A Missão Médica Brasileira na Primeira Guerra Mundial

Por Estratégia Militares

A Missão médica brasileira em Paris foi a prova de que o Brasil participou ativamente da Primeira Guerra Mundial. No dia 18 de agosto de 1917, partiu para Paris o navio contendo médicos, enfermeiros, farmacêuticos e militares brasileiros para a Primeira Guerra Mundial. A delegação só não contava com um grande problema: a gripe espanhola.

Mesmo tão distante do território europeu, as consequências do conflito alcançaram os países no continente americano. O Brasil era um grande exportador de café e a guerra provocou uma grande oscilação nas exportações, com efeitos negativos para a economia brasileira. Dois fatos acabaram motivando a entrada do país no conflito:

Panorama da época

O primeiro, foi motivado pela Inglaterra, principal consumidor do café brasileiro, que proibiu a sua importação sob a alegação de que os espaços dos navios mercantes deveriam ser destinados a produtos mais essenciais e vitais, como alimentos, armas e medicamentos;

O segundo, foi a Alemanha ter autorizado o torpedeamento de qualquer navio – mesmo os de países neutros – que penetrassem nas zonas de bloqueio

Isso resultou no torpedeamento do navio Paraná, em 5 de abril de 1917, um dos maiores da marinha mercante brasileira. Ele foi atacado por um submarino alemão a poucas milhas do Cabo Barfleur, na França. Posteriormente, o governo brasileiro confiscou 45 navios alemães que estavam em portos brasileiros, sob o argumento de servirem como indenização de guerra.

A criação do Hospital Franco-brasileiro em Paris

personalidades brasileiras de grande influência política na época se revoltaram. Dentre eles, Ruy Barbosa, advogado de formação e senador. Ele associou-se ao movimento destinado a criticar a neutralidade do governo brasileiro, chamado de Liga Brasileira pelos Aliados.

A direção da instituição foi entregue ao Dr. Paulo da Silva Paranhos, filho do Barão do Rio Branco, o qual possuía dupla nacionalidade e morava em Paris na época. A Missão Médica teve a participação de 86 médicos, número inferior aos mais de 200 voluntários que se candidataram a servir ao país na França.

A missão médica brasileira e a gripe espanhola

Enquanto a missão médica se deslocava em direção à Europa, o navio foi infectado pelo vírus da gripe espanhola. A epidemia fez várias vítimas fatais. Dentre eles, soldados senegaleses que haviam embarcado no navio em Dakar, no Marrocos, além de quatro médicos da Missão Médica.

Mortes

As estimativas levantadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) calculam entre 40 a 50 milhões de mortes causadas pela gripe espanhola. Somente na Primeira Guerra, cerca de 15 milhões de combatentes faleceram pela doença. No Brasil, a epidemia provocou a morte de 300 mil pessoas. Entre elas o Presidente eleito Rodrigues Alves, que não chegou a ser empossado.

Ao chegarem na França, que estava vivendo o auge da epidemia da gripe espanhola, a maior parte dos médicos brasileiros foram distribuídos entre as várias províncias que compõem o estado francês para tratarem não só os feridos de guerra, mas também os infectados pelo vírus.

Isso foi feito para que os profissionais pudessem entrar em contato com as linhas de frente do combate e, assim, se familiarizarem com as técnicas médico-cirúrgicas empregadas pelos franceses e, posteriormente, poderem aplicá-las no Hospital Brasileiro em Paris.

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Web Stories: Pedro Alcantara Textos: Vinícius Brigolini Imagens: Foto: Centro de Memória de Medicina de MG/Divulgação / Edésio Ferreira/EM/DA Press / Acervo Museu do Café / GETTY IMAGES