A todo momento, mais ou menos um milhão de pessoas se encontram reclinadas em poltronas confortáveis que estão milhares de quilômetros acima da superfície do planeta. O sucesso da aviação comercial é enorme. Há não muito tempo, viajar pelos céus era uma aventura arriscada e raríssima. Agora, dificilmente provoca surpresa: embarcamos como sonâmbulos, e só ficamos alertas se algo quebrar nossa expectativa de conforto em poltronas reclináveis, com refeições e, dependendo da viagem, até filmes para assistir.
Num de seus números, o comediante Louis C.K. expressa perplexidade diante da forma como os viajantes perderam o encanto pelo voo comercial. Ele imita um passageiro se queixando:
“E aí embarcamos no avião e nos fizeram ficar parados na pista durante quarenta minutos. Tivemos de ficar lá esperando.” A resposta de Louis ao passageiro: “É mesmo?! E oque aconteceu depois? Você voou pelos ares, de forma inacreditável, como um pássaro? Você participou da experiência milagrosa do voo humano, seu zero à esquerda?” Ele volta a atenção para as pessoas que reclamam dos atrasos. “Atrasos? É mesmo? De Nova York à Califórnia em cinco horas. Antes levava trinta anos. E você ainda morria no caminho.” Louis relembra seu primeiro voo com Wi-fi, em 2009, assim que a tecnologia foi implantada. “Estou sentado no avião e eles começam: ‘Abra seu laptop, você pode entrar na internet.’ E é rápida, assisti a vídeos no YouTube. É incrível: estou num avião!” Mas minutos depois a conexão cai. O passageiro ao lado de Louis se zanga e exclama: “Isto é um absurdo!” Louis comenta: “Quer dizer, olha a rapidez com que o mundo passa a lhe dever uma coisa que ele só descobriu que existia alguns segundos atrás.”
Sim, é muito rápido. O novo logo se torna o normal. Basta pensar em como os smartphones nos parecem triviais agora —mas não faz tanto tempo assim que fichas retiniam em nossos bolsos, caçávamos cabines telefônicas, tentávamos coordenar pontos de encontro e perdíamos compromissos por causa de erros de planejamento. Os smartphones revolucionaram nossa comunicação, mas as novas tecnologias se tornam básicas, universais e invisíveis a nossos olhos.
(Como o cérebro cria: o poder da criatividade humana para transformar o mundo. David Eagleman e Abthony Brandt)
Assinale, a seguir, a alternativa em que há um termo que desempenha a mesma função do destacado em “A todo momento, mais ou menos um milhão de pessoas se encontram reclinadas em poltronas confortáveis que estão milhares de quilômetros acima da superfície do planeta”.