A utilidade da expressão escrita para o Oficial de Mar!
A escrita é, sem dúvida alguma, a mais difícil forma de expressão, pois não inclui outros recursos, como a expressão facial, o olhar e os gestos, que constituem suporte necessário para tornar a comunicação mais eficiente.
O domínio da expressão escrita pressupõe, também, a aquisição anterior de conhecimentos gramaticais, além de um manejo criativo no arranjo das palavras, para dar um toque de beleza à redação, o que constitui o estilo da escrita.
Como em qualquer arte, é preciso muita criatividade para adquirir um estilo próprio de escrita, por isso, somente um pequeno número de pessoas são privilegiadas nesta tarefa.
No entanto, o que as situações comuns de vida exige é o uso da expressão escrita de tal forma que a comunicação se faça de maneira adequada, respeitando-se as normas da língua.
Escrever bem consiste em utilizar a linguagem de forma correta, clara e precisa, isto é, transmitir ideias de modo que não haja qualquer dúvida na compreensão da mensagem.
Desde o início da carreira, é o Oficial preparado para assumir responsabilidades. Surge, para ele, um destes momentos, quando, em meio a suas múltiplas tarefas, deve fazer uso da palavra escrita, seja para comunicar, seja para configurar uma ação, uma decisão, uma providência. Mas, para que isso aconteça, deve trabalhar a mensagem, dar sentido à palavra, para que sua comunicação atinja o alvo.
É preciso que se descubra sempre mais acerca do poder que reside na língua, porque é um grande fator de persuasão. Descobrir-lhe os meandros do significado, penetrar-lhe as sutilezas do sentido e transformar toda esta pujança na expressão oral/escrita constitui para o Oficial um preceito como o são tantas outras prescrições que ele deve cumprir.
Toda palavra é uma decisão que, por ação ou configuração, age sobre o mundo; toda palavra arrancada a uma realidade, até então difusa, ao dar expressão a essa realidade, modifica também a sua projeção sobre a existência. Toda palavra é criadora num sentido autêntico e propriamente dito.
Desta realidade e do grande poder da linguagem deve o Oficial estar consciente, pois o ato de comandar está intimamente ligado ao uso da linguagem, porque falar e escrever é uma forma de comandar, uma maneira de exercer o poder. E quem sabe usar a linguagem de forma inteligente e a conhece profundamente na sua estrutura, com maior propriedade, saberá usar o poder que a mesma carrega.
Além disso, a própria natureza do trabalho que compete ao Oficial exige o domínio das formas de linguagem, do vocabulário, do arranjo das estruturas frasais. Escrever bem é labor árduo, trabalho penoso. O que escrever e como fazê-lo implicam esforço, empenho, tenacidade.
Usar a língua com propriedade confere ao Oficial lugar de destaque, permitindo-lhe interagir com seus componentes, ou seus subordinados, sempre em posição de elite.
(Lurdes Theresinha Rissi. In: Informativo CIANB, dez 1988 - com adaptações.)