Você sabe qual a importância da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) na economia mundial? E sobre a necessidade mundial do petróleo venezuelano? Confira nesse artigo, que o Estratégia Militares preparou para você, mais informações sobre a matriz energética e as fontes de energia!
Grande parte da produção e do refino do petróleo, bem com da distribuição e da comercialização atual de produtos refinados no mundo, é dominada por oito empresas privadas:
- Norte americanas:
- Exxon;
- Texaco;
- Mobil;
- Amoco; e
- Chevron.
- Anglo-holandesa:
- Royal Dutch / Shell.
- Britânica:
- British Petroleum.
- Russa:
- Lukoil.
Nos anos 1950, em virtude dos acordos que faziam para a divisão do mercado mundial e das estratégias conjuntas que adotavam, as sete primeiras empresas citadas, depois de expandirem suas áreas de atuação internacionalmente, passaram a ser chamadas de “sete irmãs”.
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As “sete irmãs”
Até 1960, as sete irmãs reinavam absolutas no mundo do petróleo, determinando o aumento ou a redução de preços de acordo com suas conveniências. Os principais países exportadores resolveram mudar esse quadro.
A criação da OPEP
Ainda em 1960, por meio do Acordo de Bagdá, foi criada a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), formada atualmente por treze países:
- Arábia Saudita;
- Irã;
- Kuwait;
- Venezuela;
- Iraque;
- Argélia;
- Equador, que havia saído da organização em 1992 e retornou em 2007;
- Gabão;
- Indonésia;
- Líbia;
- Nigéria;
- Catar; e
- Emirados Árabes Unidos.
A OPEP foi se fortalecendo politicamente, no decorrer dos anos 1960, e estabeleceu como objetivos, entre outros, fazer uma política de preços comum e estabelecer cotas de produção, a fim de evitar uma situação de superprodução que acarretaria uma baixa nos preços do petróleo.
O poder político da organização, aliado à enorme importância do petróleo para a sociedade contemporânea e ao fato de, no futuro, esse produto poder se esgotar, contribuiu para que os países-membros passassem a pensar em um aumento de preços.
Esses aumentos nos preços dos barris ocorreram de forma excessiva por duas vezes, quando foram deflagradas as duas grandes crises do petróleo, em 1973 e 1979.
Em 1973, com o pretexto da guerra do Yom Kippur entre árabes e israelenses, o preço do barril de petróleo foi aumentando demasiadamente pelo cartel formado pelos países exportadores.
Em função disso, a maior parte das economias mundiais entrou em um período de recessão a partir de 1974 e, como consequência desse fato, houve uma retração do comércio e da economia internacional.
Os países industrializados subdesenvolvidos foram os mais afetados, pois dependiam da exportação de petróleo. Nesse momento, houve o investimento maciço na busca de novas fontes energéticas.
No segundo choque, em 1979, o preço médio do barril foi elevado novamente em função da paralisação da produção petrolífera no Irã, decorrente da eclosão da Revolução Islâmica liderada pelo aiatolá Khomeini no país.
Em 1990, houve uma nova inquietação no mundo quando as tropas iraquianas invadiram o Kuwait, fazendo com que o preço do barril disparasse. Com a retirada dos iraquianos, no início de 1991, o preço voltou a se estabilizar. Dessa vez, houve mais susto do que choque.
A Venezuela, a OPEP e a crise de petróleo no mundo
A Venezuela, país que há uma década era o maior produtor de petróleo da América Latina, vive nos últimos anos o congelamento da exploração e do refino do produto, visto estar sob sanção dos EUA por conta do regime político em vigor.
Tal sanção tem colaborado com a crise socioeconômica venezuelana. De um dos países mais urbanizados da América Latina, tornou-se um dos mais pobres, com falta de alimentos, combustíveis e o colapso no setor energético, ocasionado pela fuga de grandes indústrias e mão de obra especializada do país.
Se não bastasse o embargo econômico, a atual guerra no oriente europeu, entre Ucrânia e Rússia, tem refletido em todo o mundo, principalmente na Venezuela, à qual, por abrigar imensas jazidas de petróleo inexplorado, busca se aproximar da China na tentativa de aliviar as sanções impostas pelo embargo.
Sanções dos Estados Unidos contra a Venezuela
Desde 2005, a Venezuela é supervisionada pelos EUA, o qual justificava suas ações contra o país latino pelo narcotráfico e a falta de cooperação venezuelana no combate ao terrorismo.
As primeiras sanções aplicadas visava combater atividades relacionadas com o terrorismo, o narcotráfico, o tráfico humano, a corrupção e violação dos direitos humanos por funcionários do alto escalão do governo venezuelano.
Entre 2010 e 2011, os EUA aplicaram novas sanções contra funcionários do governo venezuelano alegando que estes apoiavam materialmente as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) no comércio ilegal de drogas. Dentre os sancionados destacam-se um general, dois políticos, um oficial de inteligência, bem como:
- Hugo Carjaval, ex-diretor da Inteligência Militar;
- Henrique Rangel Silva, diretor da Direcção Nacional de Serviços de Inteligência e Prevenção;
- Ramon Rodrigues Chacín, ex-ministro do Interior;
Em 2014, diante dos intensos protestos em Caracas contra o governo venezuelano, o presidente dos EUA, Barack Obama, sancionou a Lei de Defesa dos Direitos Humanos e da Sociedade Civil da Venezuela, visto as graves violações de direitos humanos cometidos pela polícia e pelo governo para reprimir as manifestações.
Em 2017, Donald Trump, presidente dos EUA, impôs sanções contra a estatal venezuelana de petróleo e gás natural PDVSA, a fim de pressionar Nicolás Maduro a renunciar à Presidência do país. Essa sanção impedia a PDVSA de importar nafta – matéria-prima para o refino do petróleo venezuelano – dos EUA, bem como foi impedida de receber os valores oriundos da exportação de petróleo para os EUA.
O conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, John R. Bolton, estimou que as perdas à economia venezuelana ultrapassariam os $11 bilhões de dólares.
Reaproximação dos EUA e da Venezuela
Diante da atual guerra entre a Rússia e a Ucrânia e da diminuição da produção de petróleo pelos países-membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), o barril de petróleo aumentou consideravelmente o preço no mercado internacional.
Junto a isso, a crise migratória de venezuelanos adentrando ilegalmente nos EUA, fugindo da realidade de seu país, tem levado o governo de Joe Biden, atual presidente dos EUA, a flexibilizar as sanções contra a Venezuela, principalmente relacionadas à exportação de petróleo.
Assim, o governo norte-americano está negociando para que a petrolífera Chevron, última empresa americana produtora de petróleo ainda instalada na Venezuela, retome as exportações para os EUA.
As conversas que ocorrem no México, entre Maduro e os parlamentares de oposição ao seu governo, têm negociado a retomada das exportações em troca de ajuda humanitária à sociedade civil venezuelana.
Qual o papel da Venezuela no mercado internacional de combustíveis?
Perante o mercado mundial de combustíveis, a Venezuela desempenha um importante papel de supridora de petróleo, a qual, desde a imposição do embargo, o valor do barril do petróleo aumentou consideravelmente.
Junto a isso, o conflito entre os principais fornecedores de petróleo – Rússia – e gás natural à Europa – Ucrânia –, elevou demasiadamente o preço do barril.
Tal situação tem levado alguns países europeus e asiáticos a costurarem acordos diplomáticos a fim de incorporarem o petróleo venezuelano ao mercado ocidental. Para se ter ideia da dimensão da produção desse país, em 2019, a Venezuela produzia cerca de 2,5 milhões de barris por dia, mas, atualmente, reduziu-se para cerca de 715 mil barris diários.
Dessa forma, o atual contexto de alto valor do barril, a ameaça de falta de petróleo, a inexatidão sobre o fim da guerra entre Rússia e Ucrânia e a aproximação entre Moscou e Pequim, numa tentativa de encerrarem com a hegemonia econômica norte-americana, tem levado diversos países à reaproximação com a Venezuela.
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Referências
- MAGNOLI, Demétrio – Geografia: paisagem e território: geografia geral e do Brasil – 3ª Ed. Reform. – São Paulo: Moderna, 2001.
- SENE, Eustáquio de. Globalização e espaço geográfico. 1ª ed. São Paulo: Contexto, 2012.
- TERRA, Lygia. ARAÚJO, Regina. GUIMARÃES, Raul Borges. Conexões: estudos de geografia geral e do Brasil: volume único.
- Agência Nacional de Energia Elétrica. Disponível em: https://www.gov.br/aneel/pt-br
- Atual formação da OPEP. Disponível em: https://www12.senado.leg.br/manualdecomunicacao/guia-de-economia/opep#:~:text=Entidade%20criada%20em%201960%20no,Catar%20e%20Emirados%20%C3%81rabes%20Unidos.