Você sabia que a primeira base de lançamentos de foguetes do Brasil e de toda a América do Sul fica no Rio Grande do Norte? O Centro de Lançamento da Barreira do Inferno marcou o início da nossa trajetória aeroespacial e foi palco de operações históricas, como os lançamentos da série Sonda. Confira a matéria completa no Estratégia Militares.
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Fundação e importância histórica
Inaugurado em 12 de outubro de 1965, o Centro de Lançamento da Barreira do Inferno (CLBI) foi a primeira base de lançamentos de foguetes do Brasil e de toda a América do Sul. Localizado em Natal (RN), o centro nasceu para impulsionar pesquisas científicas, testes tecnológicos e apoiar o desenvolvimento espacial nacional.
O nome marcante se deu por conta das falésias avermelhadas da região, que lembravam uma “barreira de fogo” quando vistas do mar ao pôr do sol.
Desde sua criação, a Barreira do Inferno se consolidou como palco de importantes lançamentos de foguetes e missões de pesquisa, atraindo também o interesse de visitantes curiosos sobre a história espacial do país.
Com o passar do tempo, o local ganhou relevância não apenas científica, mas também turística. Hoje, por meio de visitas guiadas, o público pode conhecer de perto a trajetória do centro, observar equipamentos utilizados em operações e compreender melhor o desenvolvimento do programa aeroespacial brasileiro.
O CLBI é uma organização militar subordinada à Força Aérea Brasileira (FAB). Ele faz parte do Sistema Nacional de Desenvolvimento das Atividades Espaciais (SINDAE), que é coordenado pela Agência Espacial Brasileira (AEB).
Série Sonda
A Série Sonda foi um conjunto de veículos experimentais desenvolvidos pelo Instituto de Aeronáutica e Espaço (IAE) entre as décadas de 1960 e 1980. Esses foguetes foram responsáveis por formar a base científica, técnica e operacional que sustentaria todo o programa espacial nacional.

O primeiro deles, o Sonda I, marcou em 1965 o início das operações de sondagem atmosférica no país. Logo depois veio o Sonda II, que ampliou o alcance dos experimentos e posicionou o Brasil no cenário internacional da pesquisa de alta atmosfera.
O maior salto, porém, viria com o Sonda III, lançado diversas vezes a partir do CLBI. Com dois estágios e capacidade de atingir altitudes superiores a 600 quilômetros, ele se tornou símbolo do auge tecnológico brasileiro na época. Suas missões permitiram estudos atmosféricos avançados, testes de novos materiais e experimentos de física espacial, assim consolidando o CLBI como centro estratégico para operações de alta complexidade.
A série se encerraria com o Sonda IV nos anos 1980. Um foguete mais robusto e complexo, considerado o elo entre os projetos de sondagem e o futuro Veículo Lançador de Satélites (VLS).
Ao todo, a Série Sonda representou o amadurecimento do conhecimento brasileiro em propulsão, aerodinâmica e sistemas de voo, abrindo caminho para ambições maiores dentro da área espacial.
A última vez que o CLBI foi usado
O CLBI segue ativo. Sua utilização mais recente para lançamentos ocorreu em 29 de novembro de 2024, quando o foguete VS-30 V15 foi disparado durante a “Operação Potiguar”. A missão representou a retomada de lançamentos suborbitais e demonstrou que a base permanece operacional e estratégica.
Papel atual e relevância
Embora os lançamentos de maior porte hoje aconteçam principalmente no Centro de Lançamento de Alcântara (MA), o CLBI mantém funções essenciais:
- operações de rastreamento;
- suporte técnico a missões aeroespaciais;
- lançamentos suborbitais;
- treinamento de equipes;
- segurança e controle de tráfego espacial no litoral nordestino.
Com quase 60 anos de atividades contínuas, o CLBI segue sendo um símbolo do início da presença brasileira no espaço, um marco histórico que preserva a memória dos primeiros lançamentos nacionais e mostra como o Brasil deu seus passos iniciais rumo à era espacial.



