Operação Yanomami: saiba mais sobre as aeronaves utilizadas para apoiar os indígenas

Operação Yanomami: saiba mais sobre as aeronaves utilizadas para apoiar os indígenas

A Operação Yanomami é cheia de especificidades, principalmente por utilizar do meio aéreo para que a ajuda alcance os indígenas. Para saber mais sobre a operação e o emprego das aeronaves na região amazônica, confira este artigo, que o Estratégia Militares preparou para você!

A crise humanitária que atinge os indígenas da tribo Yanomami exige o emprego de aeronaves específicas da Força Aérea Brasileira (FAB). Para que os materiais de apoio e o Hospital de Campanha das Forças Armadas (HCAMP) alcancem os índios, são empregados aviões e helicópteros, adaptados para esse tipo de operação.

Onde está localizado o território Yanomami?

Os indígenas estão localizados no estado de Roraima, na região do Surucucu, em plena floresta amazônica, o que torna a operação ainda mais específica. A distância entre Roraima e a região de Surucucu é de 317 km, sendo que não há nenhuma estrada terrestre de ligação direta.

O voo na região amazônica possui características muito peculiares. Visto que a umidade do ar é muito alta, a infraestrutura aeroportuária está restrita às capitais e a algumas cidades estratégicas da região norte do país, como em São Gabriel da Cachoeira (AM), Cruzeiro do Sul (AM), Pacaraima (RR), entre outras.

Características do aeródromo da tribo Yanomami

A região de Surucucu abriga o 4º Pelotão Especial de Fronteira e o Aeródromo de Surucucu (ICAO: SWUQ), o qual possui uma pista de asfalto com cerca de 1067 metros de comprimento por 25 metros de largura, a cerca de 1000 metros de altitude. 

A pista possui uma declividade entre as cabeceiras de 37 metros. Ela não possui áreas de escape, comprometendo a segurança das operações e limitando as aeronaves que podem operar no local.

Quais aeronaves podem operar no Aeródromo de Surucucu?

Dessa forma, a pista não possui homologação em receber o KC-390 Millenium. Tal operação é tão arriscada para aeronaves de maior porte que em 2016, um C-105 Amazonas, mesmo estando habilitado a operar na pista, envolveu-se em um incidente, sem vítimas graves, no qual um dos trens de pouso colapsou e a aeronave saiu da pista.

Uma característica das aeronaves que operam na região amazônica é que, em sua grande maioria, são turboélices. Isso se deve à alta umidade – que reduz a eficiência dos motores a jato -, à facilidade de manutenção e à possibilidade de operar em pistas sem infraestrutura, já que essas aeronaves são mais leves e operam em aeródromos com baixa infraestrutura.

Dessa forma, a aeronave que mais tem sido empregada pela FAB na região é o C-98 Caravan, por sua extrema versatilidade, confiança e robustez. Tais características tornaram essa aeronave como a única aeronave turboélice, homologada pela United States Air Force (USAF) – Força Aérea dos Estados Unidos -, permitida a transportar o presidente dos Estados Unidos.

Características do C-98 Caravan da FAB para a Operação Yanomami

O C-98 Caravan é a aeronave de transporte médio da FAB. Montado sob a estrutura do C208 Grand Caravan, essa aeronave é produzida pela Cessna Aviation – fabricante norte-americana – e utilizada pela FAB desde 1987, principalmente na região amazônica.

O Caravan possui um motor turboélice Pratt & Whitney, Canadá PT6A-114, de 600 SHP. Desenvolve a velocidade máxima de 341 km/h e possui autonomia de 2.066 km (a 10.000ft).

Na região amazônica, é operado pelo 7º Esquadrão de Transporte e Aéreo “Cobra” (7º ETA) e pelo Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo (CINDACTA III). Na Operação Yanomami, o Caravan já transportou mais de 40 toneladas de suprimentos para a região indígena.

C-98 Caravan da FAB
Divulgação: Flickr / FAB

Características do C-105 Amazonas da FAB para a Operação Yanomami

Os C-105 Amazonas da FAB são algumas das aquisições mais recentes da FAB, sendo a última recebida em 2020. Introduzidos no serviço ativo em 2007, eles substituíram o antigo C-115 Búfalo, que era empregado na região amazônica.

Desenvolvido e fabricado pela Airbus Military com finalidade puramente militar, o EADS CASA C-295M – ou C-105 na FAB – é uma aeronave turboélice bimotor, dotado de asa alta e rampa de carga traseira. 

Possui 2 motores turboélices Pratt & Whitney Canada PW127G de 2.645 SHP de empuxo. Desenvolve uma velocidade de cruzeiro de 474 km/h com alcance de 1.455 km com carga máxima, 2.150 km com 8.000 kg de carga, 4.167 km com 6.000 kg de carga ou 4.969 km com 4.000 kg de carga.

C105 Amazonas da FAB
Divulgação: Flickr / FAB

Características do KC-390 da FAB para a Operação Yanomami

O KC-390 Millennium é o maior avião de emprego essencialmente militar do hemisfério sul. Desenvolvido pela brasileira Embraer, a aeronave voa mais rápido e transporta mais carga do que qualquer outro cargueiro militar da mesma categoria. Ele é o meio ideal para operações táticas, estratégicas e de ajuda humanitária.

O avião possui dois motores turbofan Pratt & Whitney IAE V2500. Eles permitem ao cargueiro alcançar a velocidade máxima de 870 km/h e pode voar em uma altitude de 36.000 ft, aproximadamente 11 mil metros. Caso esteja com a carga máxima de cerca de 26 toneladas, tem autonomia de aproximadamente 3 mil quilômetros.

Por suas dimensões, peso e baixa infraestrutura do aeródromo de Surucucu, o KC-390 Millennium não pousa na pista do aeródromo. Contudo, efetua o lançamento dos suprimentos pela sua rampa de carga traseira.

Interior KC-390 Millenium FAB
Divulgação: Flickr / FAB

Características do H-60L Black Hawk da FAB para a Operação Yanomami

O Sikorsky UH-60 Black Hawk, batizado na FAB como H-60L Black Hawk, é fabricado nos Estados Unidos e tem o papel fundamental na Operação Yanomami: o transporte das equipes médicas, a equipe de segurança e defesa e a de suprimentos.

Com o Black Hawk, a FAB tem conseguido levar alimento para comunidades indígenas ainda mais isoladas na floresta amazônica, que estão distantes da região de Surucucu. Por não necessitar de uma grande área para pouso e decolagem, o helicóptero é a espinha dorsal na operação logística, bem como nas evacuações aeromédicas.

O Black Hawk possui dois motores turboshafts General Electric T70D-GE-701C, com potência de 1890 hp. Desenvolve a velocidade máxima de 295 km/h e possui o alcance máximo de 2220 km.

Divulgação: Flickr / FAB

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