A poesia foi um dos grandes meios de divulgação das criações dos escritores românticos brasileiros. Para saber mais sobre a poesia romântica, confira o artigo que o Estratégia Militares preparou para você!
A linguagem dos textos românticos é caracterizada pela liberdade formal. Essa perspectiva é distintiva em relação aos modelos poéticos comumente empregados na literatura neoclássica, como os rigorosos esquemas de metrificação e rima.
Os escritores românticos assumiram, então, a tarefa de criar uma linguagem, de fato, nova, mais simples, que se identificasse com um público consumidor heterogêneo.
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Do classicismo ao romantismo
Se no classicismo o público leitor era bastante restrito, no romantismo ele se tornou mais amplo, mais diversificado, devido à elevação do poder aquisitivo da classe média e ao sistema de produção em escala comercial.
Esse cenário alterou significativamente a relação entre artistas e leitores. Os autores começaram a perceber que era possível ganhar dinheiro e garantir sua sobrevivência com a venda de suas obras. Preocupados em atender ao gosto dos leitores, os escritores adotaram uma linguagem simples e criaram histórias divertidas sobre heroínas, amores proibidos e finais felizes.
Características dos textos da literatura romântica
Outro aspecto interessante é que muitos escritores românticos, para reforçar o caráter emotivo e espontâneo de seus textos, empregavam – de forma reiterada – reticências, exclamações e interrogações.
Somada ao uso dessa pontuação, há também uma adjetivação excessiva, a fim de assegurar, entre outras coisas, o arrebatamento sentimental que caracteriza o olhar romântico acerca da realidade.
Gonçalves Dias e sua literatura romântica
No poema “Rola”, do poeta maranhense Gonçalves Dias, é possível perceber algumas características da linguagem adotada pelos escritores da primeira metade do século XIX.
Nos versos, a voz poética feminina aborda sua paixão arrebatadora por meio de uma linguagem simples e despojada para aquela época. O erotismo é explicitado ao longo de todo o poema e se mostra mais intenso no emprego anafórico do vocábulo “vem”, que demarca o convite e a súplica do eu poético em relação à presença do amante.
Além disso, as exclamações reiteradas demarcam o intenso desejo amoroso-sexual que consome o eu lírico naquele instante.
É importante também observar que os versos, construídos em redondilha maior (sete sílabas poéticas), contribuem para as marcas de oralidade presentes no poema.
A linguagem com a qual esse poema foi elaborado acentua a simplicidade, a qual, em tantos casos, tangenciou a oralidade, presente em muitas obras produzidas pelos escritores românticos. Veja o poema abaixo:
Rola Dês que amor me deu que eu lesse Nos teus olhos minha sina, Ando, como a peregrina Rola, que o esposo perdeu! Seja noite ou seja dia, Eu te procuro constante: Vem, oh! vem, ó meu amante, Tua sou e tu és meu! Vem, oh! vem, que por ti clamo; Vem contentar meus desejos, Vem fartar-me com teus beijos, Vem saciar-me de amor! Amo-te, quero-te, adoro-te, Abraso-me quando em ti penso, E em fogo voraz, intenso, Anseio louca de amor! Vem, que te chamo e te aguardo, Vem apertar-me em teus braços, Estreitar-me em doces laços, Vem pousar no peito meu! Que, se amor me deu que eu lesse Nos teus olhos minha sina, Ando, como a peregrina Rola, que o esposo perdeu. DIAS, A. Gonçalves. Disponível em: https://poesia.fandom.com/pt/wiki/Rola.
A poesia no romantismo brasileiro
No dia 07 de setembro de 1822, o Brasil conquistou oficialmente sua independência política de Portugal. A partir desse momento, os intelectuais brasileiros passaram a valorizar e a divulgar as riquezas do país recém-liberto a fim de fomentar o orgulho de ser brasileiro.
Nesse contexto, coube aos artistas românticos a responsabilidade de criar a arte autenticamente nacional, capaz de expressar as peculiaridades do novo país e divulgar os símbolos que formavam a identidade brasileira.
É importante destacar que historiadores da literatura dividem o romantismo brasiliero em três fases ou gerações. Essa divisão, no entanto, é apenas utilizada para a poesia. Os textos em prosa produzidos nessa época receberam outra classificação.
O ufanismo romântico e o resgate das raízes históricas
A história do romantismo brasiliero se mistura com a história política nacional da primeira metade do século XIX. Isso porque, com a independência política do país, em 1822, intelectuais e artistas buscaram promover a emancipação cultural do Brasil, construindo uma arte genuinamente nacional, que carregaria marcas típicas da brasilidade.
Esses românticos, então, dedicaram-se ao projeto de elaborar e divulgar, por meio da arte, uma cultura brasileira intimamente ligada às origens históricas, linguísticas e culturais da nação.
O romantismo brasileiro, portanto, assumiu uma roupagem anticolonialista, lusofóbica e, sobretudo, nacionalista.
Os artistas da época, cativados por um sentimento ufanista, assumiram a tarefa de produzir obras que apresentariam a brasileiros e estrangeiros as riquezas, belezas e exuberâncias do novo país independente.
Nesse contexto, o índio e a natureza local foram eleitos emblemas representativos nacionais e, como tais, estiveram presentes em inúmeras produções artísticas que tentaram delinear os aspectos que formavam a identidade nacional.
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