodovias, nos pequenos trajetos.
Em vários países do globo, esses três modais de transporte – hidroviário, ferroviário e rodoviário – atuam em conjunto, de acordo com a distância a ser percorrida.
Além disso, a evolução tecnológica permitiu que qualquer tipo de mercadoria pudesse ser transportada, seja ela perecível ou não, acentuando ainda mais a importância da relação entre os modais de transporte e a distância.
Os transportes no Brasil
A matriz de transportes do Brasil é considerada inadequada e ineficiente. Considerando-se as dimensões territoriais do país, o grande volume de commodities transportadas e o alto custo da manutenção do transporte rodoviário, conclui-se que, para o Brasil, o melhor modal deveria privilegiar os sistemas ferroviário e aquaviário.
Esses modais são bem mais baratos e capazes de transportar, com menor índice de poluição, uma maior quantidade de produtos. Contudo, não é dessa forma que é organizado o sistema de transportes brasileiro. Como observado, há predomínio do transporte rodoviário na matriz brasileira.
A adoção desta composição está relacionada a fatores relativos a pressões mercadológicas, principalmente após a expansão da indústria automobilística em meados do século XX, e também pelo imediatismo da expansão da malha rodoviária, mais rápida e de menor custo a curto prazo.
Um dos exemplos mais sintomáticos dessa opção para a matriz de transportes brasileira é a Transamazônica. Essa rodovia foi construída durante o período militar com o intuito de “integrar” o Brasil em seus mais de quatro mil quilômetros. Ela vai da Paraíba ao oeste do Amazonas, porém tem cerca de dois mil quilômetros sem pavimentação, o que a torna intransitável durante o período chuvoso, com duração média de seis meses.
A construção trouxe graves problemas ambientais – pelo desmatamento da área – e sociais, por atravessar reservas indígenas. Além disso, sua função como via de transporte não atendeu aos propósitos projetados e ela é subutilizada grande parte do ano.
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Referências
- Agência Nacional de Transportes Terrestres. Disponível em: https://www.gov.br/antt/pt-br/acesso-a-informacao . Acesso em: Junho de 2023.
- Departamento Nacional de Infraestrutura e Transportes. Disponível em: https://www.gov.br/dnit/pt-br/acesso-a-informacao . Acesso em: Junho de 2023
- MAGNOLI, Demétrio – Geografia: paisagem e território: geografia geral e do Brasil – 3ª Ed. Reform. – São Paulo: Moderna, 2001.
- SENE, Eustáquio de. Globalização e espaço geográfico. 1ª ed. São Paulo: Contexto, 2012.
- TERRA, Lygia. ARAÚJO, Regina. GUIMARÃES, Raul Borges. Conexões: estudos de geografia geral e do Brasil: volume único.