Regionalização brasileira: agropecuária, indústria e mais da região nordeste

Regionalização brasileira: agropecuária, indústria e mais da região nordeste

O Nordeste do Brasil é uma das regiões que mais cresce na produção agropecuária, utilizando-se de tecnologias avançadas, bem como a instalação de grandes indústrias, levando desenvolvimento e integração à essa região. Confira mais informações nesse artigo que o Estratégia Militares preparou para você!

Nos anos do governo de Juscelino Kubitscheck, foi criada a Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), com o objetivo de promover o desenvolvimento das quatro zonas geográficas do Nordeste brasileiro – a Zona da Mata, o Meio-Norte, o Agreste e a Mata dos Cocais.

A Sudene, paralelamente ao investimento em infraestrutura, ao incentivo industrial e à criação de empregos, teve por objetivo a implantação e a modernização da agricultura regional.

Leia mais sobre a Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) no artigo disponível no Portal Estratégia Militares!

Produtos produzidos pela agropecuária no Nordeste do Brasil

A política agrícola da Sudene fazia parte do grande projeto nacional de expandir os cultivos comerciais, de ampliar a produção e de destiná-la principalmente ao mercado externo ou aos consumidores de maior poder aquisitivo da própria região e do Centro-Sul do país.

O principal produto agrícola da região é a cana-de-açúcar, produzida em uma faixa com dezenas de quilômetros de largura, formando um verdadeiro mar verde em Alagoas, em Pernambuco e na Paraíba.

É importante também destacar os plantios de:  

  • Algodão – no Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte; 
  • Tabaco – na Bahia; e
  • Caju – na Paraíba e Ceará.

Além de uvas finas, manga, melão, acerola e outros frutos para consumo interno e para exportação. Também se destacam a produção de feijão, em Irecê, e de soja, em Barreiras, na Bahia.

Nos anos 1970, foi criado o Complexo Agroindustrial de Petrolina e Juazeiro que, atualmente, estende-se por mais de 50 mil hectares de terras semiáridas. São cultivados produtos agrícolas, frutas e hortaliças de alto valor comercial, que atraíram para a região empresas nacionais e estrangeiras de diversos ramos.

A barragem de Sobradinho, localizada no Rio São Francisco, é a principal fonte de captação de água do polo.

Vários são os fatores que distinguem o tipo de produção dos pólos em relação àquela obtida na maioria das áreas tradicionais de cultivo de cana-de-açúcar e de algodão, e nas regiões de pecuária:

  • Grande investimento em pesquisa e em tecnologia;
  • Relações mais amplas com os mercados nacional e internacional; e
  • Utilização de mão de obra pouco qualificada, mas regularizada quanto à legislação trabalhista.

A seca no Nordeste e a agropecuária 

Apesar da seca ser prejudicial para a região, há empresários e técnicos envolvidos em projetos agroindustriais no semiárido que veem a falta de chuva como um elemento positivo para a modernização da economia nordestina. 

Isso acontece porque, sem a chuva, eles podem controlar as condições de umidade para obter os melhores resultados, fornecendo água às plantas no momento e na quantidade adequados.

No entanto, esses projetos estão restritos a grandes e médios proprietários de terra, que podem investir capital nos cultivos de exportação. Além disso, sua produção está voltada para consumidores de alto poder aquisitivo e não para a maioria da população sertaneja.

Apesar desses aspectos, podem-se destacar alguns fatores positivos nesses empreendimentos, como a geração de empregos, o estímulo ao desenvolvimento de pequenas e médias empresas, como as de embalagens, e o cumprimento das leis trabalhistas. Esse aspecto é particularmente importante em uma região onde existem milhões de trabalhadores sem registro em carteira profissional.

Em relação à pecuária, cria-se principalmente rebanho bovino para corte. O maior rebanho da região está na Bahia, embora Pernambuco e Ceará também se destaquem na criação desses animais.

O rebanho que mais se adapta ao clima do Sertão é o caprino, pois é o mais resistente. Além disso, ele tem grande importância regional, já que fornece couro, leite e carne.

Máquina de colheita na região nordeste do Brasil

Recursos minerais e energéticos

O Nordeste é responsável pela produção de cerca de 95% do sal marinho consumido no Brasil. Outro destaque é a produção de gesso no estado de Pernambuco, que responde por 95% da produção total brasileira. A região possui também jazidas de granito, de pedras preciosas e semipreciosas.

Existem reservas de magnesita, utilizada para fabricar tijolos refratários; de sal-gema, do qual se produz a soda cáustica; de xelita, um minério do qual se extrai o tungstênio, usado na fabricação de lâmpadas; e ainda o amianto, antes utilizado na fabricação de telhas e caixas-d’água, mas que hoje se evita por ser tóxico.

O cobre, o chumbo e o cromo, também encontrados na região, têm numerosas aplicações na indústria.

Indústria na região Nordeste do Brasil

Com a construção, a partir da década de 1940, da Usina de Paulo Afonso, no Rio São Francisco, entre Alagoas e Bahia, a produção de energia elétrica foi viabilizada e abriu espaço para que a industrialização pudesse se processar na região Nordeste.

Nas grandes regiões metropolitanas, como as de Recife, Salvador e Fortaleza, a indústria é mais forte e diversificada. Destaca-se, no Nordeste, a produção de aços especiais, produtos eletrônicos, equipamentos para irrigação, barcos, chips, softwares, baterias e produtos petroquímicos, além de marcas de etiquetas famosas, calçados de couro e de lona, tecidos de todos os tipos e sal marinho.

Infraestrutura de transportes na região Nordeste do Brasil

Os estados do Piauí e da Bahia são os que possuem as vias de menor qualidade, o que, por conseguinte, encarece os fretes e aumenta o preço dos produtos. Além disso, a atividade turística é afetada, uma vez que o acesso a determinadas áreas fica prejudicado, como é o caso da PI-140, situada ao sul do Piauí, da divisa com a Bahia.

A rodovia é a principal via de acesso ao Parque Nacional da Serra da Capivara, uma das maiores atrações turísticas e culturais do Brasil. No entanto, em função de seu péssimo estado de conservação, o acesso ao parque ficou comprometido. 

A PI-140 é considerada a segunda pior rodovia brasileira, sendo a primeira a BR-452, no trecho entre Rio Verde e Itumbiara, em Goiás.

Ferrovias no Nordeste do Brasil

A malha ferroviária nordestina é privatizada, sendo a Companhia Ferroviária do Nordeste (CFN) detentora da concessão das linhas nos estados de Alagoas, de Pernambuco, do Rio Grande do Norte, do Ceará, do Piauí, da Paraíba e do Maranhão. Já nos estados da Bahia e de Sergipe, a concessão pertence à Ferrovia Centro-Atlântica (FCA).

Também está em curso a  construção da Transnordestina, uma ferrovia que sairá da cidade de Eliseu Martins, no Piauí, em direção à localidade de Salgueiro, em Pernambuco, onde deverá bifurcar-se em dois ramais, um em direção ao Porto de Suape, também em Pernambuco, e o outro ao Porto do Pecém, no Ceará.

De acordo com o Ministério da Integração Nacional, a ferrovia oferecerá uma logística eficiente de transporte para a produção de grãos e de algodão das novas fronteiras agrícolas do país, situadas na região sudeste do Piauí, no sul do Maranhão e no oeste da Bahia.

Há, inclusive, um projeto de construção de um ramal entre a Transnordestina e a Ferrovia Norte-Sul, o que certamente dinamizará a economia da região.

Transporte marítimo e fluvial no Nordeste do Brasil

A região Nordeste é banhada pelo Atlântico em toda a extensão de seu litoral, possuindo uma costa marítima de 3.338 quilômetros. Contudo, a maioria dos portos nordestinos apresenta um subaproveitamento em razão de deficiências infraestruturais.

Porém, nos últimos anos, o Governo Federal e os governos estaduais têm estabelecido parcerias no sentido de investir recursos para que os portos da região não sejam gargalos da economia.

Com 1.600 km na Bacia do Rio São Francisco, 850 km no Rio Parnaíba e 1.020 km na baixada maranhense, o Nordeste apresenta um sistema de hidrovias comercialmente viáveis.

No Rio Parnaíba, existe uma eclusa em construção, na barragem de Boa Esperança. O trecho do São Francisco entre as cidades de Pirapora, em Minas Gerais, Juazeiro, na Bahia, e Petrolina, em Pernambuco,) é servido também por uma eclusa, na barragem de Sobradinho.

A Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária (Infraero) tem investido na modernização dos aeroportos, não somente no Nordeste, como também de outras regiões. No caso nordestino, como forma de atender à grande demanda turística e de negócios da região, a Infraero e os governos estaduais estão promovendo reformas, ampliações e privatizações em diversas estações de passageiros.

A segunda região mais populosa do país é a Nordeste, superada apenas pelo Sudeste. Corresponde a cerca de 28% do total de habitantes do país, com uma população de aproximadamente 53.500.965 de habitantes.

A população do nordeste está muito mal distribuída pelo território. Existem áreas de grande concentração populacional e outras praticamente desertas. As mais elevadas densidades demográficas são encontradas na Zona da Mata, que, além de concentrar as principais cidades e capitais de estados, também apresenta o maior número de atividades econômicas, como agricultura comercial e indústrias.

Algumas áreas pontuais do Agreste, onde se pratica a agricultura comercial em pequenas propriedades, e as áreas mais úmidas do Sertão também apresentam altas densidades demográficas.

O Nordeste é a região brasileira com maior índice de população rural, cerca de 26,9% segundo dados do censo de 2011, apesar de ter apresentado um grande aumento da taxa de urbanização no início dos anos 1990.

Migração no Nordeste

O Nordeste sempre apresentou características que o transformaram em uma região de forte repulsão populacional. Entre elas, destacam-se a seca do Sertão, acentuada pela indústria da seca, que vem beneficiando autoridades locais e os grandes latifundiários em detrimento da população mais necessitada,além da grande concentração fundiária e da antiga desigualdade de renda. 

A imigração nordestina foi destaque na dinâmica populacional brasileira devido à grande oferta de empregos nas décadas de 1960,1970 e 1980, principalmente para a região sudeste. Na década de 1990, porém, a maioria dos nordestinos que havia migrado para as grandes cidades continuou a viver em meio à pobreza. 

O ideal Imaginário que se formou em relação à região Sudeste, que prometia uma qualidade de vida melhor, fácil oportunidade de emprego, salários mais altos, entre outros, fez com que muitos nordestinos migrassem para essa região. No entanto, eles acabaram encontrando o contrário, além de sofrerem discriminação no dia a dia.

O movimento tradicional de migração tem-se reduzido até invertido nos últimos anos. Segundo o estudo Nova geoeconomia do emprego no Brasil, da Universidade de Campinas (Unicamp), os estados do Ceará, da Paraíba, de Sergipe e do Rio Grande do Norte receberam mais imigrantes entre 1999 e 2004 do que enviaram imigrantes para outras regiões. 


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