O Gongorismo e o Quevedismo são estilos literários que surgiram durante o período barroco na Europa, embora sejam conhecidos por outros nomes na literatura brasileira. Para saber mais sobre a suas características e seus elementos, continue lendo este artigo, que o Estratégia Militares preparou pra você!
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O que é o Gongorismo?
O Cultismo, ou Gongorismo, refere-se a um estilo literário que surgiu durante o período barroco em Portugal.
O conhecimento do mundo, do ponto de vista do Gongorismo, deve ser transmitido por meio da linguagem culta altamente estilizada e rebuscada, jogos de palavras e predominância dos sentidos sobre o raciocínio lógico. Nesse quesito, há forte presença de impressões sensoriais na descrição do mundo.
Entre os escritores que empregaram o estilo cultismo estão poetas como Luís de Camões e Gregório de Matos. Este estilo contrastava com a linguagem mais simples e direta do estilo conceptismo, também presente durante o período barroco.
O cultismo é também chamado de Gongorismo pela forte influência do poeta espanhol Luís de Gôngora. Como exemplo aplicado a um poema, temos o seguinte excerto de Gregório de Matos:
O todo sem a parte não é todo, A parte sem o todo não é parte, Mas se a parte o faz todo, sendo parte, Não se diga, que é parte, sendo todo. Em todo o Sacramento está Deus todo, E todo assiste inteiro em qualquer parte, E feito em partes todo em toda a parte, Em qualquer parte sempre fica o todo. Gregório de Matos
O que é Quevedismo?
Outro estilo artístico desse período é o Conceitismo, também chamado de Quevedismo, que consiste no uso de jogo de ideias e na predominância do pensamento lógico sobre os sentidos.
Assim, seus principais recursos residem na aprimorada lógica formal, com a utilização de sofismas e silogismos.
Antonio de Quevedo foi o poeta espanhol que inspirou tal concepção, daí o nome alternativo para este recurso. Veja tais características na seguinte passagem de um poema de Gregório de Matos:
Mui grande é vosso amor, e meu delito, Porém pode ter fim todo o pecar, E não o vosso amor, que é infinito. Esta razão me obriga a confiar, Que por mais que pequei, neste conflito Espero em vosso amor de me salvar. Gregório de Matos, Antologia poética
Resumindo, nos textos literários produzidos neste período estão nítidas as seguintes características:
- Uso de contraste, traduzidos por figuras de linguagem como antíteses e paradoxos;
- Pessimismo, que é o conflito entre o eu e o mundo;
- Presença de impressões sensoriais;
- Preocupação com a transitoriedade da vida;
- Linguagem rebuscada, excessivamente trabalhada;
- Tentativa de conciliação entre a religiosidade e o racionalismo; e
- Intensidade, muitas vezes expressa pela hipérbole, figura de linguagem que traduz o exagero.
Recursos da linguagem literária
Para melhor compreender o que os autores do período barroco queriam transmitir aos seus leitores, é necessário retomar alguns conceitos para melhor compreensão da técnica de escrita barroca.
Como é a aplicação da gradação em textos literários?
A gradação é a sequência de termos que apresenta uma progressão por graus sucessivos crescente ou decrescente de significação. Um dos mais conhecidos sonetos líricos de Gregório de Matos termina com este terceto:
" Oh Não aguardes, que armadura idade Te converter essa flor, essa beleza Em terra, cinza, pó, em sombra, em nada ".
É possível perceber uma progressão de ideias que vai desde a primeira palavra, “terra”, à última, “nada”, com as ideias intermediárias no meio.
Em um de seus sermões, o Padre Antônio Vieira dirige-se a Deus por meio desta gradação: “ matai-me, consumi-me, enterrai-me “.
Como é a aplicação da hipérbole em textos literários?
Hipérbole é a figura de retórica que aumenta ou diminui exageradamente a verdade dos fatos. Hipérbole é um recurso de convencimento, de persuasão, uma forma de impressionar o receptor. O último verso desta estrofe de Gregório de Matos traz uma hipérbole:
" A cada canto um grande conselheiro, que nos quer governar cabana, e vinha, não sabe governar sua cozinha, e podem governar o mundo inteiro"
No trecho, o autor não tem a pretensão literal de reputar aos governantes criticados na estrofe o governo do mundo inteiro. É certo que somente aquela área sob sua jurisdição será afetada.
Como é a aplicação da ironia em textos literários?
Ironia é a forma de expressão que consiste em dizer o contrário do que as palavras significam. O seguinte trecho do ” sermão pelo bom sucesso das armas de Portugal contra as de Holanda ” é uma atrevida sequência de ironias endereçadas ao próprio Deus:
"Abrasai, destruí, consumi-nos a todos; mas pode ser que algum dia queirais espanhóis e portugueses, e que os não acheis. Holanda vos dará os apostólicos conquistadores, que levem pelo mundo os estandartes da cruz; Holanda vos dará os pregadores evangélicos, que semeiem nas terras dos bárbaros a doutrina católica e a reguem com o próprio sangue".
A ironia é mais fácil de ser percebida na presença viva do falante, pelos traços faciais e pela entonação da voz. É fácil imaginar o tom de voz do padre Antônio Vieira quando pronunciou o citado trecho do sermão diante dos fiéis na Bahia no século XVII.
Um dos maiores cultores da ironia na literatura brasileira foi Machado de Assis. No primeiro capítulo de Memórias Póstumas de Brás Cubas, após relatar o discurso de um dos amigos à beira de sua própria cova, o narrador comenta seu próprio enterro – pois é um “defunto-narrador” – Brás Cubas vale da ferina ironia:
"Bom e fiel amigo! Não, não me arrependo das 20 apólices que lhe deixei ".
Como é a aplicação da elipse em textos literários?
Trata-se da omissão de uma palavra ou expressão que podem ser facilmente subentendidas, sem prejudicar a natureza do sentido.
Na seguintes frases do “Sermão do Mandato”, do Padre Antônio Vieira, há mais de uma elipse:
"Se perguntarmos imaginação de Jacó por quem servia, responderá que por Raquel ".
São três elipses:
- A do pronome “nós”, pressuposto na forma verbal “perguntarmos”;
- Do pronome “Jacó” antes da forma verbal “responderá “; e
- Da forma verbal “servia” antes de “por Raquel”.
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