A Coreia do Sul atravessa uma grande crise política ocasionada pela decretação da Lei Marcial pelo presidente do país e a imediata revogação da medida pelo parlamento. Para saber mais, confira esse artigo que o Estratégia Militares preparou para você!
Os parlamentares da Coreia do Sul revogaram no dia 3 de dezembro, madrugada de quarta-feira em Seul, o decreto de lei marcial anunciado horas antes pelo presidente Yoon Suk Yeol. A medida, que foi justificada pelo presidente como necessária para combater “elementos antiestado” e proteger o país de ameaças comunistas, gerou forte reação política e social.
O decreto, declarado após confrontos entre manifestantes e forças de segurança na Assembleia Nacional, dava amplos poderes às autoridades militares e suspendia a autoridade civil. No entanto, a rápida votação no Parlamento forçou o presidente Yoon a recuar e revogar a medida ainda na madrugada, segundo a agência pública Yonhap.
Após o revés, Yoon reuniu seu gabinete e viu sua base de apoio político se desintegrar. O ministro da Defesa, Kim Yong-hyun, que também enfrentava pedidos de impeachment, apresentou sua renúncia, seguido pelo chefe de gabinete, o conselheiro de segurança nacional e o diretor de política nacional.
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Lei marcial e a crise na Coreia do Sul
A crise ocorre em um momento de fragilidade política para o presidente, que enfrenta dificuldades para aprovar leis na Assembleia Nacional após a derrota de seu partido nas eleições de abril.
A oposição planeja votar uma moção de impeachment contra Yoon. Para que a moção seja aprovada, são necessários 200 dos 300 votos parlamentares. Caso isso ocorra, o presidente será julgado por um tribunal constitucional, onde seis dos nove juízes precisam votar a favor de sua remoção.
A decisão de Yoon de decretar a lei marcial foi amplamente criticada, inclusive por aliados políticos. O episódio é visto como um dos maiores desafios enfrentados pela democracia sul-coreana desde o fim da ditadura militar em 1987.
Especialistas apontam que a medida aprofundou o isolamento político do presidente e expôs divisões em uma sociedade que se orgulha de sua transição para uma democracia moderna e próspera.
Analistas alertam que a crise pode ter implicações duradouras para a estabilidade política e para as instituições do país. Enquanto isso, a população sul-coreana acompanha os desdobramentos com preocupação, diante de um cenário político que ameaça os alicerces democráticos construídos nas últimas décadas.
A crise política de Yoon Suk Yeol
A crise política enfrentada pelo presidente sul-coreano Yoon Suk Yeol é resultado de uma combinação de fatores que evidenciam sua fragilidade política e a perda de apoio popular.
Desde o início de seu mandato, Yoon enfrentou um cenário adverso, com dificuldades para avançar sua agenda legislativa em um Parlamento controlado pela oposição. Incapaz de construir consensos, sua gestão foi marcada por vetos sistemáticos e uma crescente desconexão entre suas propostas e as demandas da população.
Os escândalos envolvendo sua administração agravaram ainda mais a situação. Alegações de corrupção e tráfico de influência, inclusive relacionadas à primeira-dama, alimentaram a percepção pública de um governo marcado por falta de ética e transparência.
Essa crise de confiança não se limitou à oposição. Setores do próprio partido de Yoon passaram a questionar suas decisões, aprofundando seu isolamento político.
A declaração de lei marcial foi um ponto de inflexão que expôs não apenas a fragilidade de sua liderança, mas também a incapacidade de encontrar soluções políticas dentro dos limites democráticos.
Justificada pelo presidente como uma resposta a ameaças internas, a medida foi amplamente criticada como autoritária e precipitada, gerando uma rejeição quase unânime no Parlamento. Em vez de restaurar sua autoridade, a decisão consolidou movimentos para seu impeachment e ampliou o descontentamento popular.
O episódio destaca os problemas na política sul-coreana, como a dificuldade de governar em um cenário de polarização extrema e a necessidade de fortalecer mecanismos de diálogo entre governo e oposição.
Quem é Yoon Suk Yeol?
Yoon Suk Yeol, presidente da Coreia do Sul desde 2022, vive atualmente uma crise política que ameaça encerrar precocemente seu mandato.
Embora tenha ascendido ao poder com uma reputação de integridade construída durante 27 anos como promotor público, incluindo sua atuação decisiva no impeachment da ex-presidente Park Geun-hye, Yoon enfrenta acusações de má administração, autoritarismo e controversos episódios que abalaram sua popularidade.
Inicialmente, Yoon se destacou como um cruzado contra a corrupção. Sua carreira como promotor o levou a se tornar procurador-geral da Coreia do Sul em 2019, período em que ganhou notoriedade ao processar figuras de alto escalão, incluindo aliados do governo anterior.
Essa postura rígida lhe rendeu apoio de eleitores que buscavam uma liderança firme. Contudo, ao assumir a presidência após uma eleição apertada contra Lee Jae-myung, Yoon enfrentou um cenário de polarização política e uma oposição controlando o Parlamento, o que tornou difícil a implementação de sua agenda.
Polêmicas envolvendo a administração de Yoon
Desde o início de sua gestão, Yoon adotou posições polêmicas. Autodeclarado antifeminista, ele prometeu abolir o Ministério da Igualdade de Gênero, argumentando que as mulheres sul-coreanas não enfrentam discriminação sistêmica, uma afirmação amplamente contestada.
Além disso, sua abordagem dura contra a Coreia do Norte, em contraste com as tentativas de diálogo promovidas por seu antecessor Moon Jae-in, alienou setores que defendiam uma política externa mais conciliadora.
Seus problemas foram agravados por escândalos envolvendo sua esposa, Kim Keon-hee, acusada de aceitar presentes ilegais, e pela percepção de favoritismo na nomeação de aliados próximos para cargos estratégicos.
Essas controvérsias, somadas a dificuldades econômicas, aumento do custo de vida e incapacidade de aprovar políticas significativas, fizeram com que sua aprovação caísse drasticamente.
O ápice da crise ocorreu com a declaração de lei marcial, vista como um movimento desesperado para conter protestos e reafirmar sua autoridade. A medida foi rejeitada tanto pela oposição quanto por membros do próprio partido de Yoon, marcando um ponto de ruptura em seu governo.
A decisão, descrita como “ilegal” por lideranças conservadoras, resultou em uma moção parlamentar para revogar a medida e fortaleceu movimentos por seu impeachment.
Yoon Suk Yeol, outrora visto como um símbolo de combate à corrupção, agora enfrenta críticas por supostos traços autoritários e gestão inepta. Em um país que valoriza sua transição democrática, a situação de Yoon demonstra a polarização política na qual a Coreia do Sul está mergulhando.
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