Os sonhos e dificuldades da ‘economia dos criadores’
Camilo Rocha/01 de mai de 2021 (atualizado 01/05/2021 às 22h18)
Cenário onde profissionais ou amadores tentam ganhar a vida postando conteúdo em plataformas como Twitch, TikTok e OnlyFans se aqueceu na pandemia, mas o trabalho é duro e as possibilidades, limitadas
O termo “economia dos criadores” vem sendo usado nos últimos anos para se referir a um cenário onde indivíduos profissionais ou amadores produzem conteúdos na internet na esperança de serem patrocinados por marcas ou apreciadores.
São dançarinos, atores, professores, jornalistas, gamers, humoristas, esportistas, músicos, influenciadores ou até pessoas comuns jogando conversa fora ou fazendo brincadeiras. Seus conteúdos incluem de vídeos a fotos, de newsletters a cursos. Nesse contexto, o termo “criador”, que tem sabor de marketagem do Vale do Silício, se torna um guarda-chuva amplo e de sentido esvaziado.
Mas a internet não foi sempre uma terra onde usuários geram conteúdo e sonham ganhar por ele? Youtubers, blogueiros e influenciadores de Instagram existem há bastante tempo, sendo que muitos se tornaram pessoas bem- sucedidas financeiramente.
“Essa expressão não representa uma coisa nova, ela é um desdobramento da forma como o conteúdo circula na internet há algum tempo”, afirmou ao Nexo Bruno Nogueira, doutor em comunicação e cultura contemporânea e professor nos cursos de Comunicação da UFPE (Universidade Federal de
Pernambuco).
O que diferencia o momento mais recente, de acordo com Nogueira, é que o acesso a ferramentas para produzir conteúdo é maior, levando as pessoas a “produzir em abundância”. Nessa realidade, o modelo do influenciador de redes sociais de sucesso se tornou uma inspiração.
A década de 2010 presenciou o crescimento exponencial em todo o mundo de diversos indicadores, como posse de smartphones, acesso à internet, velocidade de conexão e adesão a redes sociais. “Antes, o MySpace tinha um limite de músicas que você podia colocar, o Flickr tinha um limite de fotos. O Fotolog chegou a permitir apenas uma foto por dia”, afirmou Nogueira. Nas plataformas atuais, os limites são muito mais amplos. No Twitch, um usuário pode manter uma transmissão em vídeo por até 48 horas.
Há também um fator geracional que aponta para uma relação diferente com a internet, menos espectadora. De acordo com um relatório da consultoria JWT Intelligence, 56% de pessoas da chamada “geração Z” (pessoas nascidas entre a segunda metade dos anos 1990 até o início do ano 2010) usam aplicativos de redes sociais para se “expressar criativamente".
Nos últimos anos, uma série de aplicativos como TikTok, OnlyFans, Cameo e Substack se projetou como opções para criadores de diversos tipos. Mais antigo, o Twitch, que era usado principalmente pela comunidade gamer, ampliou recentemente seu escopo de usuários para atrair conteúdo de música, talk shows e gastronomia, entre outros.
Nessas plataformas, produzir e postar o conteúdo é extremamente simples. Elas também se vendem como facilitadoras da monetização do conteúdo de criadores por meio de recursos que podem incluir assinaturas, “gorjetas virtuais”, doações, venda de produtos e apoio de marcas.
(Disponível em: nexojornal.com.br. Fragmento.)
Assinale a alternativa em que há vírgula utilizada para marcar a zeugma do verbo.