O povo, o povão e o povinho
Mais difícil do que explicar aqui na Alemanha que no Brasil há cidades onde faz frio, geia e até pode nevar no inverno, é explicar o sentido da palavra “povão”. O impasse se deu numa aula na universidade. Começa que a palavra “Volk”, em alemão, tem um sentido muito diferente da nossa palavra “povo” no Brasil. Aquela está muito mais próxima de conotar algo referente ao conceito romântico de “caráter nacional” do que a nossa, que tem uma aproximação maior com uma ideia de “todo mundo”. “Povão” então nem se fala.
Conversa daqui, conversa dali, chegou-se à palavra alemã “Pöbel”, que quer dizer “plebe”. Daí a discussão ganhou um novo rumo: “plebe” tem uma conotação pejorativa muito forte, tanto em alemão quanto em português, palavra que remonta a um mundo controlado ou da forma como é visto por uma aristocracia, seja de linhagem, grana ou espírito. “Povão” não, nem sempre é pejorativo, aliás, na maioria das vezes não é, conota força, presença, independência, pressão. Daí a dificuldade é explicar que a palavra “povinho” é que em geral é pejorativa, pois o diminutivo “inho”, para o estrangeiro, assim como para nós, é quase sempre associado a carinho e afeto.
(www.cartamaior.com.br. 29.01.2008. Adaptado)
Segundo o texto,